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Por que alguns carregadores ficam muito quentes? É sinal de problema?

Carregador aqueceu demais? É hora de trocar - Karolina Grabowska/Pexels
Carregador aqueceu demais? É hora de trocar Imagem: Karolina Grabowska/Pexels

Felipe Mendes

Colaboração para Tilt

28/09/2022 04h00Atualizada em 28/09/2022 14h58

Você já foi desconectar o carregador de seu smartphone ou notebook e tomou um susto com a temperatura? Às vezes, ele fica tão quente que pode até causar preocupação: há algum risco de iniciar um incêndio?

Gerar calor é uma característica natural em produtos eletrônicos. No caso das fontes lineares, mais antigas, a principal "culpa" era do transformador, peça responsável por alterar o nível de tensão elétrica entre entrada e saída.

Mas hoje em dia, os aparelhos são menores e atuam com o que chamamos de fontes chaveadas. Essas fontes trabalham com uma frequência mais elevada, pegando os 60 Hertz (Hz) que chegam da rede elétrica e convertendo em corrente contínua.

De acordo com Ricardo Caranicola Caleffo, professor de engenharia eletrônica no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), essas fontes chaveadas chegam a trabalhar com até 17 mil Hertz.

"É como se fosse um motor funcionando em uma velocidade muito alta. Basicamente, os componentes eletrônicos envolvidos no chaveamento em frequências mais elevadas geram mais calor, fato que acaba esquentando os carregadores", explica.

Ainda assim, eles são projetados para que o aquecimento seja imperceptível. Se você consegue notar que ele está muito quente (ou quente com frequência), há algo de errado.

Segundo Caleffo, o principal motivo é o mau uso do produto. "Por exemplo, quando você coloca o carregador em um adaptador. Ou quando carrega o celular de uma marca no carregador de outra. Eles têm especificações diferentes para fornecer corrente."

O ideal é utilizar apenas a fonte que veio com o aparelho; ou se certificar de que o modelo que você está usando é aprovado para o celular ou laptop conectado.

Carregador quente pode prejudicar o aparelho?

Em teoria um carregador hiperaquecido deve continuar funcionando e não irá prejudicar o aparelho conectado. Acessórios desse tipo têm uma faixa máxima de trabalho: caso ultrapassem a temperatura considerada segura, eles simplesmente deixam de operar.

Com um carregador "pirata" ou não aprovado, já não há tanta certeza. "Não dá para saber se ele trabalha dentro dos 5 volts que normalmente são usados pelos cabos USB. Se for uma tensão acima do que pede o celular, pode danificar o aparelho. Se for abaixo, simplesmente não vai carregar direito", pondera Caleffo.

É perigoso?

Um carregador levemente quente não deve causar preocupação. Mas se estiver muito quente, com algum cheiro diferente ou com o cabo estiver desgastado, é hora de jogar fora e comprar um novo.

Apenas em casos extremos é possível que um defeito no carregador gere um incêndio. O maior risco está na rede de energia da residência, já que o superaquecimento pode chegar a provocar um curto-circuito.

"O perigo está muito mais aí do que no celular sendo alimentado. O aparelho costuma ter um circuito de proteção. O que pode acontecer, no máximo, é ele não carregar", explica o professor.

Alessandro de Oliveira Santos, também professor de engenharia elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia, levanta outra possibilidade (ainda que improvável).

"Se ele tiver um defeito que leve a uma falha de isolamento, o carregador pode, sim, atingir temperaturas tão altas que vão derreter o plástico e pegar fogo. Com certeza haveria energia suficiente para gerar um incêndio", alerta.

A recomendação é colocar o acessório em uma área que dissipe melhor o calor. "Não carregue o celular perto de materiais inflamáveis, roupas, cobertores, cama, etc. Evite deixar próximo de produtos que tenham tendência ao fogo", complementa Caleffo.

Além disso, o especialista alerta para que as pessoas evitem utilizar qualquer tipo de adaptador, como os famosos "Ts". Segundo ele, nenhum equipamento é projetado para utilizar esse tipo de apetrecho.