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Há um ano, primeiro turista ia ao espaço; quanto custa esse passeio hoje?

Tripulação do primeiro voo turístico da Virgin Galactic, em julho do ano passado - Reprodução/Virgin Galactic
Tripulação do primeiro voo turístico da Virgin Galactic, em julho do ano passado Imagem: Reprodução/Virgin Galactic

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

11/07/2022 04h00

A primeira viagem turística privada ao espaço está completando um ano nesta segunda-feira. Em 11 de julho de 2021, o bilionário Richard Branson chegou a 86 km de altitude, a bordo de um avião espacial da sua empresa, a Virgin Galactic.

O feito foi realizado dias antes de Jeff Bezos, fundador da Amazon, fazer algo parecido, concretizando o início da nova corrida espacial. Desde então, outras companhias fizeram suas aventuras espaciais para endinheirados que querem sentir o gostinho da microgravidade e ver a curvatura do planeta na escuridão do espaço.

No total, já são 39 turistas espaciais (astronautas e civis) desde a viagem de Branson, e este número tende a se multiplicar nos próximos anos.

Confira abaixo como foram as experiências de turismo espacial já realizadas e o que esperar do futuro.

Blue Origin de Jeff Bezos

Menos de uma semana depois da viagem de Branson, no dia 20 de julho, Jeff Bezos, na época homem mais rico do mundo, chegou ainda mais alto, 106 km acima de nosso planeta, em uma nave de sua empresa Blue Origin.

Foi um voo com tecnologia mais avançada, parecida com a utilizada pelos astronautas, envolvendo um foguete e uma cápsula.

De tão bem-sucedida, a Blue Origin já fez mais quatro passeios do tipo, em outubro/dezembro de 2021 e abril/junho deste ano, totalizando 25 passageiros.

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Jeff Bezos comemora sucesso do primeiro voo espacial turístico da Blue Origin, em pouso no deserto do Texas
Imagem: Reprodução

A viagem espacial dura "apenas" dez minutos. Ela chega a ultrapassar a chamada Linha de Karman (100 km acima do nível do mar, considerada por muitos especialistas a fronteira do espaço).

Os preços não são divulgados, mas estima-se que um assento possa custar entre zero e US$ 28 milhões (R$ 147 milhões, na conversão direta), dependendo do cliente — alguns passageiros ganham o lugar reservado para o turismo espacial. Outros, pagam mesmo.

Na última viagem feita, o engenheiro mineiro Victor Hespanha virou notícia. Ele se tornou a segunda pessoa nascida no Brasil a sair da Terra, depois do astronauta Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência e Tecnologia, que esteve na Estação Espacial Internacional (ISS) em 2006.

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Victor Hespanha, turista espacial da Blue Origin, à esquerda; e Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro formado pela Nasa, à direita
Imagem: CSA/Nasa

Ele ganhou a passagem em um sorteio, após investir em três NFTs (ativos digitais com registro de autenticidade), pelo custo de 0,25 Ethereum (uma criptomoeda), ou cerca de R$ 4 mil reais cada.

SpaceX

Em setembro do ano passado, aconteceu a primeira viagem totalmente civil à órbita da Terra: a missão Inspiration4, SpaceX, levou quatro pessoas comuns (não astronautas) em uma jornada de três dias ao redor da Terra.

Um ambicioso teste para a popularização do turismo espacial, em um voo autônomo sem piloto.

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Tripulação da missão Inspiration4, da SpaceX
Imagem: Divulgação/SpaceX

Axiom Space

Já em abril de 2022, foi a vez da viagem espacial mais completa até agora: três empresários e um ex-astronauta passaram 15 dias na ISS (Estação Espacial Internacional).

Um projeto da startup Axiom Space, em colaboração com a SpaceX, responsável pelo lançamento, e a Nasa, que foi paga pelo uso da estação. Cada passageiro desembolsou US$ 55 milhões (R$ 290 milhões na conversão direta) pelo assento.

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Cápsula Dragon Endeavour, da SpaceX, usada na missão Axiom 1, ficou acoplada ao módulo Harmony da ISS
Imagem: Divulgação/Nasa

E o futuro?

Quem quiser se candidatar — e acredita que tem dinheiro para isso — pode preencher os formulários da Blue Origin ou da Virgin Galactic para dar uma volta no espaço.

A empresa de Branson anunciou que irá retomar a venda de ingressos para voos suborbitais, por US$ 450 mil (cerca de R$ 2,4 milhões). Sua tecnologia menos ambiciosa, usando um avião de fuselagem dupla em vez de um foguete, é mais amigável — e barata — para o turismo.

A viagem no VSS Unity dura cerca de uma hora e meia, incluindo uns 5 minutos "sem peso" na borda do espaço — que a Nasa define começar aos 80km de altitude.

Outra iniciativa em desenvolvimento para promover o turismo espacial é o projeto Space Perspective. Ele pretende usar uma cápsula, içada por um balão do tamanho de um estádio de futebol, para chegar até o espaço. A ideia é permitir a visualização da curvatura da Terra. As passagens estão estimadas em US$ 125.000.

O bilionário japonês Yusaku Maezawa já anunciou também que pretende realizar uma viagem ao redor da Lua, provavelmente em 2023, a bordo de um foguete Starship, ainda em desenvolvimento. A missão é chamada de "dearMoon". E, neste caso, não levará turistas comuns.