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Pega na mentira! App dizia que usava IA... mas eram trabalhadores filipinos

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Imagem: iStock

Colaboração para Tilt

07/06/2022 11h30

Em alguns casos, a inteligência artificial é tão surpreendente que parece até uma "inteligência natural" mesmo. Mas, no caso do app Nate, realmente era! A startup foi flagrada em um escândalo ao prometer usar IA para ajudar seus clientes -- e na verdade usava mão-de-obra humana nas Filipinas.

Sediada em Londres e Nova York, essa fintech oferecia o cadastro automático do pagamento de clientes em compras online. Parecia um bom serviço, que economizava alguns minutos preciosos para seus usuários. Cada transação custava US$ 1.

O que ninguém imaginava é que não tinha robô nenhum: a Nate Tech contratava pessoas nas Filipinas para preencher tudo manualmente. A denúncia foi feita por duas fontes anônimas dentro da empresa para o site The Information.

As fontes estimam que, ao longo de 2021, entre 60 e 100% das transações foram feitas por pessoas.

Às vezes, o processo levava horas: o cliente finalizava o uso do app achando que a compra já estava efetivada, mas na verdade os funcionários ainda poderiam levar algum tempo até completar os formulários.

A questão é que a IA nem sempre conseguia driblar os bloqueadores de bots prentes nos sites de compras. Muitas vezes, ela não conseguia localizar certos botões, como o que acrescentava o produto ao carrinho.

O vale-compras da discórdia

Antes do esquema ser descoberto, a Nate conseguiu apoio financeiro de empresas como Coatue Management e Forerunner Ventures, que investiram mais de US$ 50 milhões, nos últimos dois anos. Segundo os informantes do The Information, a empresa não revelava a porção "humana" do seu modelo de negócios.

Ainda assim, a empresa amargou maus resultados ao longo do ano passado. Quando o total de transações chegou a apenas 100 por dia, o marketing decidiu lançar uma campanha que oferecia um vale-compras de US$ 50 em varejistas como Walmart e Best Buy para quem baixasse o app.

Na verdade, foi mais um desastre: o sistema não detectava quando uma mesma pessoa criava múltiplas compras para receber o voucher mais de uma vez. Subitamente, o volume de transações chegou a 10 mil por dia, sobrecarregando o "sistema" e causando prejuízo para a empresa e os parceiros.

Um porta-voz da Nate afirmou que "as acusações contra a tecnologia proprietária da empresa não tem qualquer fundamento."