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O que a Nasa espera descobrir com amostras da Lua de 50 anos

Cientistas manipulam amostra da Lua trazida à Terra pela missão Apollo 17, há 50 anos - ROBERT MARKOWITZ/NASA-JSC
Cientistas manipulam amostra da Lua trazida à Terra pela missão Apollo 17, há 50 anos Imagem: ROBERT MARKOWITZ/NASA-JSC

Ellen Alves

Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro

08/05/2022 04h00Atualizada em 09/05/2022 08h20

A missão Apollo 17 trouxe da Lua mais de 2 mil amostras de rocha espacial, e só agora, 50 anos após a expedição, a Nasa começou a analisar um dos tubos trazidos com o material. Entre os objetivos da pesquisa, estão a análise de pequenos compostos orgânicos voláteis e a compreensão do histórico dessas amostras.

Pesquisas anteriores encontraram aminoácidos em amostras lunares. Como moléculas do tipo são essenciais para a vida como a conhecemos na Terra, explorar isso pode ajudar os cientistas a entender melhor como a vida se originou aqui e se há vida em outras partes do sistema solar.

"Alguns dos aminoácidos nos solos lunares podem ter se formado a partir de moléculas precursoras, que são compostos menores e mais voláteis, como formaldeído ou cianeto de hidrogênio", afirma Jamie Elsila, pesquisadora do Laboratório Analítico de Astrobiologia Goddard, em comunicado ao site Space.

"Nosso objetivo de pesquisa é identificar e quantificar esses pequenos compostos orgânicos voláteis, bem como quaisquer aminoácidos, e usar os dados para entender a química orgânica da Lua", acrescenta.

Amostras como essas podem ajudar os cientistas a entenderem o histórico lunar, destaca Natalie Curran, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa de Gás Nobre do Atlântico em Goddard. O foco da cientista é explorar amostras lunares e descobrir o que os fragmentos sofreram ao longo do tempo.

"Nosso trabalho nos permite usar gases nobres, como argônio, hélio, neônio e xenônio, para medir por quanto tempo as amostras estiveram expostas à radiação cósmica, e isso pode nos ajudar a entender a história dessa amostra", disse Curran.

Como as amostras da Lua foram coletadas

Obter as amostras lunares foi um processo que levou alguns anos. A responsabilidade de conduzir os estudos é do programa da Nasa chamado ANGSA, sigla em inglês para "análise de amostras da próxima geração do Apollo".

Antes de partir para o laboratório Goddard, as amostras passaram por um processo minucioso.

A operação teve início em 2018 e desafios técnicos precisaram ser superados para que o material pudesse ser analisado ainda congeladas. "Isso foi visto como um treino para preparar uma instalação para o futuro processamento de amostras frias", disse Julie Mitchell, cientista e engenheira planetária da Nasa.

Para isso acontecer, a equipe precisou manipular o material lunar com luvas grossas em uma caixa transparente dentro de um freezer mantido a 20 graus Celsius negativos.

A Nasa pretende que esse trabalho ajude a aperfeiçoar técnicas de estudos de amostras lunares que retornarão à Terra com as missões Artemis, que levarão a primeira mulher à Lua.

"Ao fazer este trabalho, não estamos apenas facilitando a exploração de Artemis, mas estamos facilitando o retorno futuro de amostras e a exploração humana no resto do sistema solar", conclui Mitchell.