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iFood anuncia aumento a entregadores e diz que diminuirá seu lucro

Leonidas Santana/Getty Images
Imagem: Leonidas Santana/Getty Images

Lucas Carvalho

De Tilt, em São Paulo

18/03/2022 12h00

O iFood anunciou nesta sexta-feira (18) uma mudança na taxa de entrega repassada aos entregadores que fazem delivery de comida pelo app. A taxa mínima passa de R$ 5,31 para R$ 6, e o valor pago por quilômetro rodado aumenta 50%, de R$ 1 para R$ 1,50, segundo a empresa. O aumento nos valores passam a valer a partir de 2 de abril.

Com isso, os entregadores que antes recebiam pelo menos R$ 10 por uma entrega com distância de 10 km, agora receberão no mínimo R$ 15, por exemplo. Segundo o iFood, o reajuste será repassado integralmente aos parceiros e não haverá aumento na taxa paga pelos clientes, nem pelos estabelecimentos.

"Nesse momento, esse reajuste vai impactar apenas os custos daqui do iFood mesmo", diz Claudia Storch, diretora de logística da empresa, a Tilt. Em outras palavras, a companhia reduziu custos internos e vai abrir mão de uma parte dos seus ganhos para executar a mudança.

Ainda segundo Storch, o reajuste "não tem exatamente a ver" com o aumento no preço médio dos combustíveis no Brasil, mas sim com um longo processo de discussão com representantes de classe, que há tempos pediam uma melhor remuneração.

Os estudos para o aumento na taxa de entregas começaram no final do ano passado, após o 1º Fórum dos Entregadores, encontro realizado pelo iFood com parceiros de diferentes lugares do país. Na ocasião, a empresa divulgou uma carta em que assumia o compromisso de avaliar uma revisão da tarifa mínima e a possibilidade de implantação de um reajuste anual até março deste ano.

"Nós temos feito vários movimentos de escuta e projetos de melhoria na relação com os entregadores. Esse reajuste vem nessa linha", diz a executiva. "Os entregadores acham que a relação pode melhorar e o iFood concorda". Storch acrescenta que os entregadores já começaram a ser informados da mudança.

Sem concorrência

O reajuste nas taxas do iFood vem dias após o fim da operação do Uber Eats no Brasil, plataforma da Uber que intermediava delivery de comida e que agora é substituído pelo Cornershop, focado em entrega de compras maiores, de mercado e farmácia.

Com isso, o último concorrente mais expressivo do iFood em larga escala no Brasil é o Rappi, que move um processo contra o rival no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pedindo o fim dos contratos de exclusividade mantidos pelo líder do mercado com restaurantes.

O iFood também nega qualquer conexão entre a saída do Uber Eats e o aumento do pagamento aos entregadores. "Não há relação. O movimento feito hoje é fruto dessa relação construída e compromisso com a valorização desses profissionais", diz Storch.