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Não é culpa da SpaceX: restos de foguete chinês vão atingir Lua em março

Just_Super/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Just_Super/Getty Images/iStockphoto

Guilherme Tagiaroli

De Tilt*, em São Paulo

13/02/2022 13h11Atualizada em 13/02/2022 15h44

A SpaceX, empresa espacial do bilionário Elon Musk, é alvo de críticas por seus satélites atrapalharem observações astronômicas e, recentemente, passou a ser criticada, pois destroços de um foguete da companhia iria colidir com a Lua.

Novas observações informam, no entanto, que restos de um foguete chinês lançado em 2014 devem colidir com a Lua em 4 de março deste ano, e não restos de um foguete da SpaceX.

O pesquisador independente Bill Gray, astrônomo que descobriu inicialmente a suposta colisão do foguete da SpaceX com a Lua, divulgou neste sábado (12) um pedido de desculpas no site Project Pluto, software que desenvolve e que ajuda cientistas a observarem objetos espaciais ao redor da Terra.

Entendendo o contexto

No fim de janeiro, Bill Gray fez observações dando conta que restos do segundo estágio do foguete Falcon 9, da SpaceX, usado para impulsionar o Observatório Climático do Espaço Profundo dos EUA (DSCOVR, na sigla em inglês), estaria em rota de colisão com a Lua.

A empresa de Musk foi alvo de críticas por gerar lixo espacial e não controlá-lo. A China, por exemplo, tem um rover na superfície da Lua. Caso ele fosse atingido, o governo chinês poderia processar os EUA, responsável pela missão, por danos.

Novos cálculos feitos por Gray, no entanto, mostram que o que colidirá com a Lua são destroços de um foguete de longa marcha, da missão chinesa Chang'e 5-T1, lançada em outubro de 2014.

"Pensei que eram ou restos da [missão] DSCOVR ou alguns pedaços de dispositivos associados a ela", escreveu Gray neste sábado (12) no site do ProjectPluto. "Dados adicionais confirmaram que sim, o objeto WE0913A [como eram chamados os restos da Falcon 9] passaram pela Lua dois dias após o lançamento da DSCOVR".

Quem avisou Gray sobre o erro foi o engenheiro Jon Giorgini, do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato), da Nasa. Giorgini enviou um e-mail durante a manhã de sábado dizendo que a trajetória da DSCOVR não passava nem perto da Lua, e que seria estranho que houvesse este tipo de colisão.

Isso fez com que Gray buscasse outros possíveis objetos espaciais que poderiam atingir a Lua em março. Após pesquisas, concluiu que seriam restos de um foguete chinês.

"Estou convencido de que o objeto que vai atingir a Lua em 4 de março são destroços do foguete Chang'e 5-T1", escreveu.

A missão Chang'e 5-T1 foi lançada em 23 de outubro de 2014. O objetivo dela era fazer testes de cápsula de reentrada. Com o aprendizado desta missão, a China lançou em 2020 a Chang'e 5, que trouxe para a Terra amostras de solo lunar.

Apesar da confusão, Gray considera que é necessário ter maior transparência sobre os propulsores de foguete que ficam pelo espaço. Para ele, o ideal seria que houvesse uma forma de monitorar e identificar partes de foguetes que vão para o espaço profundo. Do jeito que é atualmente, "sempre e necessário fazer um trabalho de detetive para descobrir qual objeto está vagando".

*Com informações do Ars Technica