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Nasa: satélites Starlink podem impactar defesa da Terra contra asteroides

Lançamento de satélites da Starlink - Divulgação/SpaceX
Lançamento de satélites da Starlink Imagem: Divulgação/SpaceX

Barbara Mannara

Colaboração para Tilt*, no Rio de Janeiro

10/02/2022 16h05Atualizada em 14/02/2022 08h14

A Starlink, rede de satélites que promete oferecer internet rápida pela SpaceX, tem aumentado sua presença em diferentes países com constantes lançamentos das tecnologias ao espaço —recentemente, a empresa divulgou seus preços para o Brasil. A Nasa, no entanto, pede mais esclarecimentos sobre os planos da empresa do bilionário Elon Musk.

Em carta, a agência norte-americana diz que o congestionamento causado pelos satélites da Starlink pode aumentar o potencial de colisões no espaço e interferir a observação de asteroides.

O objetivo da empresa de Musk é ter mais milhares de satélites operando fora da Terra.

O que rolou?

Em 2018 a SpaceX, empresa aeroespacial responsável pelo lançamento dos satélites em questão, recebeu uma licença inicial da FCC (Federal Communications Commission), órgão de telecomunicação dos EUA análogo a Anatel, para o uso de 12 mil satélites.

Por enquanto, a Starlink opera com 1.469 satélites ativos e outros 272 movendo-se para órbitas operacionais, segundo um tuíte publicado no perfil de Musk em janeiro deste ano.

Em maio de 2020, a SpaceX abriu uma solicitação junto à FCC para operar a Gen2 (Geração 2), que envolve mais 30 mil satélites. Segundo o documento emitido pela empresa, mais de 85% desse sistema vai operar em altitudes baixas — abaixo de 400 km.

A constelação de satélites Gen2 que a SpaceX propõe promete aumentar substancialmente a capacidade do serviço e expandir seu leque de consumidores, mesmo em áreas rurais e remotas, com acesso à banda larga robusta.

Os satélites da Starlink atuam em órbita baixa para promoverem conexão de internet banda larga rápida — com download esperado entre 100 Mb/s (Megabits por segundo) e 200 Mb/s — e de baixa latência (tempo rápido de transmissão de dados) com acesso em todo o globo.

E o que a Nasa teme?

Diante do ambicioso objetivo da Starlink, a agência espacial dos EUA pede uma análise detalhada do pedido de licença da SpaceX.

A questão é o "potencial aumento de eventos de conjunção e possíveis impactos nas missões científicas e de voos espaciais tripulados da Nasa", de acordo com uma carta registrada pela Nasa na última terça-feira (8) e Samantha Fonder, representante da agência no FCC.

A operação de satélites em órbita baixa já está ficando superlotado, ressalta a Nasa. Atualmente existem 6.100 objetos — de empresas e governos — entre satélites e equipamentos espaciais rastreados nesse tipo de altitude.

A Nasa afirma que a nova frota de satélites Starlink Gen2 geraria um aumento de cinco vezes no número de objetos rastreados. Além disso, dobraria o número deles na órbita geral para cerca de 50 mil.

Risco de colisão e impacto em asteroides

A Nasa também sinalizou os riscos para suas missões científicas, já que os satélites SpaceX podem interferir nos satélites da própria agência — que registram dados espaciais importantes, que inclui a defesa da Terra contra asteroides.

Trilha de satélites Starlink no céu - Reprodução - Reprodução
Trilha de satélites Starlink no céu
Imagem: Reprodução

Em sua defesa, a SpaceX afirma em seu documento de solicitação para a FCC que há "risco zero" de colisões de um satélite Starlink com objetos grandes. Isso por conta da navegação de manobra avançada, que permite desviar de forma efetiva. No entanto, esse é também um dos pontos questionados pela Nasa.

"Considerando várias constelações independentes de dezenas de milhares de naves espaciais e o aumento esperado no número de encontros próximos ao longo do tempo, a suposição de risco zero do ponto de vista do nível do sistema carece de comprovação estatística", diz o documento.

Para completar, a SpaceX já tem um histórico de queixas. Em 2021 a China emitiu uma reclamação às Nações Unidas sobre dois satélites da SpaceX que passaram perto demais da sua estação espacial Tiangong, em uma "quase colisão".

Alegando ser uma ação de segurança, a China Space Station implementou um controle de prevenção de colisão mais efetivo em 2021.

*Com informações do Business Insider