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Huawei não participa de leilão 5G no Brasil; entenda o que rolou

Huawei é lider mundial em patentes 5G - lcva2/Getty Images
Huawei é lider mundial em patentes 5G Imagem: lcva2/Getty Images

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

04/11/2021 18h14Atualizada em 05/11/2021 08h37

Líder mundial em patentes do 5G, a chinesa Huawei não participou do leilão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para exploração do serviço no Brasil. O motivo é simples: o leilão é destinado a operadoras de telefonia, e a Huawei é fornecedora de equipamentos de infraestrutura para empresas. Por não ser uma operadora, não apresentou propostas, e por isso não se credenciou para o leilão.

A não participação da gigante de infraestrutura de telecomunicações chinesa chegou a chamar atenção de internautas que notaram a ausência durante o certame que iniciou na manhã desta quinta-feira (4).

Nesse leilão, entraram apenas operadoras de telefonia, como Claro, Vivo e Tim. A gigante chinesa só poderia participar se mudasse sua área de atuação no mercado, como algumas concorrentes regionais fizeram.

Ainda dentro do 5G, a Huawei pode, no entanto, vender equipamentos para as operadoras que arrematarem lotes da tecnologia. Houve rumores de que o edital do leilão pudesse proibir a participação de operadoras que tivessem contratos com companhias chinesas, mas isso não ocorreu.

O que rolou com a Huawei?

A "treta" entre a empresa chinesa e o 5G é resultado de uma disputa de mercado entre a fornecedora de tecnologia e provedores dos Estados Unidos, algo que iniciou ainda durante o governo Donald Trump.

A Huawei sofreu uma série de acusações de espionagem, o que nunca foi provado e acentuado em razão de uma "guerra ideológica" contra o governo chinês. Isso se intensificou a partir de 2019, quando o governo Trump aplicou sanções à empresa.

Isso refletiu em outros países. Sob pressão Washington, por exemplo, Reino Unido e Austrália decidiram excluir a Huawei de seu mercado de rede 5G.

A relação conturbada entre a diplomacia norte-americana e a Huawei chegou a ser endossada pelo presidente Jair Bolsonaro, que também se alinhou a Trump e fez críticas à empresa.

As próprias empresas de telecomunicações do Brasil insistiram em um mercado livre, reclamando que excluir a Huawei custaria bilhões de dólares para substituir o equipamento da empresa chinesa que fornece 50% das atuais redes 3G e 4G.

Com as regras do leilão do 5G no Brasil desenhadas, o governo contornou a situação: inventou a exigência de uma rede 5G privativa, separada da internet móvel "normal" que a população vai usar, só para as comunicações do governo federal.

A mudança de rumo seria um efeito tanto da troca de presidência nos EUA —saiu Donald Trump, entrou Joe Biden— quanto da nova necessidade do Brasil em melhorar a diplomacia com a China para obter mais insumos para as vacinas contra a covid-19.

As operadoras Claro, Vivo e Tim arremataram, cada uma, um lote da faixa nacional de 3,5 GHz, a mais concorrida do 5G no Brasil. Com ofertas de R$ 338 milhões, R$ 420 milhões e R$ 351 milhões, respectivamente.

*Com informações de Guilherme Tagiaroli e das agências Reuters e Estadão Conteúdo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que uma versão anterior deste texto parecia sugerir, no primeiro parágrafo, a Huawei não participou do leilão do 5G simplesmente por não ter motivo para participar. O leilão é destinado a operadoras de telefonia, e a Huawei é uma fornecedora de equipamentos de infraestrutura. O erro foi corrigido.