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Não caia em fake news: entenda a contagem de voto na urna e a nuvem nisso

Antonio Augusto/Ascom/TSE
Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE

De Tilt, em São Paulo

04/07/2021 04h00

A urna eletrônica é usada no Brasil desde 1996, portanto há 25 anos. Mesmo assim há ainda dúvidas sobre o funcionamento dela e o processo de contagem de votos.

Posicionamentos públicos como o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que acusa o sistema eleitoral brasileiro de ser "fraudável", como disse na última quinta (1º), só contribuem para o aumento da desinformação, uma vez que não há provas de que as urnas eletrônicas tenham sido violadas em eleições anteriores de modo a apresentar resultados manipulados.

De acordo com registros históricos e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o processamento e contagem de votos no Brasil passam por várias etapas de segurança. Não há registros oficiais de problemas relacionados à violação de dados. A apuração dos votos também é rápida— geralmente, no mesmo dia já se sabe quem venceu o pleito.

Tem cálculo de votos na nuvem? Dá para invadir a urna pela internet? Diante de dúvidas como essas, Tilt resolveu explicar como funciona o processo.

Como o voto é registrado?

Ao comparecer à sua zona eleitoral, é feita uma espécie de chamada, como a dos tempos de escola, para identificar que você está votando. Na sequência, urna eletrônica é liberada.

Você, então, tecla seus votos, e eles são registrados de forma embaralhada e criptografada. Dessa forma, não dá para saber em qual candidato determinado eleitor votou.

Votei e agora? Para onde vai meu voto?

Com o fim do horário de votação, geralmente às 18h (horário de Brasília), é removido um pen drive (ou mídia de resultado, como é conhecido oficialmente) da urna com as informações embaralhadas e criptografadas.

Esses dados são enviados por meio de uma VPN (uma rede privada virtual) do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que é uma espécie de túnel de navegação seguro na internet que a gente navega.

Este processo é feito no próprio local de votação, em um cartório eleitoral ou em TREs (Tribunal Regional Eleitoral).

Vale ressaltar que no início e no fim da votação, fiscais dos partidos e mesários acompanham a emissão da zerésima (documento que indica que não há votos na urna no início do pleito) e de um outro documento, no fim do processo, que mostra os votos já computados naquela seção eleitoral. Este último ajuda partidos a verificarem se houve algum tipo de problema na transmissão.

A urna não conta com conexão à internet. O único cabo ligado a ela é o de energia elétrica.

Como os votos são somados?

Antes de explicar como é atualmente, vale explicar como era antes.

Até 2018, os dados contidos nos pen drives com os votos eram transmitidos para o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de cada estado, que somava os resultados e depois repassava para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Após uma análise da Polícia Federal, que sugeria mudanças para tornar a contagem mais segura, o processo mudou. Os dados dos pen drives são enviados diretamente para o TSE por meio de uma VPN (um "túnel" de conexão segura pela internet) e processados lá. A centralização dos dados foi posta em prática pela primeira vez nas eleições de 2020.

Na ocasião, o órgão que fiscaliza as eleições no Brasil contratou os serviços de um supercomputador da Oracle para reunir votos das eleições de prefeitos e vereadores de todo o país. Houve um travamento no equipamento (que não foi testado de forma apropriada antes das eleições), e o resultado do 1º turno demorou mais que o normal para ser divulgado.

Os dados não são calculados na nuvem (que é uma forma de denominar a internet aberta), são transmitidos por uma rede privada e calculados no supercomputador, que fica nas instalações físicas do TSE, em Brasília.

À época, a Polícia Federal argumentou que a mudança foi uma forma de diminuir pontos de risco em que o processamento de dados poderia ser comprometido. Antes havia 27 pontos (26 estados + Distrito Federal). Com a centralização, só há um ponto de vulnerabilidade.