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Startup usa IA e edita genes para criar pão gostoso para alérgicos a glúten

cottonbro/ Pexels
Imagem: cottonbro/ Pexels

Bárbara Therrie

Colaboração para Tilt

04/02/2021 04h00

Para muita gente, pão sem glúten não costuma ter um sabor dos mais agradáveis. Há quem diga que ele é mais rançoso e seco, por exemplo. Mas essa situação está para mudar. A startup israelense Ukko está trabalhando em um trigo para pessoas sensíveis ou com intolerância ao glúten que também possam agradar ao paladar.

Ela usa inteligência artificial para descobrir quais proteínas do glúten estão ativando o sistema imunológico. Uma vez identificadas, a startup trabalha com a técnica de edição genética Crispr para eliminar essas proteínas e vender alimentos sem elas. "Teremos um glúten que é funcional e maravilhoso, mas que não aciona o sistema imunológico", diz Anat Binur, chefe e fundadora da Ukko.

A ideia de remover o glúten nos alimentos por meio da edição de genes não é inédita. Em 2019, pesquisadores da Universidade Wageningen, na Holanda, divulgaram o conceito após um estudo em que removeram uma família inteira de proteínas para evitar reações alérgicas.

Iniciativas como a da startup são importantes levando em conta que a doença celíaca (reação exagerada do sistema imunológico ao glúten) atinge 1% da população mundial, segundo estudos internacionais. No Brasil, a doença pode afetar cerca de 2 milhões de pessoas, sendo que muitas delas podem não ter sido diagnosticadas ainda.

Pílula contra alergia ao amendoim

A ações da Ukko não param no trigo não alergênico. A empresa quer estender o conceito para desenvolver uma pílula antialérgica ao amendoim editando a proteína ofensiva ao sistema imunológico. Recentemente a startup arrecadou US$ 40 milhões (cerca de R$ 217 milhões) para desenvolver essa linha de pesquisa terapêutica.

Atualmente, o tratamento mais comum usado em pacientes que têm alergia ao amendoim é evitar consumi-lo ou introduzir pequenas quantidades do alimento na dieta e aumentar a exposição com o tempo, promovendo a dessensibilização do corpo ao amendoim.

No ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, aprovou o primeiro pó para alergia ao amendoim. Com a criação da pílula antialérgica da Ukko, a tendência é diminuir o risco de uma reação alérgica e, consequentemente, reduzir o perigo à saúde. Só nos EUA, são 6,1 milhões de pessoas alérgicas ao amendoim.