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Cadê Palestina no Google Maps? Polêmica antiga ressurge nas redes sociais

Manifestante com bandeira da Palestina na fronteira com a Faixa de Gaza - Abu Mustafa/Reuters
Manifestante com bandeira da Palestina na fronteira com a Faixa de Gaza Imagem: Abu Mustafa/Reuters

Mirthyani Bezerra

Colaboração para Tilt

16/07/2020 16h36

Uma postagem feita na página da Embaixada do Estado da Palestina no Facebook, e replicada por usuários no Twitter, reacendeu uma polêmica antiga que acusa o Google Maps de ter retirado a Palestina do mapa.

No post feito na tarde de quarta-feira (15), a embaixada diz que a região da Gaza é "mencionada e marcada", mas que onde havia Palestina agora é uma parte da "Grande Israel", acusando a empresa de fazer parte da estratégia de "colonização EUA/Israel".

"Táticas de roubo de terras que serviram tão bem aos EUA na eliminação de seus povos indígenas foram repetidas no Oriente Médio", diz o texto, que foi removido da página na tarde desta quinta (16).

Post da Embaixada da Palestina em Brasília critica ausência do território no Google Maps - Reprodução - Reprodução
Post da Embaixada da Palestina em Brasília critica ausência do território no Google Maps
Imagem: Reprodução

Uma postagem de Andreza Delgado, criadora do evento de cultura pop Perifacon e colunista do UOL, também destacou o assunto. "Real, eu fui no Google Maps e a Palestina não aparece mais e tem essa mensagem de indisponível no mapa", diz o tuíte, que teve mais de 4.000 curtidas.

Essa treta envolvendo o Google Maps está longe de ser novidade. Em 2016, a polêmica foi tão pesada que se popularizou a hashtag #PalestineIsHere (a Palestina é aqui, em tradução livre), e teve até uma petição online para incluir o nome no mapa, com mais de 250 mil assinaturas.

A petição dizia que o reconhecimento da Palestina pelo Google poderia ser mais importante do que o reconhecimento do Estado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

O Google se defendeu alegando que nunca havia identificado a Palestina pelo nome e que um erro havia apagado as etiquetas Cisjordânia e Faixa de Gaza, o que foi corrigido ainda em 2016, segundo a empresa.

Tilt entrou em contato novamente com o Google para repercutir a volta da polêmica de 2016 e a empresa reafirmou a explicação que já havia dado à época. Segundo o Google, o Maps se baseia em definições da ONU para delimitar territórios em seus mapas, mais especificamente do UNGEGN (Grupo de Peritos em Nomes Geográficos das Nações Unidas).

Reconhecida por 138 países no mundo e considerada um Estado observador não membro na ONU, a Palestina de fato não tem seu nome no Google Maps.

O que encontramos

Mapa de Gaza pelo Google Maps - Reprodução/Google Maps - Reprodução/Google Maps
Mapa de Gaza pelo Google Maps
Imagem: Reprodução/Google Maps

A reportagem acessou o Maps e verificou os nomes dos territórios da Cisjordânia e Gaza, ambos demarcados com uma linha tracejada, usada pela plataforma para indicar limites territoriais em disputa. Quando se trata de áreas não disputadas, a linha é cinza e sólida. Ao aproximar a imagem, aparece no contorno da linha a frase "1950 - linha do acordo de armistício".

A página ainda dá as seguintes informações sobre Gaza, tendo o Wikipédia como fonte: "Gaza, também conhecida como Cidade de Gaza, é uma cidade palestina localizada na Faixa de Gaza, com uma população de cerca de 590.481 habitantes, o que a torna a maior cidade dos territórios palestinos".