Topo

Sucesso de Nicolino prova a versatilidade dos narradores de eSports

Nicolino, caster de esportes eletrônicos - Bruno Alvares/Riot Games
Nicolino, caster de esportes eletrônicos Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Colunista do UOL

16/12/2020 09h00

Um dos maiores trunfos na profissão do narrador é a flexibilidade e a capacidade de adaptação diante de diversas modalidades —que o diga o grande Everaldo Marques, hoje na Globo, com mais de 60 esportes diferentes em seu currículo. No esporte eletrônico, embora seja muito mais comum a especialização em um determinado game, também há quem passeie por diversas áreas e se mostre à vontade em jogos extremamente diferentes, tanto para o profissional, quanto para o espectador.

Vencedor do Prêmio eSports Brasil na categoria Melhor Caster, Nicolas "Nicolino" Emerenciano é um bom exemplo disso. Sem qualquer barreira sobre o estilo de game, o profissional de 28 anos já passou por League of Legends, Clash Royale, Counter-Strike, Fortnite, FIFA, PUBG, Free Fire, Pro Evolution Soccer, Free Fire, Mortal Kombat, Rocket League, Street Fighter e VALORANT. Até no futebol "de verdade" ele já se aventurou.

"Como narrador, eu nunca aprofundei muito no detalhe técnico do jogo, sempre acabo deixando essa função mais pro comentarista, pra trabalhar como se eu fosse um espectador, fazendo uma pergunta de quem quer aprender sobre o jogo", conta Nicolino ao GGWP.

"Sempre acabo aprendendo realmente muito em transmissões. Eu tento me envolver com a comunidade, com os jogadores pra poder perguntar coisas e pegar informações, e busco sempre saber pelo menos o básico pra intermediário sobre o jogo, que normalmente aprendo mais jogando do que efetivamente sentando pra estudar", explica ele.

Nicolino e Letícia Motta First Strike Valorant - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Nicolino e Letícia Motta durante transmissão do torneio First Strike, de Valorant
Imagem: Divulgação/Riot Games

Como narrador, eu nunca aprofundei muito no detalhe técnico do jogo, sempre acabo deixando essa função mais pro comentarista, pra trabalhar como se eu fosse um espectador
Nicolino, caster de eSports

"Não sei se existe certo e errado, mas também acredito que existam pessoas que só estudando vão aprender bastante sobre o jogo e conseguir narrar, mas eu acho que nessa hora a prática funciona muito mais, pelo menos pra mim", completou o caster.

Quem também desenvolveu por três anos o trabalho de narrador "freelancer" foi Ricardo "qeP" Fugi, que ficou marcado pelas passagens no CS:GO, no Rainbow Six Siege, no PUBG e no Free Fire. Na função, o profissional acredita que há a necessidade de preencher tanto lacunas de conhecimento quanto mostrar personalidade para ser versátil em tempo integral.

"Acho que o conhecimento mínimo é necessário pra você passar para os telespectadores, mas tem muito narrador que vai no feeling, e não no conhecimento. Confesso que cheguei a narrar jogo onde não tinha nem padrão ainda pra narração no Brasil. Hoje em dia, com os profissionais se especificando em cada jogo, o preparo se torna fundamental pra uma boa narração", disse ao GGWP.

Nesta semana, vimos dois dos principais nomes do cenário competitivo de League of Legends, responsáveis por formar o alicerce e ajudar a construir o que hoje é o game no país, se transferirem para outro título.

Guilherme "Tixinha" e Gustavo "Melão" anunciaram que farão parte do grupo de casters do Valorant em 2021, passando de um MOBA a um FPS - gênero, este, no qual ambos já trabalharam. Quanto mais completo o profissional, maior o campo de trabalho e as oportunidades que podem aparecer.

O desafio dos casters no dia a dia é grande. Dedicar-se totalmente a um jogo, de forma exclusiva, consumindo e criando conteúdo dele o tempo inteiro, ou optar pela versatilidade e ampliar o próprio campo? Não há uma fórmula certa, mas é raro ver nomes que sejam fixados única e exclusivamente em um só game. Não só por fatores que envolvem mercado de trabalho, mas também pela alta chance de chegar a um limite no que diz respeito a ter todos os dias o mesmo desafio, sem grandes novidades.

Ao contrário das modalidades tradicionais, os eSports se renovam ano após ano. À exceção de alguns títulos, que permanecem em alta e seguem crescendo temporada após temporada, o que foi tendência em 2020 pode já não ser mais em 2021. Da mesma forma que vemos pro players migrando entre games, também é natural que narradores e comentaristas o façam. Basta estudo, dedicação e atenção máxima à comunidade em questão, uma vez que todas têm suas próprias peculiaridades e preferências.

Tixinha Bida Spacca First Strike Valorant - Divulgação/Riot Games - Divulgação/Riot Games
Tixinha, Bida e Spacca em transmissão do First Strike, torneio de Valorant
Imagem: Divulgação/Riot Games