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Edu Sterblitch faz Sessão da Tarde de qualidade em comédia em Orlando

"Dois É Demais em Orlando", novo filme com Eduardo Sterblitch, é um filme "bem Sessão da Tarde". O que não é de forma alguma uma crítica negativa: com qualidade de direção e bom elenco, a comédia traz a leveza e a despretensão de uma produção que poderia ser pensada especificamente para as tardes da Globo. Nem todo filme, afinal, precisa mudar os rumos do cinema nacional.

Dirigido por Rodrigo Van Der Put ("Juntos e Enrolados"), o longa traz Sterblitch como João, editor de vídeos que sonha em passar as férias nos parques da Universal, em Orlando, na Flórida (EUA). Seus planos mudam de figura quando sua chefe, vivida por Luana Martau, pede para que ele leve junto o filho dela, Carlos Alberto —papel de Pedro Burgarelli. A dupla improvável demonstra química e se complementa a todo o tempo nas piadas.

'Dois É Demais em Orlando' foi gravado nos parques de diversões da Universal
'Dois É Demais em Orlando' foi gravado nos parques de diversões da Universal Imagem: Divulgação

O humor peculiar de Sterblitch, combustível para sua fama, nasceu da comédia escrachada do Pânico. Em "Dois É Demais", no entanto, ele mostra destreza sem perder sua essência. É uma atuação orgânica e divertida, temperada com momentos do seu já conhecido humor físico.

Seu contraponto é o jovem Pedro Burgarelli. Com apenas 14 anos, ele mostra que a sua pouca experiência não é empecilho para uma boa atuação —especialmente nos (poucos e bons) momentos dramáticos.

Esse equilíbrio por vezes desacelera o ritmo do longa. Cada intervenção dramática, como as sequências mais focadas na família de Carlos Alberto, deixa o conjunto perigosamente piegas. A comédia recoloca o filme nos trilhos, em especial as interações de Sterblitch com Anderson Cabelo, um dentista esquisito de manias peculiares, interpretado por Daniel Furlan.

Filmado ao longo de 45 dias em três diferentes parques da Universal, "Dois É Demais em Orlando" funciona como uma propaganda bem-feita de uma horinha e meia sobre as maravilhas de viajar aos Estados Unidos e se jogar nos brinquedos. Isso não é demérito, já que o passe livre permitiu que algumas atrações, como a montanha-russa Velocicoaster, se tornasse outro personagem.

O resultado é uma sensação de estar nos parques vivendo a experiência, mesmo que limitada pelos paredes da sala de cinema. Mas está valendo. Para quem conhece e gosta, o sentimento é de saudade. Para quem sonha em estar lá, é um combustível. Sonhar, claro, traz leveza e conforto. Como uma boa Sessão da Tarde.

Opinião

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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