Vingança, amor e malandragem: Parte 2 de 'Lupin' celebra desvio moral
A vida não é justa, isso eu e você sabemos. Mas, se tivermos as ferramentas certas, podemos torná-la um pouco mais tragável.
'Lupin', que estreia sua segunda parte na Netflix amanhã (11), é um ótimo exemplo de que ainda resta um pouco de esperança.
Na segunda parte da série francesa que virou febre em todo mundo, o ódio e a vingança se tornaram os melhores combustíveis de Assane Diop (Omar Sy) para vingar a morte do seu pai, Babakar, acusado injustamente do roubo de uma joia valiosa por seu patrão, Hubert Pellegrini (Hervé Pierre).
Durante a saga, o protagonista se vê no dilema entre dar todo o amor que seu filho, Raoul, merece enquanto dedica todo seu tempo em busca de justiça pelo pai. Tudo isso, num país que dificulta —e muito— a vida de pessoas negras com ascendência africana.
Mas, com uma boa dose de sagacidade, Assane mostra que ter princípios, por mais que sejam conflitantes com a moral vigente, sempre vale a pena no final.
Atenção:
Daqui em diante esse texto entregará alguns spoilers.
Um homem de família
Refrescando sua memória, a primeira parte de "Lupin" terminou com o sequestro de Raoul por um dos capangas de Hubert Pellegrini. A segunda parte retoma exatamente nesse ponto.
E essa questão fala sobre algo que ficará marcado durante boa parte dos primeiros episódios da sequência: como Assane pode continuar sua obsessão por justiça sem comprometer sua relação com Raoul, que vira alvo do seu algoz?
Em dado momento, quando a coisa entra num beco sem saída, o protagonista pergunta para o filho se deve ou não seguir com o seu objetivo pessoal, tentando convencer o filho de que sua missão com seu pai é uma questão de honra.
Além disso, Assane tem que lidar com Claire (Ludivine Sagnier). A mãe do seu filho já sofreu bastante com seus xavecos e tenta evitar que Raoul se decepcione com o pai e sua falta de responsabilidade afetiva.
Pitadas de discussão racial e imigração
Splash conversou com o diretor George Kay e Osmar Sy sobre a discussão racial presente na série. Ambos reforçaram que "Lupin" tem a função de entreter e que as discussões raciais são uma ferramenta, não a pauta obra em si.
Podemos dizer que o roteiro abriu a caixa de ferramentas na segunda parte. Durante os cinco episódios, temos casos onde o racismo fica um pouco mais subjetivo e casos explícitos. Num deles, Assane, na sua versão "jovem", chama um vendedor de racista por se recusar a vender um instrumento musical.
Omar disse que só de ter um protagonista negro numa série francesa é algo a se destacar. Mas a maneira como "Lupin" trata a discussão racial na França engrandece a série, sem torná-la uma referência política audiovisual sobre imigração e colonização.
"Quem confia em polícia? Eu não sou louco!"
As relações amorosas de Assane se tornaram uma verdadeira confusão, sendo até difícil distinguir quem realmente tem a preferência do nosso bon-vivant: Claire ou Juliette Pellegrini (Clotilde Hesme), filha de Hubert.
Já a relação com a polícia não tem nada de turvo: é bem claro que o protagonista não gosta da instituição. Youssef Guedira (Soufiane Guerrab), o detetive que saca a inspiração do protagonista no personagem literário Lupin, até vira uma espécie de parceiro dentro do sistema, mas é sí.
No decorrer da segunda parte, quando as denúncias de crimes relacionados a Hubert Pellegrini vão se avolumando e sua interferência nas investigações vão ficando evidentes, Assane vira quase um coringa, que tem a polícia como uma parceira e inimiga.
O errado que faz certo
Assim como na primeira parte, Assane sempre estará na corda bamba. Inclusive em momentos do passado, quando suas malandragens nem sempre terminaram de forma bem-sucedida.
Talvez esse seja um dos principais charmes da série. O protagonista furta, invade casa alheia, coloca a família em risco, mas por um propósito nobre: vingar a morte do pai que foi acusado injustamente de um roubo.
É quase impossível não torcer para esse herói imperfeito.
E para quem gostou da série, fica o recado sobre a parte três —que já está garantida:
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.