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'Legião não é banda de um homem só', rebate Bonfá sobre processo na Justiça

Marcelo Bonfá, baterista da banda Legião Urbana - Reprodução/Instagram
Marcelo Bonfá, baterista da banda Legião Urbana Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

27/05/2021 09h53Atualizada em 27/05/2021 16h51

Baterista do Legião urbana, Marcelo Bonfá rebateu o advogado do filho de Renato Russo nas redes sociais sobre o processo no STJ (Superior Tribunal de Justiça) envolvendo o uso do nome da banda.

O julgamento está paralisado desde abril após o ministro Antonio Carlos Ferreira pedir vista para analisar o processo. O STJ deve retomar a discussão nas próximas semanas.

Bonfá rebateu o advogado de Giuliano Manfredini — que afirmou à revista Veja que "uma banda que não se apresenta com Renato Russo não é a Legião Urbana, essa é a posição da empresa e do controlador dela".

Fizemos uma tour comemorativa de 30 anos de nosso primeiro álbum intitulado Legião Urbana, tocando na íntegra o nosso repertório deste disco. Disco inclusive que foi usado pela banda em 1987 para registrar o nome no INPI na defensiva de outro oportunista antes de nós. Giuliano quer o resultado financeiro desta tour e de outra tour intitulada "Dado e Bonfá tocam "Dois" e "Que país é esse", alegando supostamente que estes nomes são dele também. Em todos os dois casos não há alusão nenhuma a um retorno da banda e as "marcas" usadas é como citação indissociável às nossas vidas, pessoas e legados indiscutivelmente construídos por nós

No seu Instagram, ele disse que a banda não era formada apenas por Renato Russo, pai de Giuliano.

A Legião Urbana, antes de mais nada, é um grupo musical de músicos e compositores que têm contratos assinados numa gravadora como um grupo musical e o disco intitulado 'Legião Urbana' é direito autoral nosso, já que se refere às composições nossas e tem a nossa imagem estampada na capa, imagem que carrega nossa postura ética ligada ao trabalho do grupo, inclusive nas letras criadas sempre na maioria das vezes sobre as bases instrumentais tecidas por nós. A Legião Urbana não é um livro de poesias na estante, não é uma banda de um homem só e todo o seu valor foi construído pelo grupo e que hoje em razão deste valor é pleiteado como 'marca' de forma monopolista pela empresa Legião Urbana Produções.

No início do mês, Dado Villa-Lobos, que está envolvido no processo, disse que o caso de Giuliano era de "psiquiatra". Dado afirmou que tem intenção de homenagear a banda histórica — e não se apropriar de direitos autorais.

Bonfá reforçou a declaração:

Ela [empresa] quer se beneficiar de nossa imagem e obra e patrimônio imaterial. As empresas constituídas nunca tiveram outra finalidade a não ser lidar com a situação contábil ligada aos resultados originados pelo trabalho do grupo. Giuliano e seus advogados dizem que Dado e Bonfá induziram ao erro as pessoas que estavam indo a um show da Legião Urbana e se deparam com Dado e Bonfá e banda. O nome da tour é claro.'Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá TOCAM Legião Urbana'. Basta saber ler e discernir. No entanto, o que o houve, na verdade, é que 400.000 pessoas que nos viram juntos nos palcos, após 20 anos que estávamos separados, evocaram a Legião Urbana.

Entenda o caso

O motivo da disputa é antigo. Segundo Dado e Bonfá, ainda na fase de estruturação da banda, os contadores aconselharam que cada um abrisse uma empresa em seu nome — que teria os outros integrantes como sócios minoritários. Em dado momento, a banda precisou reaver o direito de usar o nome Legião Urbana no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e usou a empresa que estava no nome de Renato Russo para isso, a Legião Urbana Produções Artísticas Ltda. Dessa forma, ainda que os lucros fossem divididos igualmente entre o trio, a banda ficou registrada no nome do cantor — que morreu em decorrência de complicações da Aids em 1996.

Em outra ação atrelada a essa, Giulian Manfredini busca ter acesso aos contratos e receber um terço das receitas das turnês que a dupla fez cantando músicas da Legião Urbana.

Dado e Bonfá, por sua vez, argumentam que fizeram questão de reforçar a ideia de que não são a Legião Urbana, uma vez que a banda acabou com a morte de Renato.

Juntos, eles fizeram turnês comemorando o lançamento dos álbuns da banda e cantando suas músicas. São elas: "Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocam 'Legião Urbana' [o primeiro álbum da banda] 30 anos" e "Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocam 'Dois' e 'Que País É Esse'".