Roberto Sadovski

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Opinião

'Imaginário' é mais um terror que esqueceu de incluir sustos na mistura

Já passou da hora de eu incluir aqui na coluna a seção "terror sem sustos da semana". A produção do gênero no mundo é assombrosa, mas anda cada vez mais difícil esbarrar num exemplar que cumpra sua premissa: meter medo. "Imaginário - Brinquedo Diabólico" é mais um na longa lista de conceitos bacanas que fracassam como produto completo.

A ideia do roteirista e diretor Jeff Wadlow ("Kick-Ass 2", "Verdade ou Desafio") sugere que amigos imaginários são entidades que se conectam a uma criança e que, dadas as circunstâncias, podem se tornar agressivos ao ser abandonados quando os pequenos crescem.

Uma dessas crianças é Jessica (DeWanda Wise), autora de livros infantis. Casada com um músico, e madrasta de suas duas filhas, ela leva a família para morar na casa onde passou a infância, e de onde foi levada quando seu pai teve um surto e a agrediu. Enquanto a adolescente Taylor (Taegen Burns) mantém Jessica à distância, a mais nova, Alice (Pyper Braun) cria uma conexão. Até que a garota encontra um urso de pelúcia no porão, que ela chama de Chauncey.

Não existe um fio de cabelo original em "Imaginário", e a sucessão de situações mais batidas que lutador de MMA eliminam qualquer possibilidade de suspense. A dependência de Alice em seu novo amigo peludo preocupa Jessica, que aos poucos descobre algumas verdades sobre o seu próprio passado. Não falta aqui a vizinha mais velha (Betty Buckley) com todas as respostas e um clímax emprestado da série "Sobrenatural", com direito a mundo paralelo e portais mágicos surrupiados de "O Labirinto do Fauno".

Nada, no entanto, faz o pulso acelerar. Quando mais "Imaginário" mergulha em seus mistérios, mais ele derrapa entre o thriller psicológico e o filme de monstro. Wadlow é incapaz de manter foco, é péssimo em dirigir seu elenco (uniformemente péssimo) além de caras e bocas e não se decide sequer sobre qual visual seu monstro terá.

A boa notícia é que "Imaginário" promete uma vida curta (porém lucrativa, já que custou um biscoito e um copo de suco) e não deve ocupar espaço por muito tempo. Não que seja consolo. Antes que a gente esboce uma risada com o "urso demônio" que toma o lugar de Chauncey em uma pá de cenas, um novo terror sem sustos certamente espreita na esquina, pronto para dar o bote. Vai que cola.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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