Roberto Sadovski

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'Filmes de terror à moda antiga são poderosos', diz diretor de 'A Freira 2'

O diretor Michael Chaves lembra como se fosse ontem da primeira vez que ele assistiu a "Invocação do Mal", filme que James Wan lançou em 2013 e oxigenou o gênero. "Foi como se eu estivesse vendo um filme de terror pela primeira vez", lembra, entusiasmado. "Adoro sua simplicidade, o quanto ele é assustador e emocionante. Adoro histórias sobre fé."

De observador apaixonado, Chaves é agora parte integral desse universo. Depois de estrear como diretor em "A Maldição da Chorona", e de assumir o comando da marca principal da série com "Invocação do Mal: A Ordem do Demônio", o cineasta de 38 anos assume o leme de seu produto mais lucrativo. "A Freira 2" continua o filme de 2018, que rendeu US$ 360 milhões, como parte de um grande quebra-cabeças.

"A beleza desse mundo criado por James (Wan) é que suas histórias principais são baseadas em fatos", explica Chaves. "A partir deles, temos mais liberdade para soltar a imaginação nos produtos derivados, desde que tudo se encaixe na mesma linha do tempo." O diretor ressalta o termo "linha do tempo" várias vezes, em especial na construção de "A Freira" e, agora, de sua continuação.

O diretor Michael Chaves no set de 'A Freira 2'
O diretor Michael Chaves no set de 'A Freira 2' Imagem: Warner

Ele aponta que um dos pontos chave da cronologia desse universo é o exorcismo do andarilho francês Maurice, evento que dispara a trama do primeiro "Invocação do Mal". A origem da possessão, o demônio Valak, é revelada em "Invocação do Mal 2". "São tramas construídas e entrelaçadas ao longo de 10 anos", explica Chaves. "Os arquivos do casal Warren são o ponto de partida de uma história que ainda não chegou ao fim."

A exemplo dos outros filmes desse universo compartilhado - que ainda inclui as produções com a boneca Annabelle -, "A Freira 2" troca qualquer busca por inovação pela estrutura do terror clássico. Em um cenário em que o gênero já foi desconstruído, reinterpretado e ancorado em tendências como o found footage (que buscam a ilusão de imagens reais captadas de forma amadora) e a violência extrema (caso da série "Jogos Mortais"), a ideia aqui é fazer cinema à moda antiga.

O diretor Michael Chaves, de 'A Freira 2', conversa com este colunista
O diretor Michael Chaves, de 'A Freira 2', conversa com este colunista Imagem: Reprodução

"À moda antiga é a nova moda", reflete Michael Chaves. "Acho que um retorno à tradição é revigorante, representa um ciclo de volta aos cinemas com um elemento familiar." O diretor defende este conservadorismo como uma resposta à velocidade da vida moderna, vigiada por redes sociais, em que tudo é tão disponível e, ao mesmo tempo, tão descartável.

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"Filme de terror à moda antiga são poderosos", continua. "Não precisar de truques ou artifícios é libertador." O segredo do sucesso do universo "Invocação do Mal" está justamente nessa simplicidade. Chaves defende que o público, tão distraído por tanto ruído, quer se desligar de tudo isso quando vai ao cinema, buscando uma experiência sob medida. "O mundo passou por um momento atribulado, então é confortável abraçar algo reconhecível", conclui. "É o que buscamos fazer e eu adoro isso. É como um antídoto para o nosso tempo".

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