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Briga de heróis: Por que a Marvel continua atropelando a concorrência
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"Quem é mais forte, o Hulk ou o Superman?" O fã mais bobão de histórias em quadrinhos vez por outra começa esse papo. Quem é mais forte. Quem vende mais. Quem é melhor.
Quando os super-herós dos gibis estão concentrados em duas editoras, a Marvel e a DC, a pergunta para os aficionados é, por vezes, inevitável.
Se nas páginas a resposta de um encontro assim seria "quem o roteirista decidir", no mundo real, pelo menos nas representações em carne e osso dos personagens, apontar o vitorioso é tarefa fácil.
Ao menos é o que podemos concluir depois de acompanhar a edição 2022 da San Diego Comic-Con, o encontro de cultura pop mais festejado e relevante do planeta.
Desde que os estúdios descobriram que a festa na Califórnia seria a plataforma perfeita para "vender" seus produtos, a disputa entre Marvel e DC ficou mais acirrada, definida em aplausos durante as apresentações e repercussão em redes sociais.
O evento desse ano, que encerra no fim da tarde de hoje, teve como ponto alto os painéis da Marvel e da DC no palco principal da Comic-Con. Astros, trailers e anúncios deixam a turma empolgada - pelo menos até a próxima grande festa.
A pandemia abreviou a Comic-Con nos últimos dois anos, então o retorno dos fãs para a festa era aguardado com ansiedade. Ao fim do dia, ficou provado quem aposta no óbvio e quem de fato entende seu público e sabe vender seu peixe.
Foi um massacre. A DC levou ao palco painéis de seus próximos grandes filmes, a aventura "Adão Negro", com Dwayne Johnson, e a comédia "Shazam! Fúria dos Deuses". E só. Seguiram o roteiro bonitinho mas não foram além do imediatismo. Nada de olhar para o futuro.
Quando o produtor Kevin Feige entrou em cena, foi até covardia. De cara o presidente da Marvel Studios revelou toda a agenda do estúdio, em cinema e streaming, para os próximos anos. Provocou o público com imagens de filmes já em produção. E encerrou com um trailer majestoso, o aguardado "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre".
A diferença aqui tem nome: planejamento. Eu estava na Comic-Con em 2007 quando a Marvel começou seu jogo, levando para a plateia as primeiras imagens de "Homem de Ferro", que estrearia ano seguinte. O barulho feito por 7 mil fãs ecoou bem longe do evento, e os anos seguintes viram a apresentação do estúdio definir a empolgação para seu calendário de lançamentos.
À frente da festa, o produtor Kevin Feige revelou-se um mestre de cerimônias perfeito. Como é hábito, o painel de 2022 mostrou muito, agitou a base de fãs e deixou muitas coisas na sombra. A Fase 4 do estúdio, a "fase da pandemia", será encerrada com dois produtos este ano: a série "Mulher-Hulk" para a Disney+ e "Wakanda Para Sempre" nos cinemas em novembro.
Feige, então, abriu a fase seguinte por completo, com doze produtos, entre filmes e séries, que juntam as peças da próxima grande aposta do estúdio.
Os trabalhos no cinema começam em 17 de fevereiro de 2023 com "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania", passam por "Blade", o terceiro "Guardiões da Galáxia", o novo "Capitão América: Nova Ordem Mundial", culminando com "Thunderbolts" em julho de 2024.
A grande novidade para o Disney+ é a volta do Demolidor, mais uma vez defendido por Charlie Cox. O personagem foi protagonista de três temporadas na Netflix e fez sua estreia no universo cinematográfico Marvel em uma ponta em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa". A nova série, batizada "Born Again" - uma das melhores sagas do herói nos gibis - e terá dezoito episódios.
Como se fosse pouco, a Marvel ainda abriu as datas de alguns de seus produtos da Fase 6, com "Quarteto Fantástico" em novembro de 2024, e o encerramento de mais esse braço - e da agora intitulada "Saga do Multiverso" - com dois filmes dos Vingadores em 2025.
"A Dinastia Kang" em maio, e "Guerras Secretas" em novembro. Se a escala deste último for consistente com a série em quadrinhos, a ameaça de Thanos vai parecer briga no parquinho. Outras oito datas estão reservadas pela Marvel, mas Feige não abriu essa parte do jogo.
Para encerrar a apresentação, o elenco de "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" subiu ao palco em um momento emocionante, em especial pela lembrança do ator Chadwick Boseman, morto de câncer em 2020.
O trailer equilibra ação e emoção, honra sua memória, sugere a chegada de um novo Pantera Negra e ainda apresenta Namor (papel do mexicano Tenoch Huerta), o príncipe submarino, ao universo Marvel. A plateia aplaudiu em pé, sem que a Marvel sequer sugerisse onde o terceiro Deadpool e a chegada dos X-Men se encaixam no calendário.
A concorrência, por sua vez, ignorou o segundo "Aquaman", o segundo "Batman", deixou de lado a chance de colocar Michael Keaton no palco e celebrar a volta do ator ao universo DC, que deve acontecer em "The Flash".
Em vez disso, mostraram dois trailers de filmes que todo mundo já sabe quando estreiam. Zero surpresas. Zero burburinho. Faltou planejamento, faltou entender como disparar o interesse de seu próprio público. Faltou espetáculo - o que é reflexo da própria confusão em que os produtos DC hoje se encontram. Se eu fosse do time de marketing do estúdio, colocava o currículo no mundo ainda hoje.
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