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Harrison Ford, 80 anos: 10 filmes para celebrar o astro do século (passado)
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Roger Moore se aposentou do papel de James Bond em 1985 com "007 na Mira dos Assassinos". Ele tinha 58 anos. Sean Connery disse adeus ao cinema com "A Liga Extraordinária", aos 73 anos, em 2003. E temos Harrison Ford.
Aos 80 anos, que ele completa hoje, o astro podia encarar uma aposentadoria com um legado invejável. Em vez disso, ele se torna cada vez mais ativo em causas ambientais, ao mesmo tempo em que prepara o quinto "Indiana Jones", que estreia ano que vem.
Poucos atores tem o privilégio de, ao longo de sua carreira, cravar um personagem que torna-se parte do tecido da cultura pop. Johnny Depp tem o capitão Jack Sparrow. Hugh Jackman é sinônimo de Wolverine. Keanu Reeves será eternamente lembrado por Neo.
Harrison Ford, por sua vez, emplacou uma série de papéis emblemáticos em filmes igualmente lendários. Ele é Indiana Jones. Mas também é Han Solo. Rick Deckard. Jack Ryan. Cada um com sua voz distinta. Todos indiscutivelmente Harrison Ford.
O MARCENEIRO DAS ESTRELAS
A trajetória de Ford já é lenda em Hollywood. Ele chegou na cidade em meados dos anos 1960 para trabalhar com rádio, e ficou na California ao assinar com a Columbia para cobrir papéis pequenos no cinema e na TV. Seu primeiro filme foi "O Ladrão Conquistador", em 1966, que se estendeu em uma série de trabalhos desinteressantes.
Ford decidiu, então, arriscar a sorte como marceneiro, conquistando uma clientela seleta na alta roda hollywoodiana. Um de seus amigos na época era o produtor de elenco Fred Roos, que o apresentou ao jovem George Lucas. "Loucuras de Verão", de 1973, trouxe Ford em um papel coadjuvante. Mas seu destino estava traçado.
Nos anos 1990 Harrison Ford foi apontado como "astro do século" e motivos não faltavam. Nas duas décadas entre "Guerra nas Estrelas" e "Força Aérea Um", ele esteve em quatorze filmes que figuravam entre as maiores bilheterias de seus respectivos anos. O reconhecimento foi artístico e também financeiro: em 2001 ele era o ator mais bem pago do mundo.
Apesar de ter seu trabalho festejado por fãs em todo o mundo, Ford nunca entendeu os mecanismos da fama. Nas quatro ocasiões em que eu o entrevistei, encontrei um sujeito de senso de humor ácido, em nenhum momento dominado pelo peso da fama. Simplicidade é a palavra. "Eu só queria ganhar a vida como ator", disse. O resto é bônus. Vamos a eles!
LOUCURAS DE VERÃO
(American Graffiti, George Lucas, 1973)
No segundo filme dirigido pelo jovem George Lucas, Ford surge em uma ponta como Bob Falfa, valentão que desafia John (Paul Le Mat) para uma corrida - e se dá mal. O filme pertence a Richard Dreyfuss e Ron Howard. Mas Ford, em um papel secundário, causa mais impacto.
GUERRA NAS ESTRELAS
(Star Wars, George Lucas, 1977)
Contratado por Lucas para passar o roteiro com outros atores ao longo dos testes de elenco, Ford agradou o amigo o suficiente para ficar com o papel de Han Solo. O filme tornou-se um fenômeno cultural e a vida de seus protagonistas, Ford em especial, nunca mais foi a mesma. Em 2015 ele encerrou seu ciclo no universo "Star Wars" em "O Despertar da Força".
OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA
(Raiders of the Lost Ark, Steven Spielberg, 1981)
Steven Spielberg estava determinado em escalar Ford como o arqueólogo Indiana Jones; George Lucas, não. O bom senso triunfou, e o ator emplacou um segundo papel emblemático. "Caçadores" tornou-se a maior bilheteria do ano e terminou indicado ao Oscar de melhor filme. Ford retornaria como Jones em "O Templo da Perdição", "A Última Cruzada" e "O Reino da Caveira de Cristal". Ano que vem tem mais!
BLADE RUNNER - O CAÇADOR DE ANDROIDES
(Blade Runner, Ridley Scott, 1982)
Determinado a garfar todo papel destinado à eternidade, Ford assumiu o manto de Rick Deckard, que no futuro caça pessoas sintéticas que ameaçam seus criadores. O ator bateu de frente com o diretor Ridley Scott e viu "Blade Runner" fracassar no cinema, sendo redescoberto posteriormente como fenômeno cult. Ele voltou a interpretar Deckard em 2017 no soturno "Blade Runner 2049".
A TESTEMUNHA
(Witness, Peter Weir, 1985)
Disposto a experimentar personagens em uma escala diferente, Ford exercitou seus músculos dramáticos sob direção de Peter Weir neste drama em que um policial protege um garotinho em uma comunidade amish. "A Testemunha" rendeu sua até agora única indicação ao Oscar e uma segunda parceria com Weir, o drama "A Costa do Mosquito".
UMA SECRETÁRIA DE FUTURO
(Working Girl, Mike Nichols, 1988)
Ninguém sabia se Harrison Ford tinha algum interesse em comédias românticas, até porque nunca o haviam chamado para fazer uma. Entra em cena o diretor Mike Nichols, que queria Melanie Griffith como protagonista e só convenceu o estúdio depois de garantir a presença de Ford para assegurar uma boa bilheteria. Ah, e o astro se mostrou perfeito em uma comédia romântica!
JOGOS PATRIÓTICOS
(Patriot Games, Philip Noyce, 1992)
Alec Baldwin, que interpretou o agente da CIA Jack Ryan em "A Caçada ao Outubro Vermelho", não ficou feliz quando descobriu que o papel havia migrado para Harrison Ford. Engole o choro, Alec! Com Ford, o personagem ganhou musculatura em um par de filmes cada vez mais raros nos dias de hoje: o thriller de ação para adultos. "Perigo Real e Imediato", por sinal, é ainda melhor!
O FUGITIVO
(The Fugitive, Andrew Davis, 1993)
Um homem comum. Em "O Fugitivo", Richard Kimble não é um aventureiro, espião, policial ou rebelde espacial. É só um sujeito qualquer, acusado injustamente de matar sua esposa. O que se segue é um dos filmes de ação mais tensos, empolgantes e surpreendentes do cinemão - o que não é pouco, considerando que 1993 foi o ano de "Jurassic Park". E ninguém faz o homem comum como Harrison Ford.
42: A HISTÓRIA DE UMA LENDA
(42, Brian Helgeland, 2013)
O novo século começou com Ford encarando umas bombas ("Divisão de Homicídios", "Firewall"), a volta de Indiana Jones e uma pá de papeis coadjuvantes em filmes de qualidade e sucesso diversos. "42" se destaca ao colocar o astro atrás de maquiagem pesada para interpretar o empresário Branch Rickey, que ajudou o astro do baseball Jackie Robinson (Chadwick Boseman) a romper a barreira racial no esporte.
O CHAMADO DA FLORESTA
(Call of the Wild, Chris Sanders, 2020)
Em plena pandemia de Covid, e batendo nas oito décadas de vida, Harrison Ford encabeçou essa versão do romance publicado por Jack London em 1903. Ele é John Thornton que, no norte da América ao fim do século 19, cruza a paisagem gelada do Yukon com Buck, um cão pastor sem mestre, em busca de uma vida de liberdade. É um filme simpático, honesto e, tirando a estranheza inicial com o cachorro digital, emocionante e divertido.
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