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Lucas Pasin

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

O que fez Fábio Turci, demitido após 23 anos na Globo, negar volta à TV

Colunista do UOL

10/07/2023 11h59

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Fábio Turci não está com pressa para voltar à televisão após 23 anos na Globo. Demitido há três meses em meio a onda de desligamentos que afetou profissionais com altos salários na emissora, o jornalista conversou com exclusividade com este colunista de Splash, e revelou ter negado trabalhar em outros canais para se aventurar em novo formato de reportagens.

Ele lançou o podcast Existo na quinta passada no qual traz entrevistas com a intenção de combater a desigualdade e seguem a temática da diversidade, algo bastante abordado por Turci em seus trabalhos.

Já tinha a vontade de fazer um podcast há algum tempo, mas era algo que não cabia na minha rotina de trabalho na Globo. No momento que fui desligado, tinha a clareza que continuaria trabalhando com temas relacionados à diversidade. Poderia trabalhar com palestras, ajudando a ser um aliado e falando do meu lugar de homem, branco, heterossexual e cis, mas veio também a vontade de um podcast, e essa vontade se juntou a disponibilidade e desejo de encontrar um novo caminho profissional.

Para se dedicar ao projeto, Turci deixou bem claro — quando abordado por outras emissoras recentemente — que sua prioridade não era a volta à TV agora. "Tive algumas conversas, nada muito avançado, sem falar em valores. Mas falamos sobre jornalismo, mercado, e eu expliquei que eu tinha a ideia de tentar um outro caminho primeiro. Mas não fecho portas ao jornalismo, de qualquer forma que seja. O futuro dirá."

Ao contrário de outros jornalistas demitidos da Globo — como Flavia Januzzi, que também conversou com Splash, e revelou que quem "não está na panela da Globo está frito" — Turci não guarda mágoas da emissora. "Sinto que fui reconhecido lá. Batalhei para ser correspondente no exterior, e fui. Era um sonho profissional meu. Também fui reconhecido ocupando lugares de apresentação nas ausências e férias de telejornais, além dos projetos e reportagens especiais. Tivemos uma relação frutífera, e eu entendo que saí apenas por questões financeiras da emissora. Não há mágoa ou nada mais o que falar."

O podcast Existo

Fábio Turci no podcast Existo - Kalú Kariú / Divulgação - Kalú Kariú / Divulgação
Fábio Turci no podcast Existo
Imagem: Kalú Kariú / Divulgação

Ao escolher abordar a diversidade em seu novo trabalho, Turci diz ter "passado por um processo de abertura de olhos", e se considera um aliado.

Após algumas experiências pessoais e profissionais, acordei para o tamanho do racismo e para o tamanho da homotransfobia. Nunca fui um negacionista dessas questões, mas passei a ter noção da amplitude dos temas. Sempre fui aquele adolescente que queria ajudar a mudar o mundo, e fiz jornalismo também por acreditar nisso.

Em Existo, pessoas LGBTI+, negras, com deficiência, periféricas, em situação de rua, refugiadas, entre outras, contam as suas histórias em episódios de 30 a 40 minutos. Os episódios ficam disponíveis semanalmente, às quartas-feiras, nas principais plataformas de áudio e vídeo.