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O que está escrito no papelzinho japonês que faz um vinil custar tão caro?
![Disco do grupo Blondie com obi - Reprodução/eBay](https://conteudo.imguol.com.br/c/home/2c/2023/02/09/disco-do-blondie-com-obi-1675944505772_1170x540.jpg)
Um papelzinho em forma de cinto pode fazer seu disco de vinil valer uma pequena fortuna —às vezes não tão pequena assim. Falamos do preço de um carro usado.
Para a mágica acontecer, basta que um fino pedaço de folha seja envolto na margem esquerda da capa e contenha os maravilhosos ideogramas e silabários japoneses.
Você sabe o que é um obi de disco?
É a tira informativa que acompanha a embalagem de LPs fabricados no Japão.
A palavrinha japonesa significa "cinto"—abreviação de "obigami" (obi = cinto; gami = papel), ou 'cinto de papel'.
Ali são impressas informações básicas sobre a obra: nome do artista, título, data de lançamento, gênero, valor.
Alguns indicam até quando varejistas podem reduzir o preço tabelado do disco.
E todos os obis são alvo da cobiça de colecionadores do mundo.
Mas por que ele torna o disco especial?
Porque são itens colecionáveis, que incrementam as já caprichadas edições japonesas, famosas por seu belos encartes e prensagens de excelência, uma das mais valorizadas do mundo.
Exemplo
Uma edição original japonesa de "The Dark of the Moon", em bom estado de conservação, é oferecida em média no site discogs por US$ 100 dólares (pouco mais de R$ 500) sem o obi.
Com ele, o valor mais que dobra e salta para R$ 1.100 —e não estamos considerando os gastos com frete.
Eis um obi básico
- O nome da gravadora ou o logo de série do disco
- Lista de músicas (pode ser selecionada ou completa)
- Nome do artista e do álbum
- Um teaser com informações sobre o artista e a gravadora
Como nasceu o obi
Para entendermos a origem dele, precisamos voltar ao chamado milagre japonês (1950-1990), quando país se abriu e cresceu exponencialmente após a Segunda Guerra Mundial.
Durante quatro décadas, a bonança econômica gerou uma demanda vertiginosa por cultura pop ocidental, então consumida por uma população jovem e curiosa.
Mas as mentes do marketing japonês identificaram um problema logo de saída: consumidores tinham hábito de adquirir produtos ocidentais "pela capa", sem saber exatamente do que se tratava.
Eram tempos de informações escassas, e o idioma funcionava como barreira. Quase tudo vinha impresso em inglês, em alfalbeto romano, não na escrita do país.
Gravadoras e editoras tiveram a ideia de traduzir todas aquelas informações de forma simples e barata. Assim nasceu obi.
O formato se popularizou rapidamente como sobrecapa de livros e também passou a acompanhar embalagens de discos, CDs, K7s, LaserDiscs, games e DVDs de produtos ocidentais.
A estratégia foi tão bem aceita que mesmo títulos de artistas japoneses começaram a receber a faixa, que até hoje é produzida em diferentes tipos.
Nações vizinhas na Ásia também adotaram o obi, e mesmo o ocidente chegou a imprimir suas peças para dar peso a edições especiais.
Obis viraram febre a partir da década de 1960 e se transformaram em uma das mais sólidas tradições do colecionismo.
Três curiosidades
1. No início, o obi do vinil era uma faixa da altura da capa com uma pequena aba dobrada pra trás em cada ponta. Mas o design fazia o papel escorregar. Isso levou à criação do tipo "cinto", que dá uma volta completa ao redor da embalagem e se tornou padrão.
2. O termo obi é mais usado no ocidente. Como o papel se assemelhava a uma cinta, colecionadores pegaram emprestado a palavra japonesa que também designa as faixas dos quimonos. No Japão, o obi é conhecido como "tasuki" —ou simplesmente "faixa".
3. A ironia é que a tira foi desenvolvida como mero adereço comercial. Servia apenas para auxiliar o ato da compra e nada mais. A ideia era que, lidas as informações sobre o produto, ela fosse imediatamente descartada.
Muita gente de fato fez isso no início, e hoje prensagens originais japonesas com o obi são extremamente raras e caras, com preços elevados à casa do milhar.
Há obis que são obras de arte e do design
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E até a próxima datilografada!
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