Doideira! Tem gente usando o PlayStation 1 para ouvir CDs como milionário

O crítico americano Jeff Day, um dos maiores entusiastas deste "elo perdido", já escreveu que o desempenho do PS1, que tem exemplares usados vendidos por cerca de R$ 600 no Brasil, é compatível com o de um tocador "hi end". Alguns podem alcançar astronômicos US$ 6.000.

E como é o som?

Um artigo publicado no site Stereophile descreve o som do PlayStation como "único de diversas formas". As frequências são destacadas como equilibradas em suas divisões de graves, médios e agudos.

A sonoridade se mostra limpa, suave, natural. Não cansa os ouvidos e é avaliada como superior à de muitos players populares dos anos 1990 que possivelmente você tem em casa.

Então é só ligar meu Play 1 na TV, botar um CD que vai sair um sonzão?

Não. Primeiro, é preciso conectá-lo em um sistema hi-fi, com amplificador (ou receiver) e caixas de som com um mínimo de qualidade, como se fosse um CD player "de gaveta" tradicional.

Segundo, não pode ser qualquer PlayStation. Os modelos mais indicados são as primeiras versões americanas, como a SCPH-1001 e SCPH-1002, que possuem saídas de áudio RCA separadas da de vídeo.

Elas têm as cores vermelha e branca e estão na parte traseira. Essas portas possibilitam o uso de cabos de áudio diretamente no amplificador.

Outros modelos de PS1 podem ter saídas únicas para áudio e vídeo, mas ainda são "decks de componentes de CD realmente fantásticos", segundo Michael Lavorgna, do site 6moons.com.

Por que isso acontece?

O reprodutor de áudio do console contém um conversor digital analógico (o DAC, coração de todo CD player) preciso e de alta qualidade.

Apesar de não ter sido projetado para esse propósito, o aparelho da Sony está equipado com um processador de áudio especializado, o Sony CXD2922AGB.

Esse chip é conhecido por sua excelente conversão digital-analógico, com resolução de 18 bits e com taxa de amostragem de 44,1 kHz, padrão para o áudio do CD.

Mas calma. Não é para sair loucamente atrás de um PS1 se sua ideia é voltar (ou começar) a ouvir compact discs

Existem desvantagens. As principais são a durabilidade e a fragilidade desses players. A maioria deles foi produzida em meados dos anos 1990, quando ficaram conhecidos por seus recorrentes problemas de alinhamento do canhão de leitura.

O manuseio da bandeja também pode ser complicado e exigir cuidado extra na hora de inserir e ejetar os CDs corretamente.

Outra questão, óbvia: o PlayStation não tem display digital nem design de CD player. O controle é feito com seis botões do joystick, que cumprem funções básicas. O "start" vira play e pause, e o "select", stop.

Devido a esses problemas de usabilidade, há quem prefira gastar uma grana modificando totalmente os videogames. Pintam a carcaça, trocam componentes internos e externos, com a inclusão de botões frontais, novas saídas e até função de controle remoto.

Conclusão

Vale a pena fazer tudo isso? Por um lado, vale, dada a excelência do reprodutor. Vale ainda mais se for possível encontrar um PlayStation original barato e em estado de conservação aceitável.

Afinal, CD players novos praticamente inexistem no mercado brasileiro hoje. Muitos precisam recorrer a tocadores de DVD e Blu-rays.

Dito isso, não será uma aventura fácil. O PlayStation original é um produto frágil, feito de plástico e com vida útil limitada —em geral, menor que a de players tradicionais usados, que você pode comprar pela metade do preço.

Contratar alguém para criar um "mod" deixará tudo ainda mais caro e trabalhoso. E isso é desanimador.

Mas essa é minha opinião. E a sua? Já ouviu música via PS1? Escreva no campo de comentários ou mande uma mensagem para mim no Instagram (@hrleo) ou Twitter (@hrleo_). Quer ler mais textos? Clique aqui.

E até a próxima datilografada!