Topo

Conheça o raki, a 'cachaça' do Leste Europeu com teor alcoólico de 50%

Raki é a "cachaça" do Leste Europeu. Conheça - Getty Images/iStockphoto
Raki é a "cachaça" do Leste Europeu. Conheça
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colaboração para Nossa, de Tirana (Albânia)

21/02/2023 04h00

A cachaça está para os brasileiros assim como o raki está para os turcos, gregos e albaneses. Para tirar a prova, basta entrar em qualquer restaurante dos países dos Bálcãs e esperar o garçom aparecer oferecendo espontaneamente uma dose do licor feito de uvas e anis, um verdadeiro patrimônio etílico do Leste Europeu.

Não se assuste se esse mesmo garçom se referir ao raki como "lion milk", ou leite de leão, no bom português. O apelido utilizado frequentemente se justifica pelo aspecto esbranquiçado que o licor ganha ao ser servido com água e cubinhos de gelo.

Na aparência, a bebida realmente lembra um copo de leite. Na potência, o teor alcoólico de 50% faz jus à força dos leões. Mas, acima de tudo, o raki é um ritual afetivo.

Quando se é turista, recusar beira a falta de educação. Para os locais, o licor adoça os encontros entre amigos, as comemorações em família, as datas especiais e as reuniões triviais do dia a dia.

Raki é feito a partir da fermentação de uvas e anis - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Raki é feito a partir da fermentação de uvas e anis
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gostoso e afetivo

O raki também é oferecido aos viajantes como um gesto carinhoso de boas-vindas. Normalmente, o licor é consumido com meze, belas e deliciosas tábuas com variedade de queijos, presunto, salame, azeitonas e até mesmo frutas como melão.

Após o paladar ser mimado pelos aperitivos, o raki desce pela garganta e surpreende os degustadores de primeira viagem. Apesar de a concentração alcoólica altíssima fazer qualquer um ficar com o pé atrás, o licor é muito saboroso e fácil de beber. É também superaromático.

Além de bebida, raki é um verdadeiro ritual para locais - e turistas - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Além de bebida, raki é um verdadeiro ritual para locais - e turistas
Imagem: Getty Images/iStockphoto

O sabor adocicado, mas não enjoativo, lembra especiarias como cravo, canela e anis-estrelado. Vale muito a pena experimentar, inclusive bebendo uma dose de raki puro, sem água nem gelo.

No Kafe Muzeum Komiteti, uma charmosa cafeteria com ares de museu localizada em Tirana, capital da Albânia, o garçom explica que uma das tradições quando se consome a bebida é bater o copo na mesa após o brinde. Os locais do Leste Europeu acreditam que o ato simboliza gratidão pela bebida, e também serve para trazer à memória alguém que você gostaria que estivesse presente para celebrar o tilintar de copos.

História secular

Assim como qualquer outro licor, o raki é uma bebida alcoólica fermentada. Dependendo da marca, o líquido pode ter algumas variações. Via de regra, a receita é baseada em uvas, que podem ser secas ou frescas, e tem o anis como aromatizante principal. Existem também algumas variações que utilizam ameixas e figos, frutas que dão em abundância na Turquia, país que mais produz raki na região.

Não há muitos registros históricos sobre a origem exata do raki, mas sabe-se que a bebida milenar foi inventada no antigo Império Otomano, domínios turcos que existiram entre 1299 e 1923.

Homens consomem raki em festa de casamento, em 1964 - Gamma-Rapho via Getty Images - Gamma-Rapho via Getty Images
Homens consomem raki em festa de casamento, em 1964
Imagem: Gamma-Rapho via Getty Images

Vale lembrar que foram os árabes que descobriram o método de destilação alcoólica e que inventaram o alambique.

Destilados semelhantes ao raki já foram documentados por pesquisadores ainda no Império Romano do século 5. No entanto, o mais provável é que a padronização da bebida que se conhece hoje tenha tomado forma na mão dos turcos a partir do século 11.

No Brasil, é possível encontrar a bebida à venda na internet e também em casas de gastronomia turca.