Topo

Resort de luxo com bangalôs sobre lago marca história de família no Paraná

O lago é onipresente na paisagem do Virá Charme Resort, em Teixeira Soares (PR), com bar (foto) e quatro cabanas sobre as águas - Rodrigo Vieira
O lago é onipresente na paisagem do Virá Charme Resort, em Teixeira Soares (PR), com bar (foto) e quatro cabanas sobre as águas
Imagem: Rodrigo Vieira

De Teixeira Soares, Paraná

11/11/2022 04h00

Na zona rural do município de Teixeira Soares, no interior do Paraná, o amanhecer entre as araucárias e uma floresta de pinus é regido por uma sinfonia de quero-queros, gralhas, andorinhas e... peixes. Sim, peixes. O alvorecer parece ser a happy hour dos cardumes que se movimentam no lago que ainda desprende uma névoa própria de uma manhã de frio nas pradarias paranaenses.

Na dúvida se o frenesi aquático é ainda resquício de um sonho, basta olhar para a lateral da cama. Em frente à lareira, uma placa de vidro no chão permite ver o ondular das águas — e, por uma abertura, até alimentar os peixes.

Estamos no Bangalô do Lago, um chalé de madeira que 'flutua' sobre a água sustentado por uma estrutura estilo palafita. A acomodação bem aos moldes 'casa de montanha' é a estrela do Virá Charme Resort, um elegante hotel fazenda a pouco mais de 150 quilômetros de Curitiba.

E mais que isso, é a realização de um sonho da família Gryczynski — tantas consoantes denotam a ascendência polonesa — numa trajetória marcada pelo pioneirismo.

Nos bangalôs sobre a água, tem varanda e banheira de hidromassagem com vista para o lago - Arlei Lima - Arlei Lima
Nos bangalôs sobre a água, tem varanda e banheira de hidromassagem com vista para o lago
Imagem: Arlei Lima

Numa época em que o modelo de hospedagem do Airbnb ainda era uma ideia distante — e, vá lá, um tanto estranha — o casal David e Ieda transformou a casa simples na fazenda em pouso para familiares, amigos e visitantes. Eles cediam a própria cama e, por vezes, com a lotação dos três quartos, iam dormir na sala para deixar bem-acomodados os hóspedes. Ieda cozinhava e o marido geria passeios a cavalo e tardes de pesca. Foi um ano dessa experiência até decidir criar, de fato, um hotel.

Diziam que éramos loucos de construir um lugar no meio do nada", conta David.

Um resort familiar: os filhos Marina (dir.), Iago (esq.) e Valentina (centro) hoje participam ativamente do empreendimento iniciado por David e Ieda - Arlei Lima - Arlei Lima
Um resort familiar: os filhos Marina (dir.), Iago (esq.) e Valentina (centro) hoje participam ativamente do empreendimento iniciado por David e Ieda
Imagem: Arlei Lima

A resposta que ele dava estava na ponta da língua: "Nós é que seremos o destino turístico". Os anúncios de 3 centímetros impressos nos classificados do jornal Gazeta do Povo — os 'posts' possíveis lá em 1998 — tentavam convencer os moradores de Curitiba a se desbancar da capital para aproveitar o fim de semana na fazenda. "E o pessoal começou a vir mesmo", lembra o proprietário.

A floresta de pinus é o pano de fundo das pescarias e atividades aquáticas - Rodrigo Vieira - Rodrigo Vieira
A floresta de pinus é o pano de fundo das pescarias e atividades aquáticas
Imagem: Rodrigo Vieira
O complexo do resort visto à partir da trilha de caminhada no bosque  - Arlei Lima - Arlei Lima
O complexo do resort visto à partir da trilha de caminhada no bosque
Imagem: Arlei Lima

Sustentável

Do ofício de engenheiro veio a preocupação, desde o início, com a sustentabilidade. Cada novo bangalô levantado no terreno de 170 hectares ganhava um bosque privativo ao lado. Não por acaso: no verão, a sombra das árvores protege as paredes do sol forte à tarde, o que reduz a necessidade de ar-condicionado e economiza energia. "No inverno, quando as folhas caem, o sol esquenta as paredes e garante conforto térmico", explica David.

Caminhos de pedra ligam os chalés em terra ao restaurante, a estrutura central da imagem - Rodrigo Vieira - Rodrigo Vieira
Caminhos de pedra ligam os chalés ao restaurante, a estrutura central da imagem
Imagem: Rodrigo Vieira

A floresta de pinus que margeia o lago não apenas compõe o cenário daquele amanhecer idílico nos 38 chalés — quatro deles sobre as águas. É deste projeto de reflorestamento tocado pela família que veio a madeira que deu base a parte das estruturas do resort, como o restaurante central, o espaço infantil e a chamada Casa de Banho, uma construção rústico-chic com sauna e piscinas externa e interna, ambas com vista para o lago. A floresta também serve a lenha que alimenta as lareiras em todos os quartos.

Além de piscinas, a Casa de Banho tem bar molhado, áreas de descanso e charutaria - Reprodução @viracharmeresort/@reservaparadois - Reprodução @viracharmeresort/@reservaparadois
A Casa de Banho piscinas, bar molhado e áreas de descanso
Imagem: Reprodução @viracharmeresort/@reservaparadois
O espaço também tem uma nova área para apreciadores de charutos - Arlei Lima - Arlei Lima
O espaço também conta com uma nova área para apreciadores de charutos
Imagem: Arlei Lima

Da fazenda para o prato

A sustentabilidade também vai à mesa. O conceito farm to table — tendência da gastronomia e da hotelaria que valoriza sabores frescos e cultivo local ou de pequenos produtores rurais — reflete-se na horta orgânica do resort. Ali são plantados boa parte dos temperos, hortaliças, legumes, verduras e frutas utilizados na composição dos pratos servidos no restaurante.

Na horta orgânica são plantados hortaliças, frutas e verduras - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Na horta orgânica são plantados hortaliças, frutas e verduras
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL
Mais de 70% dos alimentos consumidos nos resort são de produção própria! - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Mais de 70% dos alimentos consumidos nos resort são de produção própria!
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL

Aquilo que não é produzido nas terras dos Gryczynski vem de fazendas vizinhas, colônias rurais e fornecedores da região, movimentando a economia local — outra característica do conceito 'da fazenda para a mesa'.

Pães de fermentação natural, doces e salgados, como o bolinho de barreado — ensopado de carne cozido em panela de barro, típico do Paraná — e a torta de costela, andam cerca de 35 quilômetros desde o pequeno município de Rebouças até o Virá.

Pães de fermentação natural da padaria Lopes: farinha de origem "100% paranaense" - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Pães de fermentação natural da padaria Lopes: farinha de origem "100% paranaense"
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL

"Aqui é assim, um eleva a qualidade dos outros, e todos evoluem", diz Everton de Souza, que comanda a Lopes Padaria. Para escolher a melhor farinha para pães de castanha, focaccias e as fatias que compõe seu famoso sanduíche de pastrami, por exemplo, Everton testou muitas fábricas da região até encontrar na vizinha Irati uma moageria com trigo de origem "É 100% paranaense, e com um terroir que resulta em um pão realmente com sabor".

Everton e Daniele comandam a padaria Lopes, em Rebouças (PR)  - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Everton e Daniele comandam a padaria Lopes, em Rebouças (PR)
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL

Também é em Irati que estão os fornecedores de embutidos. Na Feira do Produtor Iratiense, o stand da família Brandalize é destino certo para selecionar linguiças, copa defumada, pancetta e conhecer iguarias como o bacon de rolo e o queijo de porco, preparado com miúdos do animal. "Já são mais de 20 anos dessa história. E a tradição vai continuar", diz o produtor Agostinho Brandalize olhando para o filho, Diego, que também abriu em 2021 sua própria marca de charcutaria, a D'Brand, com uma pegada mais gourmet.

Bacon em rolo e copa defumada da Brandalize Embutidos - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Bacon de rolo e copa defumada da Brandalize Embutidos
Imagem: Reprodução Instagram
Pancetta defumada da D'Brand Charcutaria - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Pancetta defumada da D'Brand: novas criações em charcutaria
Imagem: Reprodução Instagram

Nova geração, outras ideias

O bastão também já está sendo passado no Virá. Os filhos Marina e Iago se uniram aos pais no comando do complexo e injetaram novidades. "Ela viajou por toda a Itália visitando spas antes de implantarmos aqui", conta David. Aquela antiga casa que deu origem ao resort hoje abriga um spa da marca francesa L'Occitane, com massagens, tratamentos estéticos e uma área externa em meio à vegetação, com ofurô.

A antiga casa de fazenda foi reformada e hoje abriga o spa - Rodrigo Vieira - Rodrigo Vieira
A antiga casa de fazenda foi reformada e hoje abriga o spa
Imagem: Rodrigo Vieira

Mas o relaxamento realmente profundo é prometido no spa de flutuação, inaugurado este ano. Um caminho de pedras leva à nova construção com enormes janelões com vista para um bosque de bambus e arquitetura em madeira e pedra.

Os revestimentos naturais contrastam com o ar futurista da cápsula de flutuação, onde o hóspede boia em uma solução de água super salinizada — mais do que a do Mar Morto, por exemplo — e, fechado neste "casulo", passa cerca de 50 minutos em uma experiência imersiva — já descrita como a sensação de voltar ao ventre materno.

Cápsula: flutuação em água mais salinizada que a do Mar Morto, para relaxamento profundo - Rodrigo Vieira - Rodrigo Vieira
Cápsula: flutuação em água mais salinizada que a do Mar Morto, para relaxamento profundo
Imagem: Rodrigo Vieira

Na terra e na água

Para quem prefere mergulhar na natureza, atividades exploram as paisagens locais. Vale fazer a trilha sinalizada de dois quilômetros que dá a volta ao lago passando pela floresta de pinus.

A fazenda também pode ser desbravada de bicicleta, de charrete ou a cavalo — prefira o passeio a galope no final dia (pago à parte; o da manhã é gratuito), que leva até uma área elevada para curtir o pôr do sol com vista panorâmica da floresta, dos animais na pastagem, do lago e das propriedades rurais que cercam o resort.

Passeio a cavalo no pôr do sol leva a região com vista para a região - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Passeio a cavalo no pôr do sol leva a região com vista para a região
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL

Marcante na estadia, o lago também é palco de atividades como pesca, pedalinho, caiaque e a prática do stand up paddle — se tiver coragem de madrugar, em temporadas mais frias, quando o sol começa a aparecer 'sobe' da água um névoa que cria um belo espetáculo natural.

O ponto de partida para as opções aquáticas é um bar com deque sobre o lago, a pedida perfeita para depois pedir um drinque e fechar o dia como ele começou, com uma sinfonia de quero-queros, gralhas, andorinhas e... peixes.

Bar da Ilha: ponto de partida para atividades aquáticas e para um drinque no fim do dia - Rodrigo Vieira - Rodrigo Vieira
Bar da Ilha: ponto de partida para atividades aquáticas e para um drinque no fim do dia
Imagem: Rodrigo Vieira

Serviço:
Virá Charme Resort
Hospedagem: são 38 chalés, em 5 categorias, do apartamento aos bangalôs do lago
Diárias: de R$ 1.440 por casal (chalé apartamento) a R$ 2.880 por casal (bangalô do lago), com pensão completa (café, almoço e jantar, exceto bebidas)
Site: viracharmeresort.com.br

* O jornalista viajou a convite do Virá Charme Resort