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Brasileiros matam saudade de picanha e coxinha em restaurante... na Polônia

Mesa com delícias brasileiras... mas na Polônia - Douglas Miguel
Mesa com delícias brasileiras... mas na Polônia Imagem: Douglas Miguel

Rodrigo Silva

Colaboração para Nossa, de Berlim (Alemanha)

25/09/2022 04h00

Quando se discute qualidade no transporte de massa, a Alemanha figura entre os países do topo da lista. Para dar um exemplo, o país europeu possui a sexta maior malha ferroviária do mundo, e é referência em pontualidade e logística.

O território alemão faz fronteira com outros nove países e as pessoas conseguem se deslocar com muita facilidade e agilidade. Em menos de duas horas, pode-se realizar trajetos muito interessantes. Como de Munique até Salzburg na Áustria, de Dusseldorf até Eindhoven na Holanda ou até mesmo de Rostock, norte do país, até a cidade de Gedser, na Dinamarca, a bordo de um confortável Ferry que atravessa o Mar Báltico.

Em Berlim, a viagem que está chamando a atenção de muitos residentes brasileiros, é com destino a Szczecin, noroeste da Polônia. A cidade, com 400 mil habitantes, está a apenas 150 quilômetros da capital alemã. O percurso pode ser feito em três horas de trem ou menos de duas horas de carro.

Muitos brasileiros aproveitam essa facilidade para fazer uma viagem de bate-volta ao país vizinho. Além de Szczecin, que é muito interessante, desde 2017, funciona o restaurante Brasileirinho, como o nome sugere, especializado na culinária brasileira.

Brasil de surpresa

Denis Silveira, que é engenheiro de software, mora em Berlim desde 2020 com a esposa Fabiana. Eles conheceram o restaurante por acaso. A ideia era fazer um bate-volta de trem em Szczecin, conhecer a cidade, almoçar em algum lugar e voltar para casa.

Fachada do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Fachada do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia
Imagem: Rodrigo Silva

Quando andavam por uma praça, acharam interessante um restaurante brasileiro na Polônia. Depois de algumas caipirinhas, picanha, coxinhas de frango e pastéis de camarão, não restou dúvida.

O sabor é fantástico. Estava com saudade do tempero do meu país. A gente visitou alguns restaurantes brasileiros em outros lugares como Espanha e Portugal. Mas não tinham esse gosto bem brasileiro", diz Denis.

Coxinha e camarão frito, do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Coxinha e camarão frito, do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia
Imagem: Rodrigo Silva

Em outra viagem para Szczecin, também de trem, levaram outros amigos brasileiros que moram na Austrália, Espanha e Portugal. Mas o objetivo em relação à primeira visita foi bem diferente.

"Aí o foco principal foi ir ao restaurante e não andar pela cidade. E a ideia agora é voltar mais vezes só pela comida. Sabe quando você marca com amigos em um barzinho? A música ambiente também é ótima. Ali dentro parece que a gente está no Brasil", lembra Denis.

De coxinha a picanha

Douglas Miguel hoje vive em Londres. Mas até pouco tempo o gerente de engenharia morava em Berlim e decidiu fazer um bate-volta em Szczecin. Foi de carro com a esposa e a sogra. E como na primeira visita do Denis, achou o restaurante por acaso.

Foi uma grata surpresa. O melhor restaurante brasileiro que já fui na Europa, considerando Londres, Berlim e Lisboa. Pedimos coxinha, carne de sol na manteiga, picanha, peixe e sobremesas. Estava tudo sensacional", recorda Douglas.

Já o barman Allan Hoster recebeu a dica de um amigo. Então pensou em juntar o útil ao agradável. O brasileiro, que mora em Berlim há nove anos, decidiu fazer um bate-volta com a namorada até a Polônia, para comemorarem o aniversário da sogra, que é polonesa, no Brasileirinho.

O barman Allan Hoster, que mora em Berlim - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
O barman Allan Hoster, que mora em Berlim
Imagem: Rodrigo Silva
Arroz, feijão, picanha e aipim do Brasileirinho - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Arroz, feijão, picanha e aipim do Brasileirinho
Imagem: Rodrigo Silva

"Pegamos o trem em direção à cidade de Szczecin. Chegamos lá depois de 3 horas, andamos um pouco e achamos o lugar. Eu pedi picanha, minha namorada pediu moqueca de banana e minha sogra pediu frango", diz Allan.

Além de ter gostado muito do atendimento e do tamanho das porções, os sabores e aromas fizeram Allan matar a saudade da comida de casa. Ainda segundo ele, até o momento, foi a melhor experiência com comida brasileira na Europa. Tão boa que já planeja um retorno à Szczecin.

"Valeu a pena esse bate-volta! Com certeza vou voltar para experimentar a feijoada, coxinha, pão de queijo e a caipirinha", afirma Allan.

Saudades culinárias

Vinicius Neves, que mora em Berlim - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Vinicius Neves, que mora em Berlim
Imagem: Arquivo pessoal

Assim como Allan, Vinicius Neves também recebeu dicas de um colega de trabalho e resolveu ir até Szczecin visitar o restaurante brasileiro. O desenvolvedor de software, que mora em Berlim desde 2019, decidiu ir para a Polônia de um jeito um pouco diferente.

"Eu estava comentando com esse meu colega que ia fazer uma viagem de bicicleta saindo de Berlim em direção a Szczecin. Nisso ele comentou do restaurante e me convenceu na hora", lembra Vinicius.

Vinicius fez a viagem em duas etapas. Pedalou cerca de 110 quilômetros de Berlim até a cidade de Kostrzyn, já na Polônia, onde passou a noite. No dia seguinte, pé na estrada. E assim que chegou a Szczecin foi direto para o restaurante.

"Foi a saudade de comer uma boa comida brasileira. Dá para encontrar em outros lugares, porém lá foi de fato a melhor que provei na Europa até agora! Um gostinho de casa, não sei explicar. O ambiente também estava bom, tocando música brasileira."

Carne de sol com aipim, servidos no Brasileirinho - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Carne de sol com aipim, servidos no Brasileirinho
Imagem: Rodrigo Silva

Mas como ninguém é de ferro, a volta do Vinicius para Berlim foi de trem mesmo. O desenvolvedor de software já pensa em retornar a Szczecin, novamente de bicicleta, antes do início do inverno europeu. Dessa vez com a esposa, que ainda não conhece a cidade. O primeiro pedido já está na ponta da língua.

Mousse de maracujá! Pelo que vi o maracujá é algo incomum na Alemanha. Então quero comer uma boa mousse novamente. Esse bate-volta vale muito a pena para quem mora em Berlim e gosta de uma boa comida brasileira."

Camarão como em Maceió

Camarão frito, do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Camarão frito, do Brasileirinho, em Szczecin, na Polônia
Imagem: Rodrigo Silva

O bate-volta na Polônia também é viável para quem mora em outras cidades. Rafael Torres vive desde 2020 em Schwerin, norte da Alemanha. Ele, que é guia turístico, resolveu pegar um trem com o companheiro Marconi em direção a Szczecin.

A viagem, como de Berlim, durou cerca de três horas. Enquanto caminhavam pela praça do Centro Histórico, viram a placa do restaurante. Como ainda estava muito cedo, tiveram tempo de fazer um bom passeio pela agradável cidade polonesa. E na hora do almoço, para o Rafael, o camarão roubou a cena.

Se deliciem com a comidinha bem caseira. Para mim é como se fosse o Consulado Gastronômico do Brasil. O arroz com camarão é de fazer você se sentir em alguma praia de Maceió!", recomenda Rafael

Mas como um bom guia turístico, Rafael também deu algumas dicas para quem queira conhecer Szczecin. Museus, igrejas, jardins, a Filarmônica da cidade e o bucólico Centro Histórico com ruas, vielas e um belo casario. Além de uma caminhada pela orla do Oder, rio que corta a cidade até o Mar Báltico.

Centro de Szczecin, na Polônia - Rodrigo Silva - Rodrigo Silva
Centro de Szczecin, na Polônia
Imagem: Rodrigo Silva

"Vamos dar um pulinho na Polônia e comer um churrasquinho? Um bom arroz e feijão com farofa? Claro que sim, mas você vai ficar com um gostinho de 'quero mais'. O povo polonês é uma simpatia e os preços bem amigáveis. Um país que é simplesmente fascinante", garante o brasileiro.

Seja de trem, de carro ou bicicleta, passar o dia ou um fim de semana, a cidade de Szczecin sempre estará lá, de braços abertos. A simpatia de um povo, a beleza de uma cidade, mais a gastronomia brasileira não teria como dar errado.