Por que rainha Elizabeth 2ª usava roupas chamativas? Os segredos dos looks

Rainha Elizabeth foi um ícone por inúmeros motivos. Na moda não foi diferente. Em seus 70 anos de trono, a matriarca da família real, que morreu hoje, se destacou por trazer uma imagem única ao estilo da família real: roupas coloridas, estampas diversificadas e muito luxo. Sempre. Todos esses trajes eram feitos exclusivamente para o seu uso e com um intuito principal: esculpir sua própria identidade visual. De forma mais singular possível.

Enquanto a princesa Diana possa ter sido a responsável por lançar tendências e seja considerada uma das maiores referências, até mesmo após a sua morte, Elizabeth traçou um caminho diferente nesse universo. Tão importante quanto. Seu lugar não era fazer com que as pessoas desejassem se vestir como ela, mas associar algumas peças a um guarda-roupa "impecável" — como a forma de se vestir da rainha é definida pelos principais veículos de moda mundialmente.

"Acho que a rainha abordou muito suas roupas como um uniforme, mas ela as mantém criativas e interessantes dentro dessas diretrizes", diz a escritora e comentarista de moda real Elizabeth Holmes em entrevista à "BBC". "A moda real é divertida, poderosa e cheia de significado. Sua imagem é uma grande parte de seu legado".

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A seguir, desvendamos alguns segredos e significados por trás dos looks usados pela Rainha Elizabeth.

Monocromáticos

Os looks de uma cor só, em sua grande maioria com tons fortes, faziam parte do visual clássico da rainha há um bom tempo. Impossível não citar o traje usado por ela no casamento do filho, Charles, com a princesa Diana. Para a ocasião, peças que combinavam umas as outras na cor azul: desde o chapéu até o vestido.

Em contraste, o branco do sapato e das pérolas que carregava no pescoço.

No entanto, além do estilo por si só, essas roupas teriam um significado para serem utilizadas com tanta frequência por Elizabeth. De acordo com o site "Express", as cores fortes eram uma forma para identificar a rainha a longas distâncias — ou seja, não perdê-la nunca de vista.

O chapéu, por sua vez, aumenta alguns centímetros a sua pequena estatura, de 1,57 metros, e realçaria o rosto.

"Ela precisa se destacar para que as pessoas possam dizer 'eu vi a rainha'", disse sua nora Sophie, condessa de Sussex, no documentário "The Queen at 90". "Não se esqueça que quando ela aparece em algum lugar, a multidão [...] é grande, e alguém quer poder dizer que viu um pedaço do chapéu da rainha quando ela passou",

Colar de pérolas

Por que Elizabeth estava sempre usando um colar de pérolas? O acessório está presente em seus looks nas ocasiões mais especiais: como em casamentos, eventos da família real e, mais recentemente, no funeral do seu marido, Phillip.

De acordo com a revista "People", a joia faz parte de uma tradição antiga — com antiga, queremos dizer centenas de anos — da família real.

"As pérolas são tradicionais para as rainhas, nunca houve uma rainha que não usasse pérolas", explicou Leslie Field, autora do livro "The Queen's Jewels", à publicação. "Elas são raras, belas e brilhantes, e quanto mais você as usa, mais brilhantes elas se tornam".

Há ainda uma regra de etiqueta que diz que os colares de pérola devem ser usados até às 18h. Após esse horário, o "ideal" é optar por acessórios de diamantes.

A tradição, ainda de acordo com a revista People, começou com a rainha Vitória: "Ela dava a cada uma de suas filhas e netas uma pérola todos os anos como presente de aniversário para que, quando atingissem a maioridade, aos 18 anos, tivessem pérolas suficientes para completar um colar".

O truque dos sapatos

Elizabeth tinha o seu sapato favorito: um mocassim de couro, feito sob medida para ela e (quase) sempre acompanhando o seu look nos pés.

Feitos pelo sapateiro Anello & Davide do oeste londrino — uma das poucas marcas em que a rainha confia — os mocassins têm efeito crocodilo e salto leve, o que permite que ela fique confortável durante o dia.

O conforto era uma exigência de Elizabeth. Para que os calçados não causassem bolhas ou machucassem seus pés, eles eram utilizados anteriormente por alguém para que eles fossem laceados e, dessa forma, se encaixassem perfeitamente na realeza.

"Os sapatos dela têm que ser imediatamente confortáveis, então ela tem alguém que os usa [antes]. A rainha não pode nunca dizer: 'Estou desconfortável, não posso mais andar'", explicou ao Sunday Times o estilista Stewart Parvin na ocasião. Ele foi responsável durante muitos anos pelos looks de Elizabeth 2ª.

"Como já foi muito noticiado pela imprensa, uma lacaia usa os sapatos de Sua Majestade para garantir que eles estejam confortáveis e que ela esteja sempre pronta para sair. E sim, eu sou aquela lacaia", revelou em 2019 Angela Kelly, a assistente pessoal da rainha, em sua autobiografia "The Other Side of the Coin: The Queen, the Dresser and the Wardrobe" ('O Outro Lado da Moeda: A Rainha, a Costureira e o Guarda-roupa', em tradução livre).

"A rainha tem pouco tempo para si mesma e não tem tempo para desgastar seus próprios sapatos. Como somos do mesmo tamanho, faz sentido que seja assim", justificou ainda Angela.

O vestido de noiva

Criado pelo estilista Norman Hartnell, o traje foi inspirado na "Primavera" do pintor renascentista Sandro Botticelli, cheia de linhas fluidas e flores que lembram a pintura. A informação é da revista "Harper's Bazaar".

De acordo com o Royal Collection Trust, o vestido e sua evocação da primavera deveriam simbolizar "renascimento e crescimento" na Grã-Bretanha após a guerra.

O véu tinha quase 4 metros de comprimento e levou quase dois meses para ser finalizado. Segundo o site "Southern Living", a confecção foi feita por 350 mulheres, em seu total.

O vestido foi decorado com cristais e 10 mil pérolas incrustadas ao tecido de seda, importadas dos Estados Unidos da América, que contribuíram para o longo tempo para sua criação.

Para a série "The Crown", da Netflix, uma réplica exata da peça foi criada. O vestido usado pela atriz Claire Foy custou 30 mil libras, cerca de R$ 180 mil, e levou sete semanas para ser feito.