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Palácio de Versalhes reabre fascinantes alas históricas após restauro; veja

Apartamento do Delfim, no Palácio de Versalhes: espaço reabriu ao público em 1º de abril de 2022 após 10 anos fechado - Divulgação/Palácio de Versalhes
Apartamento do Delfim, no Palácio de Versalhes: espaço reabriu ao público em 1º de abril de 2022 após 10 anos fechado
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

Mariana Araújo

De Nossa

07/04/2022 04h00

Na última semana, o Palácio de Versalhes anunciou que devolveria a sala "Jeu de Paume" ou Jogo de Palma ao seu circuito turístico após uma extensa restauração.

O cômodo, concebido inicialmente como espaço em que o rei Luís 15 usaria para praticar o esporte — uma espécie de tênis da realeza pré-revolucionária —, é mais conhecido por ter abrigado as primeiras assembleias que deram origem à República Francesa.

A sala "Jogo de Palma" do Palácio de Versalhes após a restauração - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
A sala "Jogo de Palma" do Palácio de Versalhes após a restauração
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

No entanto, este não é o único espaço em Versalhes que foi devolvido ao público e poderá voltar a encantar turistas nesta reabertura pós-pandêmica.

Principal reabertura: Quarto do Delfim

O quarto do Delfim, como era chamado o príncipe herdeiro do trono francês, assim como a Galeria de Esculturas e Molduras já estão abertos desde sexta-feira (1º). Além disso, a administração do Palácio anunciou que tours guiados não só pelos "novos" espaços, assim como por outras dependências e pelos jardins foram retomados.

A biblioteca do apartamento do Delfim - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
A biblioteca do apartamento do Delfim
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

As obras no gabinete do Delfim foram iniciadas em outubro de 2020 e estavam previstas para durar um ano, mas o processo atrasou.

O trabalho exigiu imensa atenção aos detalhes: o objetivo era restaurar os espaços como eram após a reforma de 1750 conduzida por Ange-Jacques Gabriel para o filho mais velho de Luís 15, Delfim Luís Fernando.

À época, todo o quarto foi decorado por grandes artistas, como Jacques Verberckt, responsável por esculpir o painel de madeira criado por Gabriel, além de Jean-Baptiste Pierre, que executou as pinturas sobre as portas.

Uma das antessalas do Delfim - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
Uma das antessalas do Delfim
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

Antes da restauração, estas pinturas ficaram guardadas no acervo das coleções do Palácio, mas agora foram devolvidas ao seu local original para que o público possa apreciá-las.

Durante o reinado de Luís Filipe, entre 1830 e 1848, período de restauração da monarquia após a revolução, uma enorme porção da decoração desta parte de Versalhes havia sido alterada ou coberta com outras pinturas. Já no século 20, o painel de madeira e o trabalho de ornamentação em ouro foram restaurados.

A lareira, encontrada em um armazém, assim como parte da decoração pré-revolução possuía muitos desgastes. Agora recuperadas, elas foram devolvidas à ala. Segundo a equipe do Palácio, o trabalho original é considerado uma relíquia do período rococó.

Todo o piso térreo volta a receber o público

Além da reinauguração dos aposentos do Delfim, outros cômodos do piso térreo de Versalhes, que compõem um só complexo, reabriram suas portas aos turistas.

São eles os Apartamentos das Filhas do Rei, como são conhecidas as dependências que pertenceram às "madames da França" e filhas de Luís 15; além da Salle des Hoquetons, área destinada aos guardas que protegiam o Palácio, e o Apartamento dos Capitães das Guardas, que agora recebe visitas após cerca de 20 anos interditado.

Apartamentos das Filhas do Rei

Um complexo que mudou de função diversas vezes ao longo dos séculos, estes apartamentos têm uma decoração rica e contam uma história ainda mais cheia de detalhes, tanto que o museu disponibiliza um áudio guia bastante completo sobre sua trajetória que pode ser aproveitado durante a visita através do aplicativo "Château de Versailles" (disponível para iOS e Android).

Construídos e redistribuídos aos poucos, os aposentos das princesas francesas passaram por reformas extensas também em etapas desde os anos 80 até 2013. Fechados desde a pandemia, eles se juntam às alas que reabrem.

Apartamentos das Filhas do Rei, em Versalhes

Entre as obras que decoram os quartos, há representações das Fábulas de La Fontaine pintadas por Jean-Baptiste Oudry e um cravo ricamente trabalhado — já que Madame Vitória tocava tão bem o instrumento que teria inspirado Mozart a dedicar duas sonatas a ela.

Os espaços de Madame Adelaide guardam muitos dos motivos florais e de móveis que também pertenceram à Madame de Pompadour, uma das amantes do pai.

Salle des Hoquetons

A sala onde se reuniam os guardas do Palácio é tão antiga quanto Versalhes: ela recebeu sua primeira decoração em 1672, feita por Charles Le Brun, com uma porção de estátuas que provocavam ilusões óticas em quem entrava no ambiente.

Salle des Hoquetons - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
Salle des Hoquetons
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

Em 1750, ela foi dividida em duas antessalas a pedido de Madame de Pompadour, como mencionado, a amante favorita de Luís 15. Sob o reinado de Luís Filipe, a sala foi reunificada. Hoje ela abriga uma série de estatuetas de diversos períodos da história da residência real que também compõem, em diferentes temporadas, o bosque do Labirinto, nos jardins.

Apartamento dos Capitães das Guardas

Considerado um ponto estratégico dentro do Palácio, este cômodo conta, na verdade, com quatro salas onde algumas das obras de arte mais importantes de Versalhes estão expostas, que datam do reinado de Luís 16, o último rei antes da Revolução Francesa.

O Apartamento dos Capitães da Guarda - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
O Apartamento dos Capitães da Guarda
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

Originalmente criado por Luís 14 para ampliar a vigilância já imposta por Luís 13 ao complexo, que recebia guardas em diferentes porções por sua acessibilidade ao público — uma tradição que colocava o monarca sempre em risco —, os aposentos dos Capitães ainda dão acesso ao Apartamento Privado da Rainha, instalado em 1784 para Maria Antonieta depois que ela decidiu deixar seus aposentos cerimoniais.

O Apartamento Privado da Rainha - Divulgação/Palácio de Versalhes - Divulgação/Palácio de Versalhes
O Apartamento Privado da Rainha
Imagem: Divulgação/Palácio de Versalhes

Ainda durante o verão, que vai até setembro, serão concluídas a restauração e a reabertura dos aposentos de Madame du Barry, a última amante de Luís 15. Alguns detalhes do trabalho meticuloso já foram divulgados nas redes de Versalhes.

Até 30 de outubro, o Palácio oferecerá uma programação nos jardins com música às terças, quintas e sextas, além de música e a show aquático aos sábados e domingos. As apresentações complementam a exibição de esculturas por todo o perímetro.