"Tivemos que fugir do olho do furacão", diz turista brasileiro em Cancún

Lockdown e hospedagem em hotel desativado marcam experiência de brasileiro durante furação em Cancún.

Desde que foi anunciada a aproximação do furacão Delta, na região do Caribe, na última terça-feira (6), hotéis da região de Cancún, na Península de Yucatán, tiveram que ser evacuados e os hóspedes, enviados para áreas afastadas dessa tempestade de Categoria 4.

De acordo com atualização do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, o Delta tocou o solo, entre Cancún e Playa del Carmen, na manhã desta quarta-feira. Ainda segundo o NHC, são esperados ciclones, ventos perigosos, chuvas, inundações repentinas de rios e "significativos deslizamentos de terra".

Do México, o paulistano Sidney Michaluate que está na região desde domingo, conta como foi a experiência:

"Era uma viagem que estava marcada com alguns casais de amigos para abril e tivemos que postergar quando começou o surto de covid. Agora em outubro, tentamos arriscar porque vimos que a situação estava mais tranquila. Seria uma viagem só por Cancún e atrativos por aqui mesmo, como Isla Mujeres, Tulum e Chichén Itzá.

Eu estava em um resort all inclusive, o Riu Cancun, mas não chegamos a fazer nada. Quando íamos fazer nosso primeiro passeio, anunciaram que o furacão ia passar por aqui.

Na terça cedo começaram a chegar novas informações. O furacão ganhou intensidade às 10 da manhã, indo para nível 3. Foi anunciado então lockdown e não podíamos mais sair do hotel.

A gente sabe que Cancún é uma rota de furacões [a temporada costuma ir de julho a novembro], então os hotéis estão preparados para isso. Mas quando foram chegando as informações sobre a nova intensidade do furacão e que teríamos que deixar o hotel, percebemos que a coisa era séria mesmo. Daí ficamos mais preocupados.

Ao meio-dia, avisaram da mudança para categoria 4 e todos os hóspedes tiveram que ir para um hotel desativado pela covid, em Playa del Carmen, a 70 quilômetros de Cancún. A evacuação demorou cerca de três horas até que todas as pessoas fossem colocadas nos cerca de 30 ônibus à disposição dos hóspedes.

É de admirar a tranquilidade de todos os funcionários do hotel, que estavam sempre atualizando as informações dos procedimentos. Eles já estão acostumados com isso.

Recebemos um kit de sobrevivência com macarrão, frutas, salada e garrafas de água.

A partir das 22h30 de ontem fomos impedidos de sair dos quartos porque seria a hora que começaríamos a sentir a passagem do furacão.

A gente viu que do nada ficou muito nublado e começou a chover.

Eu dormi tranquilo esta noite, mas acordei às cinco da manhã com chuva e uma ventania bem forte. Não consegui mais dormir por conta do barulho.

Foi uma experiência muito parecida com a de um hotel aberto, mas com ele desativado. As camas não estavam feitas, mas água quente e energia funcionam normalmente. As lâmpadas nem piscaram.

Você está ouvindo um barulho de uma motoserra? Então, estão cortando uma árvore que caiu aqui [em Playa del Carmen]. Dá para ver que foi uma ventania muito forte, mas nem se compara ao que está acontecendo em Cancún.

Precisávamos sair do olho do furacão, porque tínhamos sentido bastante a ventania.

O negócio está bem feio lá em Cancún e está rolando até agora. Embora Playa del Carmen del esteja perto, o importante era sair da rota do Delta.

Não sabemos como será o nosso dia hoje, mas até esta tarde o furacão deve estar em Cancún ainda. Está meio obscuro porque não sabemos o que vai acontecer, talvez passar mais um dia aqui em Playa del Carmen.

Vai ser muito triste chegar em Cancún e ver tudo destruído, árvores caídas, prédios com vidros quebrados. Pela intensidade do furacão, vai ser uma visão bem triste. Quando a gente chegar, vai ver que o estrago foi bem feio."