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Tráfego aéreo na América Latina voltará a níveis pré-pandemia em 2024

Aeroporto em Buenos Aires, na Argentina: a retomada das viagens será gradual, acredita associação do setor - EPA/Juan Ignacio RONCORONI
Aeroporto em Buenos Aires, na Argentina: a retomada das viagens será gradual, acredita associação do setor Imagem: EPA/Juan Ignacio RONCORONI

da EFE, em Miami

01/04/2022 10h36

O setor de aviação na América Latina está confiante em retornar aos níveis pré-pandemia em 2024, embora os Estados Unidos e o Canadá possam fazê-lo um ano antes, em um processo de recuperação que, no entanto, enfrenta desafios significativos, segundo as perspectivas atuais da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês).

A informação foi revelada nesta quarta-feira por Filipe Reis, diretor regional de Serviços de Aeroporto, Passageiros e Cargas da IATA durante a Conferência GHI Americas, organizada pela Ground Handling International, onde salientou que estas previsões estão sujeitas à evolução da covid-19 e mesmo ao impacto nas economias devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Mesmo assim, a nível global, "as perspectivas são positivas", disse o executivo, destacando a retomada do tráfego aéreo na América Latina, que registra atualmente em termos de passageiros internacionais 23% a menos do que antes da pandemia.

Enquanto isso, o mercado americano está 26% aquém dos níveis pré-pandemia, destacou Reis.

Esses números refletem uma recuperação significativa no continente americano, já que, em termos globais, o setor representa 50% dos registros anteriores à pandemia do coronavírus, segundo dados da IATA, que inclui quase 300 companhias aéreas globais e representando 80% do setor.

Com uma visão de longo prazo, a associação considera viável que em termos globais o tráfego aéreo seja de cerca de 8 bilhões de passageiros até 2040, uma projeção de 20 anos que está "de acordo com a evolução histórica" e que, além disso, representa o dobro do registro anterior à covid-19, disse Reis.

"Durante a pandemia perdemos um bilhão de passageiros, o impacto foi muito forte", reconheceu o executivo, com 30 anos de experiência no setor e que, em declarações à Agência EFE, confessou que "ninguém imaginaria" uma crise da magnitude da que foi desencadeada pelo coronavírus.

Questionado pela EFE sobre as lições deixadas pela pandemia neste setor, Reis destacou a importância de "permanecer flexível e trabalhar de forma muito próxima" com aeroportos e governos, com os quais, disse, é necessário "continuar a estreitar as relações".

"As crises virão sempre, mas quanto melhor preparados estivermos, teremos de fazer em grande parte com a capacidade de diálogo e compreensão que temos com os demais 'stakeholders' (interessados) da cadeia", acrescentou.

Crescimento sólido de carga aérea

A carga aérea cresceu após a ruptura logística global desencadeada pela pandemia, especialmente a carga marítima, levando a uma "substituição importante" pelo setor aéreo, levando inclusive algumas companhias aéreas a utilizar seus aviões de passageiros para atender a demanda.

"Antes da pandemia, a receita de carga significava 12% ou 15% para as companhias aéreas em números globais. Temos membros que durante o pico da pandemia, a representação da carga nas suas receitas totais foi superior a 30%", disse comentando que este tipo de transporte é um "suporte significativo".

Essa compensação, no entanto, foi insuficiente para cobrir a perda de passageiros, que no caso de algumas companhias aéreas foi de 90%, com casos extremos nos mercados asiáticos chegando a 98%, golpe que duplicou o volume da dívida entre 2019 e 2021, e que agora é uma "preocupação" para a indústria, disse Reis.

O diretor da IATA destacou que no final da década de 1990 havia uma tendência entre muitas companhias aéreas para eliminar suas frotas de aviões de carga; porém, atualmente, há uma espécie de "recuperação" e empresas como a Latam agora estão sendo vistas dobrando sua frota de cargueiros.

Essa tendência atual, parcialmente causada pelo coronavírus, é uma oportunidade no mercado atual que reflete que o benefício do comércio eletrônico de carga aérea tem sido "ainda mais relevante do que muitos imaginavam".

Infraestrutura e outros desafios do setor

"O e-commerce e a Amazon (a plataforma de comércio eletrônico) vão continuar impulsionando o setor, mas ao mesmo tempo exige uma série de mudanças", ressaltou o executivo.

Durante sua apresentação, Reis salientou que mesmo antes da pandemia na América Latina havia necessidade de aumentar a infraestrutura neste setor, e acrescentou que nesta região existem "muitos países" com limitações neste contexto, para os quais estão em diálogo com governos.

Outra questão pendente, continuou, é tornar a região mais competitiva, onde "é muito caro voar", bem como fazer progressos na sustentabilidade do meio ambiente.

Para fazer isso, a indústria está analisando fontes de energia baseadas em hidrogênio, bem como baterias elétricas e aquilo que chamam de "combustíveis sustentáveis", derivados de resíduos agrícolas.