Histórias do Mar

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Reportagem

Casal que mora em um barco com 6 gatos diz que até os bichos adoram isso

Segundo pesquisas, mais da metade da população mundial possui algum tipo de animal de estimação em casa.

Mas, e se a "casa" em questão for um barco? E os animais, gatos? — seis gatos, bichos que, como se sabe, sequer gostam de água...

Pois esta é a "casa" do casal alagoano Aline Fernandes e José Maria, ambos de 47 anos, donos de meia dúzia de bichanos, e que há três anos convivem com eles em um veleiro catamarã de 11 metros de comprimento, não por acaso batizado de "7 Vidas" — o nome não poderia ser mais adequado para um barco cheio de gatos...

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Imagem: Arquivo pessoal

Eram cinco, já são seis

"O barco chama-se "7 Vidas" porque, quando saímos do apartamento e viemos morar nele, tínhamos ´só` cinco gatos — que, comigo e com o meu marido, somavam "sete vidas" a bordo", explica Aline, enquanto, pacientemente, tira um deles de cima da mesa do veleiro.

"Só que, logo depois, achamos uma gatinha perdida numa praia, e daí passaram a ser seis gatos — ou "oito vidas" no barco. Mas, como não queríamos mudar o nome do veleiro, decidimos batizar a nova gatinha de "Clandestina", porque, assim, oficialmente, ela não faz parte da tripulação. Mas também a chamamos de 'Alien', porque é a 'oitava passageira'", diverte-se Aline, que não acha tão absurdo assim ter tantos gatos dentro de um barco.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Dizem que é considerado 'normal' uma pessoa ter até três gatos em casa. Então, como nós somos duas pessoas, temos direito a seis gatos, certo?", diz, rindo do próprio raciocínio torto.

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"Além disso, 'cat', como está escrito junto ao nome do barco, é a abreviatura internacional para 'catamarã', mas, coincidentemente, também significa gato, em inglês", explica José, que todos chamam de "Zé". "E o '7 Vidas' é porque é o que dizem que os gatos têm.

Trocaram apartamento pelo barco

A mudança radical — de vida, de rotina, especialmente de endereço, já que, com o barco, eles agora vivem mudando a "casa" de lugar a todo instante — aconteceu durante a pandemia, quando Aline, que é especialista em informática, teve a oportunidade de trabalhar em casa.

Então, por que não trocar o apartamento onde o casal morava, em Maceió, por um veleiro, já que ela sempre teve o sonho de viver em um barco?

Mas havia uma condição para isso: os gatos teriam que ir junto.

E eles foram.

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Inicialmente, cinco.

Mas hoje já são seis — dois machos e quatro fêmeas, que eles tiveram o cuidado de castrar, para a população do barco não aumentar ainda mais.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Os gatos adoram o barco, porque ele é cheio de esconderijos, e os felinos adoram isso", garante Aline.

Difícil é encontrar todos eles ao mesmo tempo, porque tem sempre um escondido

Um dos gatos até pesca

Por isso, toda vez que voltam para "casa" — ou seja, retornam para o barco, após algum passeio em terra firme —, Aline e Zé fazem a "contagem" dos gatos, um por um, para ter certeza de que todos continuam a bordo — o que nem sempre é fácil, porque alguns se escondem nos locais mais improváveis, como dentro do compartimento do motor ou do saco de velas do barco.

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O temor do casal é que os bichanos caiam no mar, porque, embora gatos saibam nadar, nem sempre conseguem voltar sozinhos para o barco.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Dos seis, quatro já caíram na água", conta Zé.

Um deles, cinco vezes. Mas ficou tão acostumado com o mar que hoje até pesca o próprio peixe, com as garras da pata

Pelos por todo o barco

Apesar de estar sempre no mar, já que mora nele, Aline segue dando expediente diário, das 8h às 17h, para a empresa na qual trabalha, a partir do próprio barco, em meio ao corre-corre dos gatos.

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Imagem: Arquivo pessoal

"Eles só atrapalham quando passam correndo sobre o teclado do computador", diz.

"Nós e os gatos nos adaptamos muito bem à vida no barco. O único problema é, como a 'casa' é pequena, tem sempre um monte de pelos por todos os cantos do barco", diz Zé.

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Imagem: Arquivo pessoal

"A sorte é que, no mar, tem sempre um ventinho soprando, e isso ajuda a levar os pelos embora", como eles contaram, recentemente, ao canal # Sal, na internet:

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Mudam a casa de lugar

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Imagem: Arquivo pessoal

No momento, Aline, Zé e os seis felinos do 7 Vidas estão "morando" diante de uma das praias de Vitória, no Espírito Santo, como sempre relatam em suas redes sociais

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Imagem: Arquivo pessoal

Mas, em breve, têm planos de "mudar" para Búzios, no Rio de Janeiro, e, de lá, planejam seguir navegando até Angra dos Reis e Ubatuba. E os gatos vão junto, claro.

"Mudamos de CEP toda hora, mas estamos sempre em casa", diverte-se Aline.

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Às sextas-feiras não!

Aline e Zé garantem que não são supersticiosos. Mas, coincidentemente ou não, nenhum dos seus gatos são pretos.

E, por precaução, nunca iniciam uma viagem com o barco às sextas-feiras — dia da semana que, de acordo com as crendices dos velhos marinheiros, traz mau agouro para as travessias. Zé brinca:

Não custa evitar, né? Ainda mais com tantos gatos no barco

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Imagem: Arquivo pessoal

Azar também nos barcos

A lenda de que gatos negros trazem mau agouro vem da Idade Média, quando se acreditava que eram reencarnações de bruxas.

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Mais tarde, os marinheiros adaptaram a crendice para os barcos, e os bichanos passaram a ser vistos com maus olhos, embora não tanto quanto os coelhos - porque estes tinham o péssimo hábito de roer as madeiras dos cascos, causando naufrágios.

Um gato que fez história

Mas nem todos os gatos embarcados eram considerados portadores de má sorte.

Um deles, em particular, ficou famoso justamente por trazer sorte — pelo menos, para ele próprio.

Na Segunda Guerra Mundial, um certo gato malhado, preto e branco, fez história ao virar mascote de navios que atuaram nos dois lados do conflito (o da Alemanha e o dos Aliados), e ao sobreviver a nada menos que três naufrágios.

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Imagem: Arquivo pessoal
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Batizado de "Oskar", pelos marinheiros alemães, e "Sam" pelos seus congêneres Aliados, o felino virou tema até de livro, e ganhou uma fama dúbia: a de trazer azar aos navios que embarcava, mas ter tido a sorte de sobreviver ao afundamento de todos eles — clique aqui para ler esta interessante história.

"No nosso caso, os gatinhos só trazem felicidade. Eles são a alegria da casa. Quer dizer, do barco", corrige o casal alagoano que tem o mar como endereço, e seis bichanos como mascotes.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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