CBV perde R$ 10 milhões por ano do Banco do Brasil e tenta se adequar
A CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) começou com um duro baque o ciclo que vai até os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Patrocinador da entidade desde 1991 e principal parceiro comercial da modalidade no país atualmente, o Banco do Brasil exigiu corte de pelo menos R$ 10 milhões para renovar contrato para o próximo quadriênio. É a maior redução já feita no negócio com a instituição financeira, o que já levou a instituição que comanda o vôlei em âmbito nacional a se adaptar.
O Banco do Brasil investirá R$ 218 milhões para seguir associado à CBV nos próximos quatro anos (R$ 54,5 milhões por temporada). O valor representa redução de 17% em relação ao que a empresa pagou no quadriênio anterior – sem contar premiações e remunerações variáveis, a entidade esportiva recebia pouco mais de R$ 60 milhões por ano.
O corte é especialmente significativo para o esporte brasileiro. Dois meses depois de os Jogos Olímpicos terem sido sediados no Rio de Janeiro, uma das modalidades mais populares do país sofre redução significativa em seu principal aporte financeiro. A notícia já funcionou como alerta para outras confederações: se até o vôlei terá de se adequar a uma realidade financeira mais comedida, o temor de dirigentes é o efeito disso entre os que repercutem menos.
CBV planeja mudanças, mas tenta não mexer com seleções
Em 2015, segundo balanço financeiro, a CBV faturou R$ 94,8 milhões. O aporte do Banco do Brasil, contando premiações e variáveis, representou 76,5% disso. A entidade já iniciou um plano de adequação a uma nova realidade financeira.
“Acho que todo o esporte brasileiro vai passar por um exercício de adaptação. Nós, da CBV, já nos preparamos para isso em 2016. Implementamos uma série de medidas de controle orçamentário e de preparação na equipe”, contou Ricardo Trade, o Baka, CEO da entidade.
A base da adequação da CBV é uma redução de custos administrativos. A entidade deixou de trocar a iluminação dos ginásios do centro de treinamentos sediado em Saquarema, por exemplo, e postergou a renovação da frota de carros – os três veículos usados foram fabricados em 2013 e receberão apenas ajustes para prosseguirem até 2018.
“Não afetamos em nada a preparação olímpica ou as nossas seleções. Estamos participando de três sul-americanos de base e temos mundiais neste ano. Nada vai afetar nossa preparação, mas vamos nos adequar no orçamento, como qualquer empresa”, admitiu Trade.
Novo contrato também oferece novas opções de receita para a CBV
Quando solicitou uma redução no contrato, o Banco do Brasil admitiu perder algumas propriedades que balizavam o negócio. A instituição financeira segue detendo exclusividade no uniforme das seleções de quadra, por exemplo, mas abriu espaço para outras marcas no fardamento de equipes de praia e em placas publicitárias das arenas.
“No novo contrato, o Banco do Brasil optou pela redução nas contrapartidas adquiridas, o que permite a entrada de novos parceiros no investimento da modalidade. O contrato permanece como o mais importante e longevo do esporte amador no Brasil”, disse a empresa em nota enviada ao UOL Esporte.
Pensando nisso, segundo Trade, a CBV pode acelerar um plano de prospecção de mercado: “Dentro do planejamento estratégico desenhado para a CBV de 2016 a 2020 tem uma ação importantíssima, que é captar novas fontes de recursos, dependendo cada vez menos de recursos públicos. Mas é uma meta de médio e longo prazo”.
Redução do Banco do Brasil ratifica temor no esporte brasileiro
A mudança no contrato do Banco do Brasil com o vôlei é o segundo grande corte que o esporte olímpico nacional sofre depois do fim da Rio-2016. Antes, os Correios haviam feito uma redução ainda mais significativa em suas relações com as confederações de esportes aquáticos (CBDA), handebol (CBHB) e tênis (CBT).
Em reunião realizada em Brasília, a diretoria dos Correios avisou que a manutenção da relação com essas entidades estava condicionada a uma redução drástica. Estipulou para o próximo quadriênio um teto de 5% do valor investido anteriormente. Os contratos ainda não foram assinados.
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