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Rodrigo Caetano: Qual segurança que passamos aos treinadores estrangeiros?

Do UOL, em São Paulo

08/05/2021 04h00

Como executivo do Internacional na temporada 2020 e do Atlético-MG em 2021, Rodrigo Caetano passou por situação parecida nos dois clubes, com as saídas inesperadas dos técnicos argentinos Eduardo Coudet, no Colorado, e Jorge Sampaoli, no Galo, que aceitaram propostas do futebol europeu e partiram para o Celta de Vigo e o Olympique de Marselha, respectivamente.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do UOL Esporte, o dirigente comenta os dois casos e aponta os clubes como culpados pelo pouco tempo de permanência dos técnicos estrangeiros no país devido à cultura de cobrança por resultados imediatos que causa insegurança para os técnicos desenvolverem seus trabalhos.

"Ambos optaram por essa ida à Europa um pouco também por culpa dos nossos clubes. Qual a segurança que nós ao longo da história passamos para esses treinadores estrangeiros? Então, como eles estão sempre muito atrelados ao resultado, 'olha, se não tiver investimento, não tiver resultado, eu vou sair. Então, antes que me saiam, antes que me tirem, eu não posso desperdiçar uma oportunidade, uma oportunidade de ir para a Europa, que era uma oportunidade única', isso no caso do Coudet", afirma Rodrigo Caetano.

"Já aqui no Sampaoli, um ano praticamente ele no Galo, ele teve o convite de retornar e entendeu isso como uma grande oportunidade, mas é um pouco disso, é um pouco dessa insegurança que a gente passa para os profissionais e não são só estrangeiros, são os nossos, é que fica mais evidente ainda no caso dos estrangeiros, vide o caso do Santos mais recentemente", completa, citando o pedido de demissão de Ariel Holan após pressão da torcida.

Caetano afirma que os clubes precisam reduzir a influência externa na tomada de decisões, além de os dirigentes terem a consciência do que buscam quando estão negociando a contratação de um treinador, dando respaldo para o desenvolvimento do trabalho.

"A gente sabe, o externo hoje, ele está determinando muita coisa nos clubes, muita coisa. E nós, clubes, nós gestores temos que ter um pouquinho mais de convicção daquilo que a gente vê, daquilo que a gente analisa aqui no dia a dia, porque senão vai ser cada vez mais difícil essa integração, de os treinadores estrangeiros virem ao Brasil quando eles veem essa rotatividade, é muito difícil", diz o diretor executivo do Atlético-MG.

"Em algum momento nós vamos ter que quebrar esse paradigma e passar essa mensagem para eles 'olha, o projeto aqui vai ter início, meio e fim'. Talvez assim eles possam, na hora de um convite, declinar e permanecer nos clubes brasileiros", conclui.

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