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ANÁLISE

Arnaldo: O São Paulo para não quebrar precisa vender suas joias da base

Do UOL, em São Paulo

31/03/2021 04h00

A nova diretoria do São Paulo assumiu o comando do clube com a missão de reduzir gastos e as dívidas acumuladas nos últimos anos e a saída para amenizar a situação financeira desta vez não é muito diferente de períodos anteriores, com a necessidade de vender jogadores revelados nas categorias de base.

No podcast Posse de Bola #112, Arnaldo Ribeiro comenta a situação financeira do São Paulo e afirma que a saída para não quebrar é a venda de jogadores revelados na base do clube em Cotia, mas faz o alerta de que nem sempre será possível contar com uma safra valiosa, o que tende a complicar o clube caso não encontre outros meios de obter receitas, até devido ao investimento da temporada atual em contratações.

"O que é o balanço do São Paulo há anos? É assim, o rombo é desse tamanho e para virar esse ano eu tenho que vender um, dois ou três jogadores da base. Essa história é a mesma há anos, e aí vai passado por jogador, David Neres, Antony, agora recentemente o Brenner. O São Paulo, para não quebrar, precisa vender suas, como os caras falam hoje, joias da base, qualquer jogador vira joia porque ele significa a possibilidade de rendimento", completa.

"O São Paulo está investindo em jogadores mais experientes e para fechar o seu balanço do próximo ano vai precisar vender além do Brenner que vendeu, além do Helinho, que está sendo vendido definitivamente ao Bragantino, mais um ou dois jogadores da base. Pode ser o Luan, o Gabriel Sara, o Igor Gomes ou quem estiver surgindo. Só que uma hora isso, se não seca, pode ficar mais raro. Quem estuda as categorias de base do São Paulo sabe que a próxima safra do sub-20, falado pelo Muricy [Ramalho] e pelos dirigentes atuais, não é tão profícua como as outras recentes", completa.

Arnaldo também destaca que a redução do mercado europeu devido à pandemia pode ser outro fator a afetar a previsão de vendas do São Paulo.

"O São Paulo talvez tenha problemas para vender seus jogadores, ainda mais porque os clubes europeus estão contratando cada vez mais jovens os jogadores e investindo cada vez menos. Então, para fazer a conta do balanço, para tapar o buraco do balanço, o São Paulo que vem vendendo jogadores talvez tenha dificuldades de encaixar mais um Brenner", afirma o jornalista.

"Tem que ficar claro, os jogadores da base, as joias da base que jogam no São Paulo, eles são uma espécie de tábua de salvação econômica para o time, que não tem outras receitas, porque ele não chega nas finais de campeonatos, porque em pandemia não tem, e quando não estávamos em pandemia, o São Paulo também não sabia como arrecadar mais dos seus torcedores, é um grande problema", completa.

Ele também chama a atenção para o fato de o torcedor não se preocupar com a questão financeira, ainda mais no caso de um clube que está há anos sem conquistar títulos, como é o caso do São Paulo, que não tem um time barato, precisa reduzir custos e tem a necessidade de ser campeão.

"Esse é mais um time caro do São Paulo, que não se paga, a folha de pagamento atual do São Paulo, do futebol, que precisa ser reduzida, a tal meta, em 10% ao final desse ano, ela está mais cara do que a anterior em 4 ou 5%. Então, durante esse ano, além da venda de jogadores, o São Paulo vai ter que reduzir a folha de pagamento. Sabe-se lá como. Se é renegociando com o Daniel Alves, com o Hernanes, dispensando mais jogadores, emprestando outros", diz Arnaldo.

"O São Paulo não está sufocado financeiramente, mas está cercado, o São Paulo está sufocado esportivamente e aí fica mais difícil você ser responsável financeiramente, o sufocado esportivamente é você estar numa fila de 10 anos. Então você não tem como barganhar com seu torcedor, 'olha, esse ano nós não vamos investir em ninguém'. Não tem como. Essa equação para o São Paulo é complexa, só que formar um time com chances de ganhar campeonatos não pode ser formar um time irresponsável", conclui.

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