Sérvia da Superliga ameaça deixar Brasil após assaltos: 'ataques de pânico'

Maior pontuadora da Superliga, a ponteira sérvia Aleksandra Uzelac cogita deixar o Fluminense após ser assaltada duas vezes no Rio de Janeiro. A atleta de 19 anos chegou a ter uma arma apontada para a cabeça.

Na Sérvia, só vimos algo assim em filme. Só quando algo assim realmente acontece com você é que você vê como isso é terrível. Depois de tudo, comecei a ter ataques de pânico. Uma noite foi muito assustador. Não me lembro de nada, só acordei no meio da noite e comecei a gritar, gritar, pensei que alguém estava me perseguindo. Liguei para minha mãe e disse que queriam me matar no apartamento. Achei que alguém estava me ligando. O trauma é grande. Uzelac, para o site sérvio Mozzart.

Estou com muita dificuldade para dormir, agora estou tomando remédio por causa dos pesadelos. Fico bem durante o dia, mas é difícil à noite. Ainda estou cansada, porque durante alguns dias não dormi nada. Só agora estou conseguindo fechar um pouco os olhos. Estou tentando me concentrar no vôlei, porque quero lidar com isso e seguir em frente. Não quero que isso me perturbe tanto.

O que aconteceu

A jogadora foi ameaçada com uma faca no primeiro assalto, e com uma arma no segundo. Ambos os episódios aconteceram em fevereiro.

Ela foi à polícia após o primeiro assalto, mas "eles não fizeram nada". Na ocasião, Uzelac estava andando de bicicleta com uma amiga.

Já o segundo assalto aconteceu quando a sérvia estava em um Uber após assistir a um jogo do Fluminense. Ela voltava para casa.

Traumatizada, Uzelac cogita deixar o clube antes mesmo do fim da temporada. Ela tem sofrido ataques de pânico e tem dificuldade para dormir.

O que mais ela falou

Saída do Fluminense: "Houve negociações, não havia nada certo se continuaria ou não. Mas, depois de tudo isso, nem tenho certeza se terminarei a temporada no clube. É bem possível que me dedique nos próximos dois meses e me prepare para a seleção [sérvia]. Se eu pedir ajuda de um psicólogo, com certeza será na Sérvia, não aqui. Eles me apoiam no clube, estão lá para tudo, mas tenho que ver o que é melhor para mim. É difícil quando sua vida está em perigo".

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O primeiro assalto: "Dois [criminosos] correram em minha direção, levantaram as camisas e tiraram facas. Eram facões, facas realmente enormes. Nem sei como elas cabiam nas camisas. Comecei a gritar e não sabia o que fazer. Posso dizer que Deus me salvou, porque nem caí da bicicleta e corri para a rua onde há carros e motos. Eu poderia ter sido atropelada. Minha amiga não conseguiu atravessar, ela caiu. Um me seguiu e o outro foi até ela. Parei, joguei a bicicleta fora, esperei por ela e parei um carro. Não pude fazer mais nada. Um táxi parou, de alguma forma entramos e fomos juntas à polícia".

Ida à polícia: "Eles [policiais] não fizeram nada lá, apenas nos levaram para casa mais tarde. Tudo aconteceu muito perto da delegacia. Fiquei muito traumatizada, foi muito assustador e não consigo tirar essa imagem da minha cabeça quando eles estão vindo até nós com facas. Ninguém veio ajudar, porque as pessoas não sabem o que esses criminosos podem pensar e para o que estão preparados".

O segundo assalto: "Eu estava olhando para o telefone, e minha amiga pegou minha mão e começou a gritar 'Uzi, Uzi, Uzi'. Quando olhei, estavam parados na nossa frente dois carros, atrás também, ao lado de duas motos. Homens saem com pistolas. Dois pararam na frente do carro e os outros bateram em todas as portas com uma pistola. Eles gritavam para darmos tudo o que tínhamos. Abriram a porta e apontaram a arma em direção à nossa cabeça. Estávamos gritando, quatro armas, inclusive aquela com silenciadores. Eles nos revistaram e um deles começou a entrar no carro, mas, de alguma forma, conseguimos pular e começar a correr. Não passava nada pelas nossas cabeças".

Reação da família: "Mamãe e papai queriam vir imediatamente para voltarmos para casa juntos. É claro que eles não têm certeza se devo ficar aqui. Quem teria certeza se algo assim acontecesse com seu filho? Eu acordo no meio da noite e ligo para minha mãe. Eu grito no telefone. Você entende o trauma que isso é para ela também? Eles se preocupam todos os dias e com certeza não querem que eu fique".

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