Lifestyle e juventude: quais as apostas da TNT Sports na transmissão da NBA

Desde outubro do ano passado, a TNT Sports já registrou mais de 756,8 milhões de impressões com a temporada 21/22 da NBA em suas plataformas. Sob o lema 'Aqui Geral Joga Junto' e com forte presença nas redes sociais, a transmissão vem sendo considerada internamente como um "case de sucesso". Mas quais as apostas da emissora com o campeonato?

A parceria entre a TNT Sports e a NBA para a transmissão de jogos no YouTube foi selada em junho de 2021. O acordo, que também permitiu à emissora produzir conteúdos para suas redes sociais, passou a valer desde as finais da Conferência Leste da temporada passada. Com isso, os fãs ganharam mais uma opção para assistir às partidas.

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Desde então, a TNT Sports entrou em quadra e já transmitiu mais de 100 partidas, investindo no engajamento e na disseminação do esporte pela internet. "Essa jogada de divisão dos direitos de transmissão da NBA, de ser mais plural, acaba atingindo um número maior de fãs", afirmou o narrador Octávio Neto ao UOL Esporte.

"Se parar para pensar, a marca é muito mais difundida e, consequentemente, acaba trazendo mais fãs, mais consumidores. Não tenho dúvida que esse é um tiro certeiro, não só pensando no produto NBA, mas também na audiência", acrescentou. O narrador ainda dá destaque às diversas opções de transmissões que são oferecidas ao público.

"Se a pessoa quer uma transmissão nível streaming, com mais conversa e zoeira, vai encontrar isso na live do Gaules. Se quer uma mais engajada com o público, com comentaristas especializados, pré-jogo e uma linguagem que ao mesmo tempo é de streaming, mas também profissional, aí vem para a nossa. E se quer uma transmissão mais quadrada, como antigamente, já vai para a TV fechada", explicou.

Fernando Medeiros, um dos comentaristas de basquete da emissora, concorda com o narrador que a TNT Sports tem que fazer jus ao lema durante as transmissões. Para ele, o formato online permite que os fãs possam assistir aos jogos de qualquer lugar e em telas menores.

"O 'Aqui Geral Joga Junto' realmente é a oportunidade de interagir com a audiência que está no seu celular, assistindo ao nosso jogo, de repente, em uma mesa de bar. A pessoa não precisa estar dentro de casa, sentada no sofá, para poder assistir NBA", comentou.

O comentarista acredita que se popularizar cada vez mais é fundamental para a modalidade e para a liga. "E para alcançar essa popularidade, estar em multiplataformas é essencial. Com a linguagem de internet, hoje a gente consegue trazer um público novo para a NBA", analisou.

Linguagem e juventude

Uma das estratégias da emissora é justamente conquistar o público mais jovem. No digital, essa missão acaba sendo naturalizada pelo fato de acontecer no 'habitat' dessa geração.

"Hoje, a fatia de novos fãs da NBA é muito grande no segmento dos jovens. Por conta do lifestyle, dessa linguagem que o basquete traz e porque a gente está na internet. E o jovem está na internet", explicou Fernando.

Um fator que contribui para essa relação é a linguagem das transmissões. Por isso, a equipe da TNT Sports precisa fazer com que o tom sempre "abrace a audiência", permanecendo em equilíbrio entre o informal das lives e o profissional engessado, da televisão, sem pender demais para nenhum lado.

"Essa linguagem é muito orgânica, faz parte do cotidiano. O Octávio, narrando, vai ter o comportamento técnico de um locutor, mas ele tem a sacada do digital porque também está no digital", apontou o comentarista. "Nosso público já está acostumado com essa linguagem, ele quer ouvir uma brincadeira, um meme. Para a gente é muito natural", acrescentou Fernando.

"É uma linguagem jovem", reforçou o narrador. "Você traz coisas do dia a dia porque, às vezes, vai ser uma transmissão de três, quatro horas de duração. Se você torná-la muito técnica, acaba tornando a experiência muito monótona", explicou. Ao mesmo tempo, ele lembra que há a preocupação "em não descambar para algo que deixe o jogo em segundo plano".

"Sempre digo que as estrelas [da transmissão] não somos nós. São os jogadores, os treinadores, quem está dentro de quadra", destacou Octávio.

Interatividade como termômetro

E como fazer para acertar o rumo na hora do ao vivo? Seguir o ritmo do público.

Os profissionais da TNT Sports revelam que contam com dois grandes indicativos: o chat do YouTube e as redes sociais. Isso porque, durante os jogos, os espectadores ficam a todo momento dando feedbacks quase que instantâneos sobre o que acontece em quadra e também na transmissão.

"Se a nossa transmissão é de internet, e a nossa proposta é 'O Aqui Geral Joga Junto', é a galera que dita o ritmo", avaliou Octávio Neto. "Se o chat está falando muito sobre alguma coisa ou se tem alguma hashtag sobre um determinado tema, é por ali que vamos seguir o caminho", completou.

Essa interatividade com o público, inclusive, não só é valorizada como também estimulada pela emissora. "A gente tem essa liberdade de fazer uma transmissão menos engessada, menos protocolar. Na internet, a gente consegue ter um termômetro, principalmente, engajando a audiência", disse Fernando Medeiros.

"Você vai retendo e engajando a audiência ao mesmo tempo com enquetes, brincadeiras, comentários. É uma transmissão que proporciona engajamento. Quando a pessoa começa a interagir, está cada vez mais dentro do jogo. E o nosso papel ali é trazer todos esses elementos que compõem uma partida, não somente a bola na cesta", destacou o comentarista.

Crescimento da NBA no Brasil

De acordo com um levantamento do Google realizado entre 2006 e 2020, o basquete é o terceiro esporte favorito dos brasileiros, atrás de futebol e vôlei. Com a atual temporada da NBA, a TNT Sports já teve mais de 19,4 milhões de engajamento com as transmissões e conteúdos.

Para Octávio e Fernando, a liga tende a crescer ainda mais no Brasil. "A NBA vem realizando um excelente trabalho e está tendo sucesso. Mas, para que isso se perpetue, precisa justamente trazer cada vez mais o jovem para esse contexto", opinou o comentarista. O narrador faz coro ao pensamento.

"A NBA é muito mais do que só assistir aos jogos. É você querer comprar o tênis, as jerseys, as camisas casuais. É ver o estilo de vida e os comportamentos dos jogadores, dos torcedores, e trazer isso para a sua vida de alguma maneira. Acho que a NBA, no quesito instituição, faz isso muito bem e vai continuar ampliando", analisou Octávio.

Fernando aposta nessa estratégia de "apaixonar o público", trazendo as pessoas "sem que elas percebam" que estão ficando inseridas no universo da modalidade. "São coisas que vão além do basquete, e a NBA consegue fazer isso. Aumentar a base é o foco principal para cada vez mais popularizar a modalidade", finalizou.

"Não é só alcançar, é atingir aquela pessoa, aquele fã. E aí você traz novos adeptos, novos consumidores. Não só do jogo, mas desse lifestyle, desse ecossistema que é se tornar um fã de NBA", opinou o narrador. Por fim, Octávio utiliza de si próprio como um exemplo.

"Sempre fui um cara que gostou de NBA, sempre amei desde moleque e trabalho com esporte a minha vida inteira. Mas, agora, eu mergulhei profundamente e passei a consumir ainda mais. Passei a comprar mais camisas, até mesmo uma meia do Doncic", argumentou.

Embora a NBA esteja em sua reta final, os números da temporada são comemorados pela dupla antes mesmo dos resultados dos Playoffs. "Se a temporada terminasse hoje, e ainda bem que não termina, já consideraríamos um grande sucesso de audiência. E esse sucesso ainda está subindo com a importância dos jogos finais que estão chegando agora", encerrou Octávio.