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Galiotte não vê polarização entre Palmeiras e Fla: 'Difícil vencer no país'

Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, em entrevista ao "Seleção Sportv" - Reprodução / SporTV
Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, em entrevista ao 'Seleção Sportv' Imagem: Reprodução / SporTV

Do UOL, em São Paulo

10/03/2021 16h06

Presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte foi o convidado da edição de hoje do 'Seleção Sportv'. O mandatário falou sobre a temporada vitoriosa do clube com os títulos do Campeonato Paulista, Libertadores e Copa do Brasil de 2020. Assunto do dia, a possível paralisação do torneio estadual pela fase restritiva imposta pelo governo do estado de São Paulo também foi tema da entrevista.

Com o sucesso da equipe na temporada passada, o presidente alviverde foi questionado se o futebol nacional verá uma polarização entre Palmeiras e Flamengo - clubes que realizaram grandes investimentos nos últimos anos. Galiotte, no entanto, rechaçou uma suposta hegemonia no futebol nacional.

"O Palmeiras conquistou títulos importantes no cenário nacional e agora a Libertadores. A gente sabe que para competir em alto nível é preciso ter um elenco competente e profissionais qualificados. O Flamengo, a exemplo do Inter e Atlético-MG, investiu muito e tem um grande elenco, com ótimos jogadores. Acredito que o Flamengo é uma equipe que vai sempre competir com a gente, mas existem outras. No Brasil, é muito difícil vencer. Diferente do Campeonato Espanhol, Alemão. No Brasil, temos grandes equipes. São seis, sete equipes que começam o campeonato com chances de vencer o título. Tivemos esse exemplo agora, no campeonato que se encerrou. Não coloco Palmeiras e Flamengo como os únicos possíveis a conquistar títulos no Brasil", afirmou Galiotte.

Se o Palmeiras já era considerado um dos clubes mais ricos do Brasil, os mais de R$ 200 milhões em premiações obtidas na última temporada poderia indicar uma conduta mais agressiva no mercado. No entanto, Galiotte revelou que o Palmeiras continuará adotando uma postura cautelosa em 2021.

"Nós temos que ter equilíbrio administrativo e financeiro e nesse momento muito cuidado com o aspecto social, com as pessoas. Administrar um clube como o Palmeiras é extremamente desafiador. Nós temos que ter sempre em campo um time competitivo, protagonista, e que tenha condições de disputar títulos. Os prêmios que nós recebemos na última temporada são importantes. Mas é preciso lembrar que tivemos um ano muito difícil, toda economia foi impactada, todos os setores foram impactados, e o futebol foi impactado diretamente. A situação é complexa para todos os clubes, não só no Brasil. Então, essas premiações minimizam o problema que nós tivemos de fluxo de caixa, mas não resolvem. Precisamos ter muita responsabilidade e cautela, é um momento sensível para fazer contratações", comentou.

Segundo o presidente, o Palmeiras deverá realizar movimentações pontuais no mercado de acordo com a necessidade do elenco.

"A ideia do Palmeiras é trazer algumas peças de forma pontual. Fizemos a análise do nosso elenco, identificamos as necessidades e olhamos para nossa base para ver se temos alguns jogadores que podem suprir. A partir disso, olhamos para o mercado e analisamos se poderemos trazer reforços pontualmente. A ideia do Palmeiras é repetir a política que foi adotada no ano anterior", disse Galiotte.

Questionado sobre o posicionamento do clube em relação a possível paralisação do Campeonato Paulista, o mandatário afirmou que o Palmeiras respeitará as orientações das autoridades.

"A gente passa por uma fase muito triste. O Palmeiras mantém a mesma posição desde o início da pandemia. A nossa preocupação é com as pessoas, com o cuidado das pessoas, e nós iremos acatar e respeitar todas orientações das autoridades de saúde competentes. Nós entendemos que paralisar ou não o campeonato, tem que ser uma decisão técnica. Não pode ser uma decisão política. Nós estamos tratando com vidas. Temos que ser responsáveis. O Palmeiras entende é que deve ser uma decisão técnica. Se o futebol coloca em risco as pessoas, nós temos que paralisar. Essa é a posição do Palmeiras e é a mesma posição desde o início da pandemia. Trabalhamos em tese em um ambiente seguro, porém, existem muitas pessoas que convivem no futebol e por isso que acontecem as infecções de jogadores e comissão técnica. Elas convivem com pessoas que estão fora desse ambiente controlado. Quando falamos em protocolo, precisamos tomar muito cuidado. O protocolo dentro do clube é uma coisa, mas os jogadores não ficam dentro do clube o tempo todo. É um momento de cuidado especial e de reflexão. Precisamos pensar em todas as outras pessoas que trabalham no futebol", avaliou.

Antes do clássico contra o Corinthians, válido pela segunda rodada do Estadual, o Palmeiras não divulgou a escalação da equipe ou mencionou o confronto nas redes sociais, como de costume. A postura foi entendida como ato de protesto pela não aceitação do pedido de adiamento da partida. O presidente minimizou o fato, mas declarou que o Palmeiras dará prioridade ao descanso do elenco devido ao acúmulo de jogos da última temporada.

"Em algum momento, precisamos dar descanso aos atletas. Estamos passando por uma situação atípica, tratando com pessoas, os atletas são seres humanos, têm família, existe o desgaste físico e mental. É impossível manter o ritmo que estávamos sem dar um descanso para os jogadores. Estamos dividindo o elenco em dois grupos e vamos jogar o Estadual de acordo com o descanso desses dois grupos. Foi uma temporada muito desgastante, jogamos todos os jogos possíveis de 2020. Pedimos a mudança daquele jogo contra o Corinthians por estar no meio das finais da Copa do Brasil e a Federação disse que não seria possível remarcá-lo. Mas vamos cumprir com todos os nossos compromissos e fazer o melhor possível, mas ponderando e cuidando das pessoas e do nosso elenco. Não foi fácil passar pelo que nossos jogadores passaram. Eles são heróis. Muitas partidas, a gente viu a dificuldade para terminar as partidas com um esforço físico e mental absurdo. Eles encararam, brigaram e se comprometeram com o trabalho. Vamos jogar o Campeonato Paulista, mas vamos dar o descanso para o elenco quando julgarmos necessário".

A temporada vitoriosa foi marcada pelo surgimento de jovens jogadores da base palmeirense. A nova política rompeu com o conceito de um clube comprador, desde a gestão de Paulo Nobre, para um clube formador. O presidente creditou o sucesso dos atletas formados em casa ao trabalho de Vanderlei Luxemburgo.

"Em 2019, fizemos uma reunião e definimos que precisávamos mudar nossa atuação no mercado. Precisávamos deixar de ser um clube comprador e apostar na nossa base. Mas isso só seria possível com a inserção dos garotos em um elenco com jogadores experientes e vitoriosos. E isso a gente tinha no elenco. Essa transição foi muito bem feita em 2020 e devo isso ao Vanderlei Luxemburgo. Ele fez isso muito bem. Agregar 12 garotos da base ao elenco profissional, não é fácil e não é simples. É preciso entender essa situação, entender como funciona o vestiário, como os jogadores mais experientes vão aceitar os garotos mais novos. O Vanderlei fez muito bem esse trabalho de transição. O Palmeiras pensou estrategicamente e pensou em buscar jogadores no mercado de forma pontual", completou.