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Chefe de equipe vê injustiça na marcha: 'Tiraram sonho de Erica e Brasil'

Erica Sena no pelotão de frente na disputa da marcha atlética nas Olimpíadas de Tóquio - Lintao Zhang/Getty Images
Erica Sena no pelotão de frente na disputa da marcha atlética nas Olimpíadas de Tóquio Imagem: Lintao Zhang/Getty Images

Demétrio Vecchioli e Caio Blois

Do UOL, em Tóquio e no Rio de Janeiro (RJ)

06/08/2021 07h26

O Brasil não teve mesmo sorte com a arbitragem nas Olimpíadas de Tóquio. Depois de judô, surfe e skate, o país viu Érica Sena deixar a medalha de bronze escapar nos últimos metros dos 20km de prova ao ser punida pelos juízes.

Na marcha, os atletas precisam se locomover com as pernas esticadas e mantendo sempre um dos dois pés no chão. Em resumo, eles não podem correr. Mas a margem entre marchar rápido e correr é pequena e, por isso, cada atleta pode tomar até duas punições por essas infrações, cartões amarelos, em uma mesma prova.

Érica tomou três, e parou por dois minutos na área de penalização a menos de 1km do fim do percurso. Gianetti Sena, chefe de equipe da marcha atlética em Tóquio, viu injustiça na decisão dos juízes.

"A marcha atlética tem isso, é a única prova que não depende só do atleta. Não importa o quanto você trabalha, o quanto você treina, se aprimore na técnica. Eles são soberanos e sempre vão avaliar e julgar do jeito que querem. Enquanto não houver outro mecanismo para que não aconteça essas coisas, vai se repetir. Todo atleta da marcha atlética já passou por isso em algum momento da vida, mas é uma Olimpíada, seria uma medalha inédita, mas a arbitragem tirou esse sonho dela e do Brasil, infelizmente", declarou, ao UOL Esporte.

Gianetti também discorda que Érica tenha forçado o ritmo para brigar pela medalha de prata e acabou punida por descuido. Mãe de Caio Bonfim, atleta da prova, a chefe de equipe criticou não só a punição recebida pela brasileira, mas também a dada a chinesa Yang Jiaiyu.

"Não acredito que seja o fato de ela querer ultrapassar a colombiana. Não sei se ela segurasse, conformasse com o bronze, talvez ela não fosse para a linha de penalização. A gente nunca vai saber o que se passa na cabeça dos juízes. Achei injusta, não só a punição da Erica, mas também da chinesa, foi desnecessário. Foram mais de 19km para fazer isso e decidem fazer faltando poucos metros para acabar a prova? Acho muita incoerência, muito injusto. Mas eles são soberanos", opinou.

No fim, punida, Érica Sena ficou com a 11ª colocação, melhor resultado do Brasil na marcha atlética em Tóquio. A pernambucana de 36 anos já havia conquistado o 7º lugar na Rio-2016 e tem diversos pódios em provas pelo mundo. A italiana Antonella Palmisano ficou com o ouro, seguida pela colombiana Sandra Arenas, medalhista de prata, e a chinesa Liu Hong, que herdou o bronze após sequências de punições no pelotão de frente.