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"Tá difícil processar", diz dupla brasileira após bicampeonato olímpico

Adriano Wilkson

Do UOL, em Enoshima (Tóquio)

03/08/2021 02h10

Martine Grael e Kahena Kunze se tornaram, nesta terça (3), bicampeãs olímpicas. O terceiro lugar na última regata da classe 49er FX garantiu às brasileiras o segundo ouro na história dos Jogos. Para as brasileiras, é difícil ainda de entender a dimensão dessa conquista.

"Às vezes a gente tem umas regatas de medalha tão complicadas, tão disputadas, e hoje foi uma mais tranquila. Cruzando aquela linha ali eu ainda não acreditava. Depois de uma semana tão dura, está difícil de processar", disse Kahena logo ao sair da água.

A regata, até de certa forma tranquila, contrastou com a tensão dos momentos que antecederam o primeiro ouro olímpico, na Rio-2016. "Ainda mais depois do penúltimo dia de regata que a gente sabia que, de novo, assim como no Rio, estava tudo empatado e próximo nos pontos. Estou muito feliz", completou Martine.

As brasileiras adotaram uma estratégia diferente das demais embarcações na última prova, disputada na Baía de Enoshima. Martine e Kahena seguiram por uma rota diferente das demais competidoras. Depois, revelaram que a decisão foi baseada no instinto da dupla.

"A gente veleja bem sozinha, né? A gente não gosta muito de bolo, lutando ali uma com a outra. Então a gente fez um pouco de teste no começo e viu que nenhum lado estava muito favorecido e a gente foi pelo instinto, né? A Tine deu uma boa lida na raia e acho que o truque ali foi manter a calma e velejar como a gente sabe", afirmou Kahena.

O instinto das bicampeãs olímpicas estava certo. Logo na largada, elas dispararam para o pelotão da frente da flotilha e, em todas as marcações, se mantiveram em terceiro lugar. Como as adversárias foram ficando para trás, o resultado era suficiente. Martine afirmou que o foco principal sempre foi a própria regata.

"É difícil de administrar porque tinham muitos barcos que podiam passar a gente dependendo da combinação de pontos. Claro que uns mais perto e outros mais longe, então é difícil você pensar em todo mundo. É mais fácil você pensar na sua própria regata", analisou Martine.

"Quando deu o primeiro cruza vento, a gente viu que tinham duas das concorrentes passando atrás da gente. Aí a gente deu uma cambada a mais para segurar elas", disse Martine. "A gente sabia que as alemãs tinham que botar mais de um barco entre a gente, e elas estavam ali atrás então a gente foi um pouco também em relação a elas", completou Kahena, que também ressaltou a importância de fazer uma boa largada.

No fim, as brasileiras cruzaram a linha na terceira colocação, à frente das principais rivais, e garantiram o segundo título olímpico em suas carreiras.