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Biles diz que demorou para entender abuso sexual: 'Pensei ser dramática'

Simone Biles foi vítima de abuso sexual na seleção dos Estados Unidos de ginástica artística - Jamie Squire/Getty Images
Simone Biles foi vítima de abuso sexual na seleção dos Estados Unidos de ginástica artística Imagem: Jamie Squire/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

07/07/2021 13h19

A ginasta Simone Biles afirmou que demorou para entender que estava sendo vítima de abuso sexual cometido por Larry Nassar, ex-médico da seleção dos Estados Unidos de ginástica artística. Nassar foi condenado em 2018 a passar de 40 a 175 anos na prisão após ser acusado de abuso sexual por mais de 150 vítimas.

"Ninguém nos disse o que era abuso sexual", disse Biles no documentário Simone vs Herself. "Nós realmente não sentíamos que estávamos passando por isso ou éramos vítimas. Muitas de nós não iam à escola. Fomos educadas em casa, então não é como se tivéssemos pessoas com quem conversar sobre isso."

"Eu pensei que estava sendo dramática no começo. Eu sinto que, nesses casos, fui uma das que tiveram mais sorte porque comigo não foi tão ruim quanto com algumas das outras garotas que eu conhecia", acrescentou a ginasta.

Simone Biles ainda afirmou que dormia para esquecer os episódios de abuso. "Eu me lembro de dizer à minha mãe e ao meu agente que eu dormia o tempo todo. Porque dormir era melhor do que me matar. Era minha maneira de escapar da realidade. E dormir era a coisa mais próxima da morte para mim naquele ponto. Então, eu dormia o tempo todo."

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.