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Olhar Olímpico

Infectologista de Harvard vai às Olimpíadas, mas seu trabalho será correr

Gabby Thomas comemora após vencer os 200m na seletiva dos EUA para a Olimpíada de Tóquio - Patrick Smith/Getty Images
Gabby Thomas comemora após vencer os 200m na seletiva dos EUA para a Olimpíada de Tóquio Imagem: Patrick Smith/Getty Images

07/07/2021 04h00

A pandemia mudou muita coisa no mundo e com as Olimpíadas não foi diferente. Uma das novidades, é que as delegações que vão a Tóquio foram reforçadas com um profissional pouco usual em eventos assim: infectologistas. O Time Brasil, por exemplo, terá duas especialistas nessa área médica na missão.

No time americano, uma infectologista chama atenção. Gabby Thomas é formada em neurobiologia com graduação secundária em saúde global e políticas de saúde pela Universidade Harvard, uma das mais conceituadas do mundo. Agora, ela faz mestrado em epidemiologia na Universidade do Texas, em Austin.

Gabby, porém, vai a Tóquio na função de atleta. Mais do que isso: como a segunda mulher mais rápida de todos os tempos nos 200m, atrás apenas da por enquanto imbatível Florence Griffith-Joyner, cujo recorde mundial segue intacto desde 1988. "Eu nunca pensei que seria uma atleta entre entre Flo-Jo e Marion Jones. Achava que era algo fisicamente possível", reconheceu, depois de correr a distância em 21s61.

Favorita à medalha de ouro nos 200m em Tóquio, Gabby tem planos que vão muito além do esporte, como contou em entrevista recente à CBS. "Dá para ver a necessidade de diversidade racial e étnica na saúde pública porque essas populações desfavorecidas foram sendo negligenciadas por muito tempo. Senti que epidemiologia é um campo que pode usar muito mais pessoas que se parecem comigo", disse a corredora, que é negra.

Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a proporção de pessoas negras que morreram de covid supera a de pessoas brancas. "O que estamos vendo com covid não foi nada que me surpreendeu. Apenas solidificou que eu queria fazer o que estava fazendo. É hora de fazer uma mudança e acho que todos concordam. Então, estou feliz por fazer parte disso".

Apesar de ter estudado em uma universidade da Ivy League, como é chamado o grupo das faculdades da elite acadêmica americana, Gabby teve uma carreira sólida no atletismo universitário, tendo vencido os 200m na NCAA em 2018, em seu penúltimo ano de elegibilidade. Em Harvard, praticamente todos os recordes de velocidade, e até o de salto em distância, são dela.

Pouco antes da seletiva americana, conforme noticiou a revista Harvard Magazine, porém, Gabby descobriu um tumor no fígado. Ela viveu dias de tensão até que os exames constataram que se tratava de um tumor benigno.