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Olhar Olímpico

OPINIÃO

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Medina e Douglas acendem chama olímpica do brasileiro

Douglas Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei - Reprodução/Instagram
Douglas Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei Imagem: Reprodução/Instagram

20/07/2021 13h40

Como fã de esporte olímpico — o que o leitor deve ter presumido por eu ter uma coluna sobre isso —, eu preferia que, a três dias do início oficial dos Jogos de Tóquio, as conversas fossem sobre a nova dupla de Isaquias Queiroz ou da recuperação de Mayra Aguiar. Mas esses assuntos estão restritos, ao menos por enquanto, a uma bolha.

Para furá-la, é preciso mais, é preciso chegar ao mundo das celebridades, e a boa notícia, mesmo para um purista como eu, é que a tal bolha já foi furada. Faltando três dias para a cerimônia de abertura, o muro que separa a Olimpíada do público geral já caiu no Brasil. A chama olímpica foi acesa.

E muito graças a dois personagens, absolutamente distintos. O primeiro, Gabriel Medina. Todas as queixas públicas dele e de Yasmin Brunet ao fato de o COB (Comitê Olímpico do Brasil) não ter aceitado credenciar a modelo fizeram com que, pelos motivos mais tortos possíveis, um número relevante de brasileiros falasse de Olimpíada. E defendesse o "movimento olímpico".

Mesmo quem passa longe do noticiário de esporte sabe que existe uma discussão envolvendo Yasmin Brunet/Gabriel Medina/COB. Logo, sabe que vai ter surfe na Olimpíada, que a competição será no Japão e que está para começar.

E aí entra Douglas Souza, campeão olímpico de vôlei, que viralizou com seus vídeos como sempre engraçados e debochados, que por esses dias têm o atrativo de serem gravados dentro da bolha olímpica. Hoje mais cedo (estou escrevendo esse texto considerando hoje como o dia 20 do Japão), quando olhei o Instagram de Douglas, ele tinha 250 mil seguidores. Agora tem 396 mil. E o dia está só na metade no Brasil. Quando ele acordar amanhã aqui em Tóquio, talvez tenha passado de meio milhão. Edit: enquanto eu revisava o texto, chegou a 400 mil.

Ao compartilharem vídeos de Douglas, celebridades, subcelebridades e meros desconhecidos criam mais um ponto de contato com a Olimpíada. Incentivam outras pessoas a buscarem informações sobre o vôlei, sobre a seleção de vôlei, sobre Douglas, sobre a Vila Olímpica, sobre os protocolos de covid, sobre as chances de medalha do Brasil... e tudo isso vai gerando um interesse que faz muito bem à competição, ao COB, aos atletas que não são tão famosos quanto Douglas, mas são talentosos e merecedores da nossa admiração tanto o quanto.

Quando a Olimpíada começar, daqui a três dias, provavelmente a maior parte da população continuará sem saber que Isaquias tem um novo parceiro ou que Mayra Aguiar está voltando de lesão. Mas, conectados à Olimpíada graças a histórias como as de Medina e de Douglas, eles talvez liguem a TV (ou acessem o UOL) para acompanhar os resultados de Isaquias e Mayra, acabem torcendo e se envolvendo ainda mais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL