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Olhar Olímpico

Yasmin acusa o COB de 'patriotismo seletivo' por não levá-la a Tóquio

Yasmin Brunet e Gabriel Medina - Reprodução/Instagram
Yasmin Brunet e Gabriel Medina Imagem: Reprodução/Instagram

07/07/2021 16h09

A modelo Yasmin Brunet, esposa do surfista Gabriel Medina, postou uma série de vídeos no Instagram criticando o Comitê Olímpico do Brasil (COB) por não credenciá-la como "oficial técnico" nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O tema é dado como página virada pelo COB, mas segue incomodando o casal, que hoje (7) se pronunciou primeiro por meio de Yasmin e, depois, pelo surfista, que também usou o Instagram.

"No momento que ele subir no pódio, vai estar todo mundo ali atrás dele, mas quando ele está pedindo ajuda estão fazendo descaso. Esse tipo de patriotismo seletivo não faz sentido para mim", reclamou a modelo. "Ela faz parte do meu estafe. Ela que viaja, me ajuda, tem me acompanhado, e tem sido assim minha vida. E a única coisa que eu quero continuar é fazendo o que eu estou fazendo, viajando com meu time, quem está me ajudando de verdade, mas o COB não deixou", disse, depois, Medina.

Cada modalidade recebe do COB um número determinado de credenciais de oficiais técnicos para os Jogos Olímpicos e distribui a partir de critérios da confederação. A maioria delas têm técnicos que atendem toda a equipe, mas no caso do surfe a CBSurfe optou por deixar que cada atleta escolhesse o profissional que o acompanharia. Inicialmente, antes da pandemia, eram duas vagas, mas esse número foi cortado depois que a Olimpíada "encolheu" como medida de segurança.

Medina inicialmente indicou seu padrasto, Charles Medina, que era seu técnico, e com quem ele rompeu profissional e pessoalmente. Depois, pediu que o australiano Andy King, treinador que ele contratou no início do ano, fosse inscrito. Em um terceiro momento, quis incluir Yasmin. Ao saber que as credenciais haviam sido reduzidas de duas para um, solicitou que então King saísse e Yasmin entrasse.

Mas o COB não aceitou, com o entendimento que Yasmin não cumpre função técnica. Além disso, havia sido feito um acordo, em maio, com Medina, que ele seria acompanhado do treinador australiano. Hoje, Medina disse que chegou a ligar para o presidente do COB, Paulo Wanderley. "Não queria nem estar perdendo tempo com isso, mas infelizmente o COB não pode me ajudar. Liguei para o presidente, para as pessoas lá. Ninguém conseguiu me ajudar", contou o surfista.

O casal bate na tecla que Ítalo Ferreira vai acompanhado de um amigo (que trabalha para ele como videomaker há muitos anos e tem amplo conhecimento de surfe e de análise de ondas) e que Weston-Webb viajará ao lado do marido (o técnico dela vai para a Olimpíada pelos Estados Unidos e ela então escolheu o marido, Jessé Mendes, que é surfista profissional e único brasileiro a vencer uma etapa na praia onde vai acontecer a competição).

Yasmin entende que ela também teria direito de ser inscrita. "Tem um levando o amigo, outra levando o marido. Só o atleta sabe o que vai precisar nesse momento. Só o atleta sabe quem vai ajudar. Isso devia ser respeitado", apontou.

A modelo citou ainda como argumento o fato de Medina estar vivendo momentos conturbados com a família. "Ele está passando por momentos complicados na vida pessoal dele. O surfe é esporte individual e quem compete sabe da importância do psicológico. Sou uma das únicas pessoas que sabe o que está acontecendo, que apoia. Quando ele está chorando estou ao lado dele. Isso está surtindo efeito, ele está no melhor momento da vida dele. Não tem como compreender por que um pedido para ser tratado como os outros está sendo negado", afirmou.

O COB tem tratado o assunto como página virada. Existe uma lista larga enviada há algum tempo para o Comitê Organizador e quem não estava nessa lista não pode entrar no Japão. É o caso de Yasmin. Assim, nem se o COB quisesse seria possível inscrevê-la. O comitê optou por não bater boca publicamente com Medina.

Abaixo, a última nota do COB sobre o assunto:

De acordo com o regulamento dos Jogos Olímpicos, somente um profissional que esteja credenciado na lista larga pode substituir outro. Além disso, há uma limitação de credenciais para as delegações, e a política do COB é de que os oficiais tenham funções estritamente técnicas. Em virtude desta limitação, cada atleta do surfe terá acompanhamento de um profissional da área técnica com experiência comprovada.

A limitação de credenciais para oficiais segue as diretrizes do comitê organizador, que ficaram ainda mais restritivas com intuito de proteger a saúde dos atletas por conta da pandemia. Necessariamente, o credenciado tem que ser um profissional que tenha ligação com a modalidade, e o COB seguiu expressamente este critério para a aprovação de qualquer credencial

No ano passado, o COB informou aos atletas de todas as modalidades sobre a existência do programa "Familiares e Amigos", pelo qual o comitê daria todo o suporte para que os competidores pudessem receber as pessoas mais próximas na cidade sede dos Jogos, de forma a ter por perto todos aqueles que os ajudam no dia-a-dia, inclusive com ingressos para as competições e espaço específico do Time Brasil para encontros.

Infelizmente, em decorrência da pandemia, o COB teve que cancelar este programa. O Japão impôs diversas restrições a todos os países participantes, impedindo inclusive a entrada de familiares, amigos, fãs e turistas no país durante o período dos Jogos, que também devem ocorrer sem público.

Em maio, COB e Gabriel Medina acordaram que o treinador Andy King seria oficial credenciado para atuar como treinador do atleta nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O COB não faz distinção entre os atletas.