Corredora que fumou maconha antes de seletiva fica fora das Olimpíadas

Apesar do apelo de diversos atletas, a federação de atletismo dos Estados Unidos, a USA Track & Field, anunciou hoje (6) a sua convocação para os Jogos Olímpicos de Tóquio e deixou de fora a velocista Sha'Carri Richardson, que venceu a seletiva norte-americana nos 100m rasos. Na sexta (4) ela foi suspensa pela agência antidoping dos Estados Unidos, mas a suspensão de um mês termina a tempo de ela participar das Olimpíadas.

O caso vem gerando grande repercussão. Richardson virou a grande figura da seletiva americana ao vencer os 100m rasos e sair correndo para a arquibancada para abraçar a avó. A imprensa noticiou que a corredora havia perdido a mãe biológica uma semana antes da competição. A imagem dela rodou o mundo, como exemplo de uma mulher aguerrida e poderosa.

Mas na sexta veio a notícia de que ela havia aceitado uma suspensão por doping, depois de testar positivo para o principal psicoativo da maconha no mesmo dia da final dos 100m na seletiva. Ela comprovou que não consumiu a substância no âmbito da competição e aceitou participar de um curso, e por isso recebeu uma suspensão branda, de um mês, mínima prevista no código antidoping.

Em entrevista, Richardson admitiu que fumou maconha e justificou que sentiu necessidade depois de saber, naquele dia, que a mãe havia morrido. O consumo da droga é permitido no Oregon, estado onde ocorreu a competição. O problema é que o código antidoping, já bastante flexível para a maconha, classifica como uma infração um nível relativamente alto de THC na urina, que só é atingido quando o consumo acontece horas antes do exame. Foi exatamente o caso.

Ao infringir o código, a corredora perdeu os resultados conquistados naquele dia: a vaga na final e, depois, a vitória na seletiva americana nos 100m. Ela até tem índice na prova, feito em outras ocasiões, mas os EUA têm como regra convocar a partir dos resultados de sua tradicional seletiva, no qual ela foi desclassificada.

Existia a expectativa, porém, que a USAFT convocasse Richardson pelo menos para correr o revezamento 4x100m, já que, nessa prova, as vagas de reservas podem ser atribuídas por critérios técnicos. E a corredora, afinal, é a mais rápida do país. Mas a comissão técnica optou por convocar English Gardner e Aleia Hobbs, que ficaram em quinto e sexto na seletiva, respectivamente. As quatro primeiras entraram nas vagas individuais dos 100m e dos 200m.