Podcast feito por são-paulinas: 'Portas se fecham quando não há homem'

O podcast Resenha São-Paulina entrou em sua terceira temporada no mês passado. O programa é feito por uma equipe de mulheres e Jéssica Nogueira, apresentadora, não esconde que já sofreu com o machismo do meio futebolístico.

Portas se fecham. "As portas costumam se fechar quando descobrem que não há nenhum homem envolvido no projeto. Parece que a mentalidade por trás disso é que uma voz feminina deve ser complementada por uma masculina, mas não é assim que pensamos. Queremos estar perto de pessoas e projetos que entendam que não precisamos de homens para nada e que o lugar da mulher é onde ela quiser".

'Achei que tinha um homem por trás'. "Em determinada ocasião, uma marca solicitou falar com o responsável pelo projeto. Foi explicado que a pessoa com quem estavam conversando era a responsável pelo projeto, e a reação inicial foi de surpresa: 'Então toda a estrutura é feita por vocês, a ideia do projeto foi de vocês, não tem mais ninguém envolvido?' Foi esclarecido que era apenas a equipe feminina conduzindo o projeto. Após mais conversas, veio um comentário como "legal demais, achei que tinha algum homem por trás", embora de forma mais leve. No entanto, mesmo após essa conversa, não houve um retorno oficial da proposta".

Invalidação de informações. "O machismo que é habitual e está presente em todas as esferas da sociedade é algo que incomoda todas nós, mas o que mais nos incomoda, sem dúvida, é a invalidação de informações; as pessoas só levam a sério quando homens falam. Recentemente, uma das apresentadoras compartilhou uma informação sobre o São Paulo com um grupo de amigos e não recebeu nenhum comentário. Mais tarde, um homem na mesma roda de conversa trouxe a mesma informação e ela se tornou o foco da discussão, com ele sendo muito referenciado. Esse tipo de situação, especialmente vindo de pessoas próximas, é o que realmente dói".

O projeto surgiu em 2020, em meio à pandemia, por uma necessidade das apresentadoras de falar mais sobre o São Paulo diante da quebra da rotina de estádio. "Queríamos nos conectar com o torcedor de alguma maneira", explica Jéssica.

No início, a gravação e edição eram feitas pelas próprias apresentadoras em um aplicativo de celular. O conteúdo era compartilhado em plataformas de áudio.

Jéssica Nogueira e Raiane Vieira estão desde o começo do projeto. Na segunda temporada, a equipe ganhou o reforço de Karoline Rodrigues. Agora, na terceira, Thayná Moura completa a mesa.

A escolha sempre foi do projeto ser exclusivamente feminino. "Recebemos homens como convidados, o que é interessante, pois conseguimos dialogar com todos os públicos e vozes, mas o ideal do projeto é ter mulheres liderando a conversa".

Conheça as quatro apresentadoras do Resenha São-Paulina:

Jéssica Nogueira, 32 anos, graduada em Comunicação. "Minha relação com o São Paulo começou na infância; não consigo me lembrar da minha vida antes de torcer pelo Tricolor. Meu pai é um santista fanático, e tenho certeza de que a paixão pelo futebol veio dele. Entretanto, meus irmãos, primos, são são-paulinos, então acredito que também houve uma influência deles. Além disso, o efeito Rogério Ceni foi significativo, ele era um deus no gol e sempre o admirei muito".

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Karoline Rodrigues, 30 anos, executiva de vendas. "Tenho como lema viver uma vida de amor ao São Paulo FC. Filha de pais são-paulinos, frequentadores assíduos de torcida e arquibancada, fui influenciada a torcer e amar o SPFC desde que nasci, ou até mesmo antes disso. Quando minha mãe começou a ter contrações indicando meu nascimento, meus pais estavam assistindo a um jogo do São Paulo e decidiram ir ao hospital somente após o término da partida. Não me lembro de uma vida sem o São Paulo e sou apaixonada pelo time desde sempre."

Thay: Thayná Moura, 22 anos, formada em Marketing e estudante de Jornalismo. "O São Paulo surgiu em minha vida desde muito jovem, através da minha mãe, que é são-paulina e era uma grande fã do jogador Raí. O São Paulo se tornou ainda mais presente com a chegada do meu padrasto, que é fanático pelo clube, contando-me grandes histórias do São Paulo e me encantando desde pequena. Fui a primeira da família a frequentar estádios e sou apaixonada pelo Tricolor, vivendo em prol do meu clube do coração."

Rai: Raiane Vieira, 24 anos, assistente administrativa durante o horário comercial e jornalista por formação. Nasceu em uma família de palmeirenses fanáticos, com pais que não eram torcedores assíduos de nenhum clube. Seu pai era gremista e até tentou influenciá-la para o lado dele, mas o coração de Raiane sempre foi tricolor paulista. Seu pai conta que, desde criança, ela dizia incansavelmente que era são-paulina e gritava assistindo aos jogos do Tricolor. Foi ao estádio pela primeira vez aos 15 anos e, depois disso, não parou mais. Influencia todos os seus familiares mais novos a serem torcedores do clube e carrega consigo um amor inexplicável pelo time de coração.

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