O relato de Evellyn Brisola Perusso, de 25 anos, surge após ser absolvida da acusação de fraude processual no assassinato de Daniel Corrêa Freitas, morto em São José dos Pinhais (PR) há 5 anos.
O jogador foi encontrado parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, na época com 24 anos. A jovem contou ao UOL que se arrepende de não ter saído da casa para pedir ajuda, e que depois de todos esses anos sendo chamada injustamente de assassina, pretende recomeçar a vida ao lado dos filhos e da família.
A manicure disse a reportagem que a vida dela mudou completamente do dia do crime até a absolvição, na última semana.
"As pessoas me reconheciam nas ruas, me xingavam e diziam que eu era uma assassina. Cúmplice de um assassinato. Recebi muitas ameaças, diziam que eu carregava sangue nas mãos. A partir de agora pretendo trabalhar, focar nos meus cursos, cuidar dos meus filhos e da minha família", disse.
Arrependimento
Evellyn disse lamentar não ter tentado fugir da casa em busca de ajuda, e que se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. "Se eu pudesse mudar algo, na noite do crime, eu teria saído de lá. Teria dado um jeito de chamar a polícia e o Samu. Eu era muito amiga da família, fiquei com medo de sair da casa e a polícia descobrir tudo. Fiquei com medo do Júnior achar que fui eu que o denunciei. Temi pela minha vida".
Ao ser questionada sobre a relação de amizade dela com a família após o crime, a jovem disse ter cortado relações com todos. "Hoje em dia eu não tenho mais contato com a família. Depois do crime, nunca mais conversamos. Não tivemos nenhum tipo de contato nesses anos", contou.
Confira outros trechos da entrevista:
Relação com Daniel
"Eu não conhecia o Daniel. Naquela noite, no aniversário da Allana, foi a primeira vez que o vi. Nos beijamos dentro da balada".
Noite do crime
"Eu era muito nova, tinha 19 anos, ninguém espera que um dia vai passar por tudo o que passei. Até hoje as pessoas não conseguem entender a questão do medo. Como o medo pode paralisar a gente. O medo trava, bloqueia a gente. Aquela noite reconheço que não consegui fazer nada por causa do medo".
Condenações
Após três dias de julgamento, Edison foi condenado em júri popular a 42 anos, cinco meses e 25 dias de prisão, em regime fechado, pela morte de Daniel pelo crime de homicídio qualificado, por motivo torpe, uso de meio cruel e impedindo a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver, corrupção de menores e coação no curso do processo. Edison Brittes está preso há cinco anos e quatro meses. Cabe recurso da sentença.
Outros réus
Cristiana Rodrigues Brittes foi absolvida das acusações de homicídio qualificado e coação no curso do processo. Mesmo assim, ela foi condenada a seis meses de detenção e mais um ano de prisão, em regime aberto, pelos crimes de fraude processual e corrupção de menores.
Allana Emilly Brittes, filha do empresário, foi condenada a seis anos, cinco meses e seis dias de reclusão e mais nove meses e 10 dias de detenção pelos crimes de fraude processual, corrupção de menores e coação no curso do processo. Ontem (22), ela recebeu o benefício de um habeas corpus para responder em liberdade.
Os réus David Willian Vollero Silva, Ygor King e Eduardo Henrique Ribeiro da Silva foram absolvidos das acusações de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.
Crime
Daniel foi encontrado morto em São José dos Pinhais, no Paraná, no dia 27 de outubro de 2018. Ele jogava pelo São Bento (SP) na época do crime.
O jogador estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado. A informação foi divulgada pela polícia.
O crime aconteceu durante a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana, filha de Edison e Cristiana Brittes. Eles foram em uma casa noturna na noite do dia 26 de outubro e, depois, já no dia 27, foram para a residência da família.
Edison alegou à polícia que Daniel tentou estuprar Cristiana. Antes de ser assassinado, o jogador compartilhou uma foto deitado ao lado de Cristiana pelas redes sociais com amigos.
Em seu depoimento à polícia, Edison disse que matou Daniel "sob forte emoção". No inquérito do caso, a Polícia Civil concluiu que não houve tentativa de estupro por parte do jogador.
Podcast "Caso Daniel"
A história do assassinato do ex-jogador do São Paulo Daniel Corrêa foi contada pelos repórteres Adriano Wilkson e Karla Torralba na segunda temporada do podcast "UOL Esporte Histórias". Você pode ouvir a temporada "Caso Daniel" no UOL (links abaixo), no Spotify, na Apple Podcasts e no Youtube. Confira abaixo os episódios e assista a um resumo do conteúdo do podcast:
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