Brasil vira bicho-papão, e até time sem divisão tira jogador de vizinhos

O Brasil virou o bicho-papão no mercado da bola sul-americano, e até clubes sem divisão nacional no momento tiram jogadores de times dos países vizinhos.

Um exemplo é a Portuguesa, que está sem calendário no Brasileiro para 2024 e anunciou a contratação do zagueiro Yeferson Quintana, do Defensor, do Uruguai.

Outro caso é o do meia venezuelano Esli Garcia, de 23 anos. Ele acertou com o Paysandu, que vai jogar a Série B do Brasileiro, e deixou para trás o Deportivo Táchira, campeão venezuelano e que tem vaga na fase de grupos da Libertadores.

"A diferença financeira dos clubes brasileiros para os demais do continente é gritante. Precisamos estar atentos aos movimentos pelo qual o futebol brasileiro passa, que ajudam a explicar essa força financeira e as contratações. O primeiro aspecto é o aumento de receitas com bilheteria e publicidade. O torcedor voltou aos estádios, e a chegada dos sites de apostas turbinaram as receitas dos clubes", disse Cesar Grafietti, economista e sócio da consultoria Convocados.

"Outro item que muda o ponteiro dessa balança é a venda dos 20% dos direitos de transmissão que os clube do Forte Futebol fizeram. Hipotecaram o futuro em troca de dinheiro hoje. E, também neste caso, ninguém pagará dívidas, mas farão contratações. Em 2024, veremos uma forte entrada de dinheiro no caixa dos clubes, e à medida em que o mercado local mostra-se com atletas de valor elevado e qualidade nem sempre animadora, os clubes passaram a olhar com mais atenção os países vizinhos", completou.

Com a fragilidade financeira do principal concorrente, a Argentina, o Brasil torna-se destino para aqueles bons jogadores que não despertaram interesse de clubes europeus, mexicanos e americanos Cesar Grafietti

O Ceará tem encaminhada a contratação do meia Jorge Recalde, do Newell's Old Boys, da Argentina, enquanto o Atlético-GO negocia com o atacante Abel Hernandez, que está no Peñarol, do Uruguai.

O Vitória, que conquistou o acesso à Série A, busca um acerto com o atacante Erick Castillo, que defendeu o Aucas, do Equador, e fez gol no Flamengo na Libertadores.

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"O futebol brasileiro, já há muito tempo, tem um poderia econômico em relação ao mercado latino-americano em geral. Tanto que o Flamengo vai no River ou Boca, clubes grandes da Argentina, e compra por um valor alto. Por que? Porque o dólar, aqui, tem um peso, e os clubes vendem muito em dólar. Então, ingressa dólar e e as moedas desses países valem pouco em relação ao dólar", ressalta Amir Somoggi, especialistas brasileiros em marketing e gestão esportiva.

"Além de ser o maior mercado do futebol, há uma diferença cambial que faz os clubes brasileiros, mesmo os menores, estarem em uma situação melhor. Claro que há clubes inflados, que estão tentando contratar para equilibrar com uma melhor posição na tabela e, aí, lucrar, mas já vimos que, muitas vezes, isso não acontece"

Somoggi lembra que já houve cenário parecido na Europa, quando mesmo os clubes medianos da Inglaterra conseguiram tirar jogadores de clubes de ponta de outras ligas:

"Na Premier League, por muito tempo, clubes médios ganhavam jogadores de clubes de ponta de ligas da França, Espanha e até Alemanha, porque o dinheiro da TV é tão maior que não conseguiam competir".

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