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O que faz Muricy no São Paulo? 'Trabalho mais que antes, mas não apareço'

Do UOL, em Santos (SP)

22/03/2023 04h00

A crise no São Paulo levantou um questionamento: o que faz o coordenador Muricy Ramalho? Ele afirma que trabalha mais do que quando era treinador.

O que aconteceu

  • O UOL ouviu de parte dos jogadores e funcionários que Muricy tem feito pouco no dia a dia do São Paulo. O coordenador nega veementemente qualquer mudança na sua rotina no clube e reforça a sua importância para a instituição.
  • Muricy e membros da direção do Tricolor entendem que essa suspeita tem a ver com o momento ruim do time e com o jeito discreto do coordenador, que pouco aparece na imprensa.
  • A crise do técnico Rogério Ceni com o elenco causada pela eliminação para o Água Santa e a discussão com Marcos Paulo respingou em Muricy. Parte dos jogadores entendeu que o coordenador tinha que ter feito alguma intervenção contra o treinador.
  • Muricy argumenta que já foi técnico e não pode cruzar nenhuma linha para não atrapalhar Ceni. Na confusão com Marcos Paulo, Muricy agiu com discrição. Não participou da reunião com diretoria e nem com o elenco, mas conversou individualmente com o atacante e com alguns líderes para tentar ajudar a acalmar os ânimos.

Queria eu não fazer nada... Se eu quisesse fazer nada, poderia me aposentar e ficar na praia em Riviera. Ter uma rotina mais tranquila como comentarista no SporTV entrando ao vivo da minha varanda. Recebi muitos convites, o Tite foi até a minha casa me chamar para trabalhar com eles na Copa do Mundo, tive outras propostas, mas fiquei no São Paulo porque o São Paulo é a minha vida, é a minha paixão. Por causa da saúde não sou mais técnico, mas ainda tenho essa paixão e sei que posso ajudar. Eu trabalho muito, só que eu não apareço, né? Aí pode parecer que não sou importante. Trabalho mais que quando era técnico e não tenho férias, porque quando jogadores tiram férias, dirigente trabalha mais".
Muricy Ramalho, em entrevista ao UOL.

Afinal, o que Muricy faz?

  • Ele é o responsável pela busca de técnicos. Por Hernán Crespo, por exemplo, ele fez 10 reuniões por vídeo. Com Rogério Ceni, não houve muita dúvida e entrevista não foi necessária.
  • Muricy também tem participação na busca por reforços. Ele fala diariamente com comissão técnica e analistas para discutir opções no mercado.
  • O coordenador tem a função de integrar base e profissional e auxiliar no dia a dia de treinamentos. É uma espécie de elo entre elenco, comissão e direção e vai com frequência para o CT dos garotos em Cotia.
  • O ex-treinador também mantém contato frequente com departamento médico e psicologia para discutir melhorias e necessidade de mais profissionais ou equipamentos.
  • Tecnicamente e taticamente, porém, Muricy procura ficar distante. Ele não se envolve em programação de treinos, escalações ou substituições. Não gostava quando dirigentes faziam isso com ele enquanto técnico.
  • Muricy vai para os jogos do São Paulo no Morumbi, mas não viaja para partidas fora de São Paulo. Em compensação, vai aos treinos no CT da Barra Funda com os atletas não relacionados. Seu expediente costuma ser das 8h às 18h.

A relação com Rogério Ceni

  • O UOL apurou que o convívio de Muricy Ramalho com Rogério Ceni já foi melhor. Eles não se tratam mal, mas têm poucas trocas mais profundas.
  • Muricy admite que a relação com Ceni é mais fria que quando ele era seu jogador e entende que isso é natural.
  • Os dois perderam o contato frequente quando Ceni se aposentou e agora mantém uma certa distância para que a experiência de Muricy não prejudique as decisões do treinador.
  • O presidente Julio Casares afirma que não pretende mexer na comissão e não pensa em perder Muricy. Ter os dois ídolos no clube é tido como fundamental pelo mandatário, até para não perder em termos de popularidade.
  • O departamento de futebol ainda conta com o diretor estatutário Carlos Belmonte e o diretor técnico Rui Costa. Ambos também têm estado discretos, mas defendem Ceni.

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