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Palmeirenses destroem ônibus da Gaviões e deixam feridos em São Paulo

Adriano Wilkson, Gustavo Setti e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

10/02/2023 13h51Atualizada em 10/02/2023 14h06

Torcedores do Palmeiras atacaram e destruíram um ônibus que transportava membros da Gaviões da Fiel após o jogo do Corinthians ontem pelo Campeonato Paulista.

Em imagens que circulam nas redes sociais, os palmeirenses aparecem quebrando o veículo com barras de ferro e pedaços de pau e comemorando o ataque sobre os rivais, que fogem, em menor número.

Os palmeirenses filmaram homens ensanguentados, caídos no chão. Um dos agressores grita o nome da Mancha Verde ao celebrar o ataque, na Zona Leste de São Paulo.

De acordo com a Polícia Civil, dois torcedores ficaram feridos e foram encaminhados a hospitais da cidade. Mas segundo as organizadas do Corinthians, o número de feridos é ainda maior, embora elas não tenham precisado quantos. Não há registro de mortos.

Um dos agredidos é um antigo vice-presidente da Gaviões, que teve ossos da face e das pernas quebrados e está internado.

Um torcedor da Camisa 12, a segunda maior torcida do Corinthians, afirmou que o ataque deixou ferida uma integrante mulher da organizada, que precisou ser hospitalizada.

Como foi o ataque?

A torcida do Corinthians voltava de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, onde o time jogou pelo Paulista, quando foi surpreendida pelos rivais. A Gaviões estava com três ônibus fretados pra partida, mas uma parte dos membros tinha se separado do grupo principal para ir ao sambódromo do Anhembi levar faixas e bandeiras para o Carnaval. A escola de samba da Gaviões desfilará semana que vem.

O Palmeiras também jogou ontem, no Allianz Parque, a 27 km do estádio de São Bernardo. Segundo os corintianos, o ataque foi uma emboscada para a qual eles não tinham se preparado.

Quando viram os palmeirenses com paus e barras de ferro correndo em direção aos ônibus, a maioria dos corintianos desceu e conseguiu fugir. Uma parte deles ficou para enfrentar os rivais, mas acabou apanhando. Fogos de artifício foram disparados no meio da briga.

Depois do ataque, os palmeirenses gravaram vídeos mostrando os rivais feridos e comemorando a "vitória". Já os corintianos os acusam de covardia e afirmam que nos ônibus atacados havia mulheres e torcedores "comuns".

O que está por trás dessa briga?

Diferentemente de outros confrontos, a briga de ontem não foi anunciada nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp. Além da violência tradicional entre as principais organizadas de São Paulo, episódios recentes e mais antigos podem ajudar a explicar o ataque surpresa.

Em prints aos quais o UOL teve acesso, palmeirenses celebram a vitória no confronto como uma vingança das duas mortes na histórica briga da Avenida Inajar de Souza, em 2012, quando a Gaviões emboscou a Mancha. Esse episódio até hoje é apontado como uma causa da violência nas torcidas paulistas, que só aumentou desde então.

Os palmeirenses também fizeram menção a uma briga do ano passado com a Máfia Azul, do Cruzeiro, na qual seu presidente, Jorge Luís, apanhou e foi humilhado pelos cruzeirenses na estrada. Os corintianos zombaram do episódio, o que levou a Mancha a querer impor respeito.

O que se pode esperar agora?

A briga deve acirrar ainda mais os ânimos e aumentar o desejo de vingança entre os corintianos, em um momento em que as duas torcidas terão oportunidade de se encontrar no futebol e no Carnaval.

No domingo, o time feminino do Corinthians jogará em Itaquera de manhã pela Supercopa do Brasil, na mesma hora em que o Palmeiras masculino estará em Diadema no Paulista. Os dois estádios se separam por 40 km. Na quinta-feira que vem as duas equipes se enfrentam no masculino em Itaquera.

Mancha Verde e Gaviões da Fiel também desfilam no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, em dias diferentes. Elas podem se encontrar também na apuração.

As organizadas de São Paulo vinham tendo conversas com a polícia e com o Ministério Público para tentar pacificar a convivência entre elas no estado. No ano passado, ganharam o direito de levar bandeiras com mastro aos estádios e já havia negociação para o retorno das torcidas mistas em clássicos, o que não acontece desde 2016.

Com essa briga, esse objetivo deve ficar mais distante. Consultado, o Ministério Público afirma que aguardo um relatório policial sobre o caso para tomar providências. A Polícia Civil investiga a briga na 16ª DP.

O que dizem as torcidas?

Procurada para comentar o episódio, a Gaviões da Fiel afirmou via assessoria de imprensa que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e não deu mais detalhes. A assessoria de imprensa da Mancha Verde não foi localizada, e o telefone de contato que consta em seu site oficial não deu retorno até a publicação desta reportagem.