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OPINIÃO

Casão: Endrick pode ser o melhor brasileiro pós Pelé, mas tem uma estrada

27/10/2022 20h41

Endrick marcou os primeiros gols como profissional pelo Palmeiras na virada sobre o Athletico-PR, na Arena da Baixada, resultado que deixou o clube paulista mais perto do título nacional. Para Walter Casagrande Jr, o jogador de apenas 16 anos tem potencial para se destacar como Neymar e até para se tornar o melhor brasileiro desde Pelé.

No Dois Toques, ao lado de Milly Lacombe, Casagrande elogia o jogador e também a cautela que o técnico Abel Ferreira está tendo com ele, ressaltando que ele tem um potencial para se tornar um fenômeno no futebol, mas tem apenas 16 anos e seus maiores feitos são nas categorias de base, ainda que tenha pulado etapas.

"Vendo o Endrick jogar, eu já vou ser mais ousado, pode estar surgindo não um novo Pelé, mas talvez o melhor jogador depois do Pelé, brasileiro, quem sabe? Tudo pode ser, ele pode ser um novo Neymar, ele pode ser um novo Pelé. Sem comparações com o Pelé, não estou dizendo que ele vai ser igual ao Pelé, eu estou falando que ele pode ser aquele garoto que vai mais brilhar nos olhos dos torcedores depois do Pelé. Pode ser, pode ser mesmo, porque você vê ele fazendo coisas absurdas", afirma.

"Mas ele ainda é um garoto de 16 anos, que ainda precisa se firmar como titular do Palmeiras. Primeiro ele precisa se firmar como uma opção de verdade para o Abel Ferreira. O Abel está fazendo o trabalho corretíssimo, perfeito. Está tendo paciência, não está em uma necessidade de colocar o garoto para jogar desde o início, pode colocar o garoto aos poucos. Já fez dois gols agora, ele vai ficar mais confiante, mais solto e eu acredito que no Campeonato Paulista do ano que vem ele possa jogar muitas partidas como titular, mas ele tem uma estrada a seguir, não dá para pular a estrada".

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Milly Lacombe: A gente se conforma com muita facilidade de o Endrick sair

Antes de estrear entre os profissionais do Palmeiras, Endrick já tinha seu nome apontado no radar de grandes clubes do futebol europeu, o que seguiu e tem feito com que ele seja acompanhado de perto nos momentos em que está em campo. Milly Lacombe lamenta que com tão pouco tempo atuando ele já conviva diariamente com especulações de quando deixará o futebol brasileiro.

"A gente se conforma com muita facilidade de esse moleque sair. Ele vai sair, já está todo mundo falando disso, quanto tempo ele vai ficar, aí a gente já está especulando para onde ele vai. Será que precisava ser assim? A gente é o país do futebol, um futebol tão forte, que a gente pode ser hexacampeão, a gente precisaria perder esses caras ou aceitar tão passivamente que essa seja a realidade, que eles vão embora e vão jogar lá fora? Será que não deveríamos ficar indignados com isso?", questiona.

Milly Lacombe: Machismo em pergunta a Vítor Pereira machuca e ofende

O técnico Vítor Pereira se irritou com uma pergunta na entrevista coletiva após a derrota do Corinthians para o Fluminense, pelo Brasileirão, quando ele foi questionado se quem manda em sua casa é ele ou a esposa, em relação à permanência ou não no futebol brasileiro. Milly Lacombe critica o machismo na pergunta e também chama a atenção para o fato de o repórter Marco Bello, da Transamérica, ter se desocupado apenas com o treinador.

"Essa pergunta, mesmo feita em tom de brincadeira, carrega tanto machismo, tem tantas camadas de machismo dentro dela. Ele pediu desculpas para o Vítor Pereira, ele não pediu desculpas para as mulheres, e são as mulheres que estão ofendidas. Machuca, ofende e é o mesmo tecido que no fim do dia mata, então é muito importante que a gente continue sendo chata, não tem outro jeito. Sabe por que a gente é chata? Porque a gente está morrendo, por isso que a gente é chata. E a gente acha de verdade, no fundo, que chato é o machismo".

Casagrande: Precisam entender que final única na América do Sul não funciona

A final da Libertadores entre Flamengo e Athletico-PR não tem a expectativa de arquibancadas cheias em Guayaquil, no Equador, onde a partida será realizada. Para Milly Lacombe e Casagrande, a decisão do título em jogo único e tão longe dos torcedores dos dois clubes é algo que não faz sentido no futebol sul-americano.

"Não deve estar cheio e eu acho isso um anticlímax muito grande, esse jogo lá longe, fora de casa, imagina como estaria o Maracanã, ou como estaria a Arena da Baixada. Eu advogo muito a favor de dois jogos, a gente não é igual à Europa, a gente não tem que imitar o que a Uefa faz, nossas distâncias são enormes, fica mais caro, é muito anticlímax, nem está com uma pegada de final de Libertadores", diz Milly

"Os caras têm que entender, aqui na América do Sul não funciona esse papo de um jogo só em tal país, não tem trem, é distante, é difícil de chegar muitas vezes, tem escala, é cara a passagem, é caro o hotel, não é assim como os caras querem imitar a Europa, não é, esquece a Europa, não dá para fazer aquilo que eles fazem, aqui a cultura nossa da América do Sul sempre foi dois jogos", conclui Casagrande.

O Dois Toques vai ao ar toda semana, com a análise de esporte e política com Casagrande e Milly Lacombe

Quando: Toda quinta-feira, às 19h

Onde assistir: Ao vivo na home do UOL, no UOL no Youtube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: