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Amistoso? Tunisianos criam 'inferno' com laser, vaias e Neymar como alvo

Neymar faz careta na comemoração de um dos gols da seleção  - Lucas Figueiredo/CBF
Neymar faz careta na comemoração de um dos gols da seleção Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Thiago Arantes

Especial para o UOL, de Paris (FRA)

27/09/2022 17h27

Classificação e Jogos

Não parecia um amistoso. Não parecia um jogo de seleções. Nem uma partida na Europa. A festa da torcida da Tunísia no amistoso contra a seleção brasileira no Parque dos Príncipes criou um clima especial, com elementos cada vez menos comuns no futebol mundial.

Quarta maior comunidade imigrante na França — atrás de argelinos, marroquinos e portugueses —, os tunisianos fizeram do jogo sua final de Copa do Mundo. As bandeiras da Tunísia entraram na paisagem de Paris já nas primeiras horas do dia. As concentrações em diferentes pontos da capital francesa davam a ideia de que o estádio estaria pintado de vermelho. E assim foi.

Às bandeiras e camisetas da seleção, uniram-se sinalizadores, cânticos e vaias que surgiram já no aquecimento dos goleiros. O anúncio das escalações também foi seguido de vaias, especialmente a Neymar. Durante toda a semana, comentou-se que o jogador do PSG jogaria em casa. Na realidade, ele e o Brasil poucas vezes enfrentaram um ambiente de tanta hostilidade.

A empolgação dos tunisianos ultrapassou até os limites das regras do jogo. Desde os primeiros minutos do duelo, raios laser vindos das arquibancadas tinham como alvo os jogadores brasileiros. Neymar era o mais procurado, mas todos recebiam sua cota. A ponto de, aos 24 minutos, o árbitro Ruddy Buquet interromper o duelo, quando Tite se queixava sobre o tema.

Pelo sistema de som do estádio, a organização a partida chegou a pedir que os torcedores não usassem os dispositivos de raio laser em direção ao campo. Não adiantou. Neymar correu para fazer 3 a 1 e cobrança de pênalti com círculo verde no rosto. Antes, na comemoração do segundo gol, uma banana foi arremessada em direção a Richarlison. Para os tunisianos, o jogo que era uma festa, virou uma guerra.

A seleção brasileira entrou na pilha: Tite celebrava os gols como se estivesse em um jogo de Copa do Mundo, e Neymar — que já tinha um histórico de cartões e até uma expulsão com o árbitro Ruddy Buquet — chegou a revidar uma agressão do tunisiano Ghálene Chaaleli. Ainda no primeiro tempo, o camisa 10 ainda provocou a expulsão do zagueiro Dylan Bronn.

No segundo tempo, com um a menos e vendo sua seleção ser goleada, a torcida tunisiana voltou-se contra a arbitragem. Cada falta, marcada ou não, era motivo de revolta e mais gritos nas arquibancadas. Quando o sistema de som do estádio pediu novamente que os lasers não fossem direcionados para o campo, os torcedores irromperam em vaias mais uma vez.

Nos minutos finais, o clima de guerra deu lugar ao reconhecimento dos tunisianos à sua seleção. O apito final foi marcado por aplausos às duas equipes. Apesar da goleada, os torcedores celebravam o dia em que a Tunísia dominou um estádio em Paris, contra a seleção brasileira, em um amistoso que pareceu uma decisão de Copa Libertadores.